31 de maio de 2012

Açores sempre em primeiro ou a dança das cadeiras


No Dia dos Açores, que se comemorou este ano na Vila da Povoação, o Presidente Carlos César fez um discurso brilhante, como sempre, mas este foi especial, a meu ver, talvez por ser o último desta legislatura e por não ser candidato a Presidente do Governo dos Açores nas próximas eleições de outubro.

É conhecida a sua posição firme em defesa dos Açores e dos Açorianos. Carlos César nunca se coibiu de levantar a voz sempre que esteve em causa a autonomia da região, independentemente da cor política dos inquilinos de S. Bento. Sempre repeliu os ataques dos centralistas que gravitam em todos os partidos políticos e que surgem à luz do dia nos momentos em que podem fazer mossa.

A política de proximidade, configurada no nosso modelo de autonomia, permitiu ao arquipélago desenvolver-se mais rapidamente em áreas fundamentais, como a saúde, a educação e o apoio social, que levavam décadas de atraso em relação ao resto do país.

É certo que foi nos últimos 16 anos que a Região Autónoma dos Açores conheceu um enorme crescimento fruto das opções de investimento estratégico e do reconhecido rigor nas finanças públicas. Daí a convergência com o país e a Europa em indicadores económicos e sociais,  que demonstram o acerto nas políticas executadas pelo Partido Socialista. Mas, no seu discurso, Carlos César fez referências às conquistas dos 36 anos, tantos os que tem a autonomia dos Açores, sem nunca esquecer os que o antecederam, demonstrando um enorme sentido de estado.

Por isso, por colocar os Açores sempre em primeiro lugar e também por ser um grande político, no final da sua intervenção, o Presidente do Governo Regional foi longamente aplaudido de pé por quase todos os presentes.

Digo quase todos porque meia dúzia ficou sentada, com os olhos colados ao chão e um envergonhado esboço de aplauso sobre o regaço. Curiosamente são os mesmos que perpetraram uma inexplicável guerra de lugares, com telefonemas em voz exacerbada para a comunicação social pressionando-os para darem atenção a uma situação protocolar que é, no fundo, perfeitamente normal. E logo estes, habituados que estão a empurrar para ficarem mais à frente ou a atropelar todas as regras de ética para terem mais uns minutinhos de antena.

Foi uma tentativa de estragar uma festa de partilha e de união, que é património de todos os Açorianos. Não conseguiram.

24 de maio de 2012

Ideias ou fogachos?



Nestes períodos de pré-campanha eleitoral, vai lá saber-se porquê, há a tendência de se cometerem atropelos, ficando relegado para segundo plano o bom senso recomendado para estes tempos de luta partidária mais acesa e, por conseguinte, de maior fricção.

É muito pouco dignificante fazer da pré-campanha apenas um frenético vai vem, onde parece não fazer mal, por exemplo, aparecer sem ser convidado, ou instigar terceiros a usar cargos associativos para promover campanhas partidárias em favor de um(a) candidato(a) ou ainda tentar controlar a comunicação social passando por cima da sua independência e idoneidade. Estes são alguns métodos – muito pouco inocentes, diga-se – executados por políticos com pouco escrúpulos, pelos seus solícitos mandantes ou pelos oportunistas, que surgem sempre à luz do dia de quatro em quatro anos, curiosamente.

Mais do que nunca precisamos, nesta altura, de ideias para o futuro desta região. Ideias claras e consistentes, que obedeçam a uma estratégia coerente e transversal que promova o crescimento, o emprego e a coesão social e económica.

Vasco Cordeiro tem feito esse trabalho por essas ilhas, propondo outras políticas e novas abordagens para novos problemas que assolam os Açores, Portugal e a Europa, mantendo um enorme orgulho no trabalho desenvolvido pelo Partido Socialista nesta região nos últimos dezasseis anos.

A política de solavancos e assomos ao sabor das circunstâncias perpetrados pelo PSD e pela sua líder, podem satisfazer momentaneamente alguma clientela aqui e ali, mas denota uma grande irresponsabilidade e falta de sentido de estado.

23 de maio de 2012

Agricultor inovador e homem solidário




António Maria da Cunha

(17/07/1918 – 10/04/2000)

Já passava das onze horas daquela noite fria e chuvosa quando bateram à porta da casa do senhor António Maria, no caminho Velho dos Fenais. Já estava habituado a que lhe batessem à porta, tanto de dia como de noite. Era, quase sempre, um sinal de que alguém precisava dele e dos seus conhecimentos adquiridos ao longo de uma vida de labuta. Tal como a maioria das pessoas que vivem do amanho da terra e da criação de gado, o senhor António Maria levantava-se muito cedo, para começar o seu duro dia, por isso aquela hora era já tardia.

Ao longo de toda a sua vida foi ganhando experiência no tratamento das mazelas e no acompanhamento dos partos dos seus animais, que, por vezes, por não correrem bem requeriam a intervenção humana para evitar perdas.

Ao mesmo tempo que a sua exploração ia crescendo, também crescia a sua fama no que respeitava ao acerto nos tratamentos dos animais e na resolução de partos mais difíceis. É claro que, numa ilha desprovida de médico veterinário durante anos e anos, este homem constituía uma mais-valia importante e, como tal, passou a ser muito procurado pelos agricultores de toda a Graciosa.

Era o caso daquela noite. O João, apercebendo-se que a melhor vaca da sua pequena manada, a “Caiada”, estava prostrada numa altura em que devia estar a parir, não hesitou e agarrou na sua motorizada Famel e meteu-se a caminho até aos Fenais.

O senhor António Maria veio à porta e ouviu da boca do aflito dono da “Caiada” a descrição do problema. Este ordenou que procurasse mais alguém para os ajudar e foi trocar o pijama por roupa quente e um fato de água, pois a noite não estava para brincadeiras e ainda por cima podia ser longa. De seguida mete-se na sua carrinha Peugeot, que mais parecia uma farmácia ambulante, e põe-se a caminho da pastagem do João, lá para os lados da Serra Branca.

Depois de algumas injeções e de várias manobras, lá acabou por nascer o bezerro da “Caiada”, aparentemente saudável. Já passava das três da manhã.

Muitas noites do senhor António Maria da Cunha terão sido passadas assim, ajudando os outros de forma abnegada. Aos agricultores com mais dificuldades nem o dinheiro dos medicamentos levava.

Como agricultor o senhor António Maria fez um grande percurso, sempre na sua ilha Graciosa, apesar de ter feito uma tentativa para emigrar com destino ao continente africano a chamamento de um amigo, mas sem qualquer sucesso. Começou com uma pequena exploração, que partilhava com a condução de um táxi, e foi crescendo, até ser a maior agricultor desta ilha, já a tempo inteiro. Foi um dos pioneiros do melhoramento animal, pois na tentativa de obter um melhor rendimento procurou noutros mercados adquirir produtoras de raças com caraterísticas ideais para a produção de leite. Mais tarde abandona a produção de leite e dedica-se exclusivamente à fileira da carne.

Eram também conhecidos os enormes bois, que exibia com orgulho, capazes de dar um melhor rendimento no trabalho da terra, numa altura em que a mecanização era inexistente.

Foi pelas suas mãos que veio até esta ilha um enorme arado que, puxado por 12 juntas de bois, revolvia a terra até profundidades consideráveis tornando-a mais produtiva.

Sem sombra de dúvida que esta postura inovadora, a sua experiência e a sua visão do futuro terão impulsionado outros agricultores desta ilha. Quando falava em agricultura fazia-o com paixão e isso via-se nos encontros públicos em que participava, onde tinha sempre uma palavra a dizer e era ouvido com respeito e admiração.

Apesar de ter apenas a instrução primária gostava de escrever, sobretudo poesia, que declamava em eventos públicos ou oferecia aos seus amigos.

Entre 1982 e 1985 foi Vereador da Câmara Municipal de Santa Cruz da Graciosa.

Nove anos após a sua morte a Associação Equestre Graciosense associa o nome de António Maria da Cunha ao seu picadeiro, numa merecida e rara homenagem a um homem que deu tudo à sua terra.

Em 2010, em sessão solene realizada na ilha do Corvo, os órgãos próprios da Região Autónoma dos Açores atribuem-lhe, a título póstumo, a Insígnia Autonómica de Mérito Industrial, Comercial e Agrícola.

Este homem solidário e de vistas largas morreu com aquilo com que começou, ou seja, quase nada, mas teve uma vida muito preenchida, onde se destaca uma inusual dedicação aos outros, sobretudo os mais desprotegidos.

17 de maio de 2012

Oportunidades e outras pieguices


Portugal nem sempre tem entendido de forma perentória as declarações emitidas pelo primeiro-ministro Pedro Passos Coelho, quando este intervém. Por isso tem sido recorrente vir novamente a público, no dia seguinte, tentar explicar aquilo que tinha dito anteriormente. Mesmo assim não é líquido que as explicações dadas sejam mais esclarecedoras do que as declarações da véspera.

O caso talvez se explique pela forma intensa com que gosta de falar aos portugueses e pela densidade das ideias que pretende fazer passar.

As últimas declarações sobre o desemprego foram desastrosas. Classificar este drama social como uma oportunidade para mudar de vida, foi um erro de palmatória. As explicações do dia seguinte até foram percetíveis, mas não apagaram aquela enviesada maneira de ver um problema que afeta cada vez mais portugueses.

Abordar o tema do desemprego desta forma constituiu uma ofensa a quem luta todos os dias para arranjar um trabalho que lhe permita sustentar a família com o mínimo de dignidade. Infelizmente os números nacionais indicam que a situação é dramática e, como tal, este governo, da responsabilidade do PSD e do CDS/PP, deveria preocupar-se, tão só, com a criação de oportunidades, mas de emprego.

Pulamos de recorde em recorde e as políticas ativas para minimizar este pesadelo, que afeta muitos concidadãos, tardam em aparecer. Ouvimos todos os dias alguns ministros desfilarem as suas preocupações, mas na prática tudo continua na mesma, não se vislumbrando soluções para minimizar os problemas por que passam muitos portugueses.

Este governo do PSD e do CDS/PP está a esmagar a classe média, a criar dificuldades no acesso dos portugueses à saúde e ao ensino. Todos os dias se assiste à destruição de postos de trabalho, quer nas empresas, quer na função pública, atirando para o desemprego muitas pessoas, a grande maioria sem direito a subsídio de desemprego, cujas regras foram habilmente alteradas.

É notório que este governo de Passos Coelho e de Paulo Portas estabeleceu como objetivo primeiro deixar empobrecer este país. O mais grave é que está mesmo a conseguir.

10 de maio de 2012

Diferenças


Constatei, através da leitura do jornal Açoriano Oriental, do passado dia 2 de maio, que o Plano Diretor Municipal de Ponta Delgada tinha sido suspenso parcialmente pela edilidade para que os proprietários de terrenos agrícolas possam expandir a área de instalação de equipamentos de apoio à atividade agrícola para além dos 1.500 m2. Essa suspensão, ainda segundo a notícia daquele jornal, foi aprovada apenas com a abstenção do CDS/PP e, passo a citar, “responde a vários pedidos feitos pelos próprios empresários agrícolas, sendo tida pela autarquia como uma forma de apoiar os produtores, numa altura em que é difícil a captação de meios de investimento económico”, fim de citação. A Câmara Municipal de Ponta Delgada considera que esta suspensão é mesmo, e cito novamente, “um incentivo para que os proprietários invistam mais nas suas explorações e possam apresentar candidaturas a apoios financeiros para este fim”, citei.

Não sei de quem partiu esta proposta de suspensão do Plano Diretor Municipal, mas salta à vista de todos que os partidos que compõem a Assembleia Municipal de Ponta Delgada foram praticamente unanimes quanto à necessidade de aprovar este documento, tendo em conta os interesses dos agricultores do seu concelho.

A Câmara Municipal de Santa Cruz da Graciosa, ainda muito recentemente, também apresentou um documento de teor semelhante onde era proposto expandir a área de instalação de equipamentos para além dos 750 m2, tendo em conta também alguns pedidos feitos a esta autarquia.

Duas situações em tudo muito semelhantes, mas que, no fundo, mereceram tratamento diferenciado pelos deputados municipais. No concelho de Ponta Delgada a proposta foi viabilizada, enquanto na Graciosa a suspensão do Plano Diretor Municipal apresentado pela Câmara Municipal foi chumbada pela maioria do PSD.

Por isso quando a dra. Berta Cabral jura a pés juntos que defenderá a agricultura e os agricultores, só temos de ficar desconfiados porque o seu discurso não bate certo com a prática do partido que dirige.

9 de maio de 2012

Gerir com paixão



Francisco da Cunha Vasconcelos Oliveira

(22/12/1939 – 31/03/1987)

Naquele dia 13 de agosto de 1976, quando eram sensivelmente duas horas da tarde, o iate Espírito Santo, com a matrícula SG-16-TL, saiu do porto das Velas, tal como fizera inúmeras vezes. Tinha acabado de descarregar a mercadoria vinda da Terceira e destinada àquela ilha, ficando ainda no porão muita carga destinada ao próximo porto de escala, desta vez no Pico.

O mar estava calmo naquela tarde de verão. A bordo seguiam também muitos passageiros que aproveitavam aquela ligação à vizinha ilha do Pico. À saída do porto, e quando nada fazia prever tal desfecho, o barco adornou suavemente, inundando a casa das máquinas e as salas repletas de passageiros. Esta situação terá sido provocada pela elevada concentração dos passageiros a bombordo do barco. A carga mais pesada, constituída por bidões com asfalto e ferro destinado à construção civil, terá corrido colocando a embarcação numa posição perigosa. Foi o pânico a bordo. De terra foi possível observar o acidente e por isso vieram várias pessoas e alguns barcos prestar socorro aos passageiros e tripulantes. Gente corajosa e anónima terá regressado várias vezes à inundada embarcação para retirar outros passageiros que se terão atrapalhado no meio de toda aquela confusão.

O balanço foi trágico. Neste acidente pereceram sete pessoas, seis eram passageiros e um fazia parte da tripulação. Depois das manobras de salvamento e da retirada dos corpos, o barco Espírito Santo foi rebocado até ao porto da Horta e, mais tarde, dirigiu-se para o estaleiro de Santo Amaro, no Pico, onde foi recuperado, tendo navegado até ao ano de 1992.

O senhor Francisco da Cunha era conhecido como um homem humilde, bondoso e de trato fácil. Naquela altura era gerente dos Transportes Marítimos Graciosenses, empresa com um capital social de cem contos, dividido equitativamente por vinte sócios. Mal foi conhecida a notícia do acidente o senhor Francisco tratou de ir, primeiro, até S. Jorge e, depois, até à Horta para se inteirar da situação, avaliar os danos e resolver o que tinha de ser resolvido. Foi uma árdua tarefa que desempenhou com zelo e rapidez, como o caso requeria.

Naquela data a empresa detinha apenas o velhinho Espírito Santo de madeira construído em frente à casa do Dr. Vinício Albuquerque, na Praia, pelo mestre Manuel Joaquim de Melo, que tinha vindo do Pico para esse efeito. O Fernão de Magalhães, também de madeira e vocacionado para o transporte de cargas, tinha saído do serviço nesse mesmo ano.

O senhor Francisco da Cunha não era um gerente qualquer. Para ele, gerir aquela empresa não era um trabalho na verdadeira aceção da palavra, era mesmo uma paixão, vivida intensamente na “onda” deste arriscado negócio. Essa entrega desmedida era visível nos bons momentos, quando se inebriava pelo reconhecimento que era atribuído à empresa pelos serviços que  emprestava ao Grupo Central dos Açores, e, também, nos momentos de enorme sofrimento, como foi o caso daquele fatídico dia. Era nesses momentos difíceis que consumia cigarros atrás de cigarros, como que para aliviar a tensão provocada pelas inúmeras preocupações que o iam consumindo.

Na qualidade de gerente, foi decisor nas diversas tentativas de fusão de pequenas empresas congéneres. A recusa em aderir a essas propostas esteve sempre ligada ao facto dos Transportes Marítimos Graciosenses poderem vir a perder peso na estrutura acionista e ser previsível a deslocalização da sede da futura empresa da sua tão amada Graciosa para outra ilha qualquer.

Esteve envolvido na elaboração de um projeto para a construção de uma nova e moderna embarcação, que chegou a apresentar e a discutir em várias assembleias gerais da empresa. As vicissitudes da vida desta empresa levaram-na noutro sentido. Em setembro de 1992, alguns anos depois da morte do senhor Francisco, o velhinho Espírito Santo, embora abrigado no interior do porto da Praia da Vitória, não conseguiu resistir às tempestades Boney e Charlie, que assolaram a Região quase em simultâneo, acabando por naufragar, desta vez de forma irremediável. Aqui, a empresa, devido à urgência que o caso implicava, optou por adquirir um barco de ferro na Noruega que tomou o seu lugar e, inclusivamente, o seu nome.

O senhor Francisco da Cunha foi também proprietário de um forno que, de um modo artesanal, fabricava telha regional que era vendida localmente e ainda exportada para outras ilhas do Grupo Central. Naquele tempo esta indústria tinha um peso importante na economia da Ilha Graciosa.

Trabalhou alguns anos na Santa Casa da Misericórdia da Vila da Praia da Graciosa. Depois ingressou na Conservatória do Registo Civil e Notariado de Santa Cruz da Graciosa, onde trabalhou até ao dia da sua morte.

3 de maio de 2012

A primeira vítima


Quer se goste ou não do estilo, o “Bom Dia” de Pedro Moura é uma programa de televisão que cumpre, na integra, a missão de serviço público nos Açores. Ninguém se admira de este ser dos mais vistos na RTP-Açores.

Quando as reportagens são de pequenas comunidades, das ilhas mais pequenas ou de assuntos menos relevantes e não cabem nos noticiários tradicionais, têm sempre à sua espera um lugarzinho no “Bom Dia”. Muitos são os entrevistados do Pedro Moura que nunca teriam hipóteses de aparecer no Telejornal e que ali têm espaço para apresentarem os seus projetos, recebendo, em troca, um apoio incondicional daquele jornalista, que valoriza o trabalho e empenho de muitas associações espalhadas por este arquipélago.

Sabe-se agora que a emissão do “Bom Dia” vai terminar. Assim, sem mais. De qualquer dos modos este tipo de programas já tinha sido condenado pela ordem, vinda de Lisboa, de concentração do horário de emissão. O “Bom Dia” de Pedro Moura é, assim, a primeira vítima da transformação da RTP-Açores numa mera janela.

O ministro Miguel Relvas não percebeu ou não quer perceber que a RTP-Açores não é um canal de televisão qualquer. Na sua génese esteve a coesão de uma região composta por nove ilhas e muito mar e, neste momento, a RTP-Açores representa um instrumento que contribui, e muito, para o fortalecimento da nossa Autonomia. Transformar o futuro da televisão dos Açores numa mera questão economicista é de muito mau gosto, sobretudo quando se sabe que o problema deste canal nem sequer reside aí.

Os Governos dos Açores do Partido Socialista sempre entenderam que o financiamento do serviço de rádio e televisão é da responsabilidade da República Portuguesa, mas, mesmo assim, criaram condições técnicas para que fosse possível cobrir com alguma qualidade e regularidade os acontecimentos de todas as ilhas, em nome da coesão regional.

Confrangedora é a posição do PSD-Açores sobre a televisão e rádio da região. Aliás, o PSD-Açores de Berta Cabral, quando esta questão se levantou, esteve sempre incompreensivelmente errático, daí ter revelado não uma, mas várias posições sobre esta matéria e sempre de modo a proteger o governo de Passos Coelho, atirando para trás das costas o superior interesse dos Açores. Primeiro o financiamento deveria vir da Lei das Finanças Regionais. Depois deveria ser o Estado Português a suportar a totalidade do financiamento. Agora dizem que a solução passa por uma empresa com capitais nacionais, regionais e privados.

Quando se esperava do PSD de Berta Cabral uma posição de força perante Passos Coelho e companhia, vê-se apenas submissão e incapacidade para reivindicar um direito que nos assiste.