31 de julho de 2006

Novos combates

No passado dia 22 de Julho a JSD e a JS resolveram juntar esforços para lembrar aos jovens que a droga não tem saída. Nesta organização pouco comum, diga-se, os jovens demonstraram que, e ao contrário do que muita gente adulta pensa, são eles que estão no caminho certo, porque quando os problemas se revestem da importância que este flagelo representa para a sociedade, é preciso esquecer ideologias e juntar esforços, porque todos juntos ainda somos poucos para travar este hercúleo combate numa guerra que é verdadeiramente à escala planetária.

É comum falar-se da droga e dos seus problemas, das tragédias que causa nas famílias e na sociedade, mas pouco se fala das alternativas para os jovens, da ocupação saudável dos seus tempos livres. Foi isso que esta gente fez, partindo para uma abordagem do problema pela positiva, abdicando das lamentações useiras e vezeiras que, ao fim e ao cabo, nada adiantam nem atrasam nesta luta que tem de ser constante.

O consumo de droga é também uma realidade na Graciosa. Aliás este processo de crescimento do número de consumidores representa um perigo para todos, mas a repressão do consumo não será propriamente o melhor caminho para regredir.

Esclarecer muito bem os jovens e arranjar-lhes alternativas serão certamente as melhores armas para combater o consumo de estupefacientes porque serão estes que estarão sempre na linha da frente. E foi de facto isso que aconteceu nesta acção simples mas que teve o seu impacto, quer na comunicação social, quer na comunidade jovem.

Depois é preciso reprimir o tráfico, e é aqui que entram as autoridades, pois sempre que se regista consumo é certo que por perto existem os “abutres”, na busca de lucros fáceis e ignorando as consequências desses actos.

Recentemente tivemos notícias alarmantes sobre consumo e a venda de droga na Graciosa, que, dizia-se, estava a saldo e de fácil acesso, mas a verdade é que nunca tivemos notícias dos traficantes, que pelos vistos continuam a pulular por aí impunemente.

Será difícil interceptar esta gente? Parece-me que não… A generalidade dos Graciosenses sabe quem eles são. Se não têm outros meios perguntem-lhes e cumpram a sua missão!

24 de julho de 2006

Pelos Céus dos Açores

Não tenho qualquer dúvida que o transporte aéreo se reveste de primordial importância para uma região dispersa como a nossa.

Desde meados do século passado, mais precisamente a partir de 1947, que a SATA interpreta a vontade de ultrapassar a insularidade e o isolamento a que sempre estivemos sujeitos, através de um sistema de transporte regular que foi crescendo com passos seguros e que na década de 80 fechou o ciclo com a prestação de serviço em todas as ilhas dos Açores, após a inauguração dos aeródromos das ilhas Graciosa, S. Jorge, Pico e Corvo.

Esta empresa em 1977 atingiu o passageiro “um milhão” e apenas seis anos depois já registava dois milhões de passageiros transportados. Curiosamente o Sr. Padre Norberto Pacheco foi o passageiro que marcou essa efeméride.

São feitas mais de 11.500 ligações aéreas por ano, o que corresponde a mais de 6.000 horas de voo, que asseguram a mobilidade de pessoas e bens por todas as ilhas da região.

A SATA – Air Açores tem feito um enorme esforço para garantir um serviço de qualidade, apostando na garantia de ligações rápidas aos destinos mais procurados e com o sucessivo aumento da oferta.

No entanto, a nossa condição arquipelágica faz com que as operações aéreas sejam de uma complexidade impar que, por vezes, origina desigualdades e a respectiva contestação, sobretudo quando são elaborados os respectivos horários. Eu mesmo já contestei, em local próprio, algumas medidas adoptadas pela empresa detentora do serviço público de transporte aéreo na região.

