O Governo dos Açores terminou, na
passada semana, mais uma visita estatutária à Ilha Graciosa
Esta visita assume caraterísticas
especiais por ser a última do atual mandato. Apesar disso acho que esta
obrigação estatutária foi muito positiva para a Graciosa e para todos os
Graciosenses.
A inauguração de um novo Centro
de Saúde foi, sem dúvida, o ponto alto desta visita de Carlos César e do seu
governo. O moderno edifício, capaz de proporcionar um serviço de melhor
qualidade e com melhores condições para os profissionais e utentes, tem o dobro
da área do anterior e respeita as normas internacionais para edificações desta
tipologia.
Depois foi a vez de ser
inaugurado o novo Centro de Processamento de Resíduos, obra que irá contribuir,
e muito, para a qualidade ambiental desta ilha que foi reconhecida, em 2007,
como reserva da biosfera. A partir de agora vai ser possível selar as lixeiras
a céu aberto e o aterro sanitário construído mesmo à beira do aeroporto. Este
investimento irá permitir a exportação de 75% dos resíduos, enquanto o restante
irá ser reaproveitado.
Enquanto por esse país fora são
encerrados serviços da responsabilidade do governo de Passos Coelho, como
aconteceu também na Calheta de S. Jorge, no Nordeste ou na Povoação, com o encerramento
de serviços centrais, o Governo Regional aposta na aproximação da administração
regional aos cidadãos. Por isso inaugurou mais um posto RIAC na freguesia da
Luz, o terceiro a abrir nesta ilha, que irá proporcionar à população daquela
freguesia o acesso a uma diversidade de serviços concentrados naquele local,
incluindo a marcação de consultas médicas.
O Lar de Idosos da Santa Casa da
Misericórdia de Santa Cruz foi também inaugurado depois de totalmente
requalificado, com a remoção das barreiras arquitetónicas e dotado de
equipamentos modernos que proporcionam uma melhor qualidade de vida aos seus utentes.
Foi inaugurado também um
miradouro no caminho florestal da Caldeira, que irá aumentar a oferta
turística. Foi também inaugurada a segunda fase do caminho agrícola Barreiro –
Vales, um investimento há muito pedido pelos agricultores daquela zona.
Para além disso foram tomadas
decisões importantes, com vista a reabilitar a Escola da Vila da Praia,
melhorar as vias de comunicação, apoiar os espaços TIC, iniciar os
procedimentos para o lançamento do concurso da Marina da Barra, reabilitar
moradias para realojar famílias carenciadas, contratar mais um médico para o
período do verão, implementar o serviço de enfermagem ao domicílio aos sábados,
ajudar a Adega e Cooperativa na contratação de um plano financeiro para a
execução do seu projeto de modernização, lançar a terceira fase do caminho
agrícola Barreiro – Vales, entre outras.
É claro que a oposição apresenta
reticências, diz sempre que só são promessas, mas o certo é que, apesar dessas
dúvidas e desta sua visão distorcida, o Governo dos Açores continua a mostrar
obra feita. É pena, mas é a vida.
Perante a necessidade de lavrar e
endireitar a terra do meu pequeno quintal desde logo recebi da parte do meu
amigo Diogo e do seu cunhado Valentim a disponibilidade para me ajudarem nesta tarefa.
Lembrei, na altura, a existência de um tubo de gás subterrâneo, que, a partir
do outro lado do quintal, alimentava o esquentador e o fogão montados na
cozinha. Este alerta, no dizer do Diogo, exigia a minha presença na altura dos
trabalhos para indicar o local preciso, para aí procederem de modo a preservar
esse imprescindível tubo.
No dia e na hora combinadas lá
estavam os dois, com o respetivo trator. Iniciaram-se as manobras e eu,
entusiasmado pelo modo como aquilo estava a decorrer, nunca mais me lembrei do
malfadado tubo de gás. Escusado será dizer que o desastre aconteceu. De repente,
atrás do trator, surgem da terra duas pontas de tubo de cobre, uma delas
derramando abundantemente o combustível a partir da botija ligada na
extremidade desta canalização. Foi preciso agir rapidamente e fechar o gás para
evitar outro tipo de danos.
Depois do trabalho concluído e
ante o cenário de não ter fogão nem esquentador nos próximos dias e sem saber a
quem recorrer para resolver esta situação, lá fomos nós matar a sede ao Rivoli,
a escassos metros da minha casa.
Atrás do balcão estava, como estava
quase sempre, o loiro Cristovão, no seu inconfundível estilo de lobo-do-mar,
com barba farta e já com alguma falta de cabelo.
Apercebendo-se do meu desalento
logo o Cristovão quis saber o que se tinha passado. Ainda a remoer toda a culpa
que só a mim cabia, lá consegui explicar a embrulhada em que me tinha metido. A
resposta não tardou. Deu-me indicações para desligar a garrafa de gás e deixar
os tubos a arejar durante vinte e quatro horas, dando a conhecer que ele próprio
iria lá resolver a situação. De facto no dia seguinte lá surgiu o Cristovão, no
lote contiguo à minha casa, a bordo do seu Citroen Mehari amarelo, com uma
caixa de ferramentas e outros equipamentos. Soldou os tubos, testou a
canalização e enterrou-a tal com estava antes do acidente. Depois do serviço
feito e perante a pergunta sobre o custo do seu trabalho, o Cristovão
respondeu: “- Depois pagas um copo lá no café”.