Por serem as tarifas aéreas frequentemente apontadas como um constrangimento ao desenvolvimento das nossas ilhas, importa reflectir um pouco sobre a evolução do tarifário da SATA – Air Açores de 1990 a 2006, a preços constantes de 2005, portanto com valores corrigidos pela inflação:


Percurso \ Ano 1990 1996 2006
GRW/PDL/GRW 162,07 € 184,32 € 142,00 €
GRW/TER/GRW 101,76 € 116,48 € 80,00 €
GRW/HOR/GRW 101,76 € 116,48 € 92,00 €

Mesmo assim, a preços correntes de 2005, portanto com o tarifário em vigor no final de cada ano, verifica-se a seguinte evolução:

Percurso \ Ano 1990 1996 2006
GRW/PDL/GRW 85,79 € 143,65 € 142,00 €
GRW/TER/GRW 53,87 € 90,78 € 80,00 €
GRW/HOR/GRW 53,87 € 90,78 € 92,00 €

A evolução das tarifas aéreas está intimamente ligada à variação dos preços do petróleo, como é do conhecimento geral, mas mesmo assim foi possível proceder à redução do custo das viagens mesmo com os preços do petróleo em curva ascendente:

Brent \ Ano 1990 1996 2006
Barril 23,60 USD 20,66 USD 65,13 USD *
* Maio

É evidente que o actual tarifário ainda não me satisfaz, tal com acontecerá certamente com muitos dos açorianos, mas a verdade é que, mesmo em contra ciclo, agora paga-se menos do que se pagava em 1996 pelo mesmo serviço de transporte aéreo.

Todos os Governos querem, e é essa a sua obrigação, agilizar procedimentos, baixar custos e anular injustiças. Uns conseguem, outros não. É a vida…

17 de julho de 2006

Mudar enquanto se pode...

Os últimos dias têm sido férteis em notícias que nos incomodam. É a escalada nuclear protagonizada pela Coreia do Norte, a violência no Médio Oriente num conflito sem fim à vista, são os incêndios em Portugal que continuam a ceifar vidas para além de cobrir o país de cinza. Assistimos a tudo isto com um misto de revolta e impotência, porque de facto todos queremos um mundo melhor e mais justo, mas poucos saberão o que fazer para contribuir para esse nobre objectivo.

Acordamos do sonho do Mundial de Futebol, um pouco frustrados por não se ter atingido a grande final, mas conscientes de que, no final das contas, conseguimos ultrapassar muitos dos “gigantes” do futebol mundial. Depois da euforia voltamos a cair na realidade e percebemos que os problemas renovam-se sem piedade e as soluções tardam em surgir.

No passado dia 14 foi dado a conhecer ao público o Barómetro TV NET, trabalho constituído por diversas sondagens, cujos números tomo a liberdade de citar. O PS, apesar de já estar no poder há 10 anos, regista uma subida nas intenções de voto, de 57% em 2004 para 58,5% se as eleições fossem agora, constituindo um feito já que vai a meio de um novo mandato e não apresenta qualquer sinal de desgaste. Por outro lado o PSD regista uma dramática derrapagem de 36,8% (em coligação com o CDS/PP em 2004) para 17,7%, se as eleições se realizassem agora. Curioso é também o registo de que 70,2% dos inquiridos acham positivo o trabalho global do Governo Regional, enquanto só 16,2% entendem que esse trabalho merece nota negativa. O trabalho da Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores também mereceu nota positiva para 52,6% dos inquiridos, o que sem dúvida constituí motivo de orgulho por parte daqueles, de todos os quadrantes políticos, que no seu dia-a-dia procuram a todo o custo dignificar aquela instituição, que é, sem dúvida, a sede da Autonomia dos Açores.

Este trabalho só permite tirar uma conclusão: a estratégia política da actual liderança do PSD não está a resultar, antes pelo contrário, está a afundar cada vez mais um grande partido que já esteve 20 anos no poder e que, neste momento, constitui a charneira da alternância política.


(Números extraídos do Especial Barómetro TV NET, de 14/07/2006)