Esta resposta diz muito sobre a personalidade
deste homem. Estava sempre pronto para ajudar, todos e em tudo. Era uma pessoa
desenrascada e, nessa qualidade, resolvia qualquer coisa, literalmente. Para
ele não havia impossível.
O Cristovão era natural da
vizinha ilha de S. Jorge, mas era da Graciosa que gostava de estar e de viver,
como afirmava frequentemente aos amigos.
Lembro-me de ver o Cristovão
construir o seu Rivoli. Quando subia a Avenida Mouzinho de Albuquerque, em
direção a casa, entrava naquelas obras, observava a evolução dos trabalhos e
via o entusiasmo que o Cristovão e a Rosa emprestavam a este seu projeto.
O Rivoli era muito pequeno. A
entrada dava para o corpo principal, em forma de L. À esquerda tinha um exíguo reservado,
ao fundo, por trás do pequeno balcão, situava-se a cozinha. As casas de banho
ficavam ao lado do balcão. O estabelecimento era forrado a madeira o que, em
conjunto com a ténue iluminação, dava um ambiente acolhedor.
Abriu ao público em plenas Festas
de Santo Cristo, em agosto de 1995. Atingiu tamanho sucesso que o obrigou,
apenas alguns dias depois, a interromper a atividade, tendo, para o efeito, colocado
na porta um elucidativo cartaz dizendo “Encerrado para organização”.
Por aquele estabelecimento
passaram alunos, professores, equipas desportivas, turistas, funcionários
deslocados, emigrantes e muitos, muitos Graciosenses.
Graças ao esforço e dedicação dos
seus donos, o Rivoli foi sala de estar, cantina e clube de festas de muita
gente. Eram frequentes a festas temáticas, acabando algumas em ambiente de
baile, depois de removido o respetivo mobiliário. Era lá que muitos jovens
festejavam os seus aniversários. Fidelizou muitos clientes, apesar da
exiguidade daquele estabelecimento. O que faltava em espaço restava em
simpatia.
Era impressionante a rapidez com
que faziam uma nova decoração, por exemplo, para o São Martinho ou o Dia das
Bruxas. E sempre decorações que surpreendiam. Depois das refeições viam-se, por
cima das mesas, tecidos, papéis, balões e outros adereços, a serem preparados
por clientes e amigos, sob a supervisão da Rosa e a complacência do Cristovão,
para serem colocados nos respetivos lugares, sempre com o objetivo de criar um
ambiente que agradasse às pessoas. Esse objetivo era sempre atingido,
invariavelmente.
O Cristovão cultivava a amizade,
sobretudo dos seus clientes. Era paciente com todos e sempre muito prestável.
Fazia de cada cliente um amigo para a vida. Em várias situações, quando já se
encontrava vencido pelo cansaço, deixava a chave e a responsabilidade da registadora
ao cuidado de um amigo e retirava-se para casa, para um merecido descanso.
O Cristovão fez outras coisas na
vida. Foi o representante dos produtos Olá para toda a ilha, em 2002 explorou o
bar do Clube Naval e a discoteca Vila Sacramento no ano seguinte. Foi ainda funcionário
da Casa Araújo. Nos seus tempos livres dedicava-se ao mar, onde gostava de
estar. Viajava com frequência no seu barco, acompanhado por amigos, entre as
ilhas do grupo central.
É, no entanto, no seu e nosso Rivoli
que se destacou mais, revelando aí qualidades humanas que tocaram fundo no
coração dos seus amigos quando tomaram conhecimento da sua inesperada partida.
O Partido Socialista tem um
imenso orgulho da obra feita pelos seus Governos por todas estas ilhas dos
Açores. A agricultura, a pesca e o turismo foram sujeitos a um forte
investimento para recuperar o tempo perdido. A par desta estratégia o Governo
dos Açores empenhou-se no reforço das estruturas portuárias e aeroportuárias, na
renovação e construção de uma rede viária moderna e segura. A construção de
novas escolas e a requalificação de muitas outras foi uma realidade, dotando a
região de um parque escolar de excelente qualidade. Os transportes marítimos de
passageiros foram reintroduzidos no período de verão, depois de terem sido
desmantelados nos anos 80, quando os destinos da região estavam nas mãos do PSD
de Berta Cabral, convém não esquecer. Foram também implementadas medidas de
proteção social importantes, como a introdução do complemento de pensão para
idosos, que abrange mais de trinta e cinco mil cidadãos e do apoio à aquisição
de medicamentos do qual usufruem mais de mil e trezentos Açorianos. Mas não foi
só. Os Governos da responsabilidade do Partido Socialista triplicaram os
centros de convívio, criaram mais vinte e duas creches e aumentaram o número de
lares de idosos e equipamentos de apoio domiciliário.
Na Ilha Graciosa estas alterações,
para muito melhor, também são visíveis, precisamente nestas mesmas áreas. Nesta
ilha também houve mudança da noite para o dia. Só não vê quem não quer.
Berta Cabral quando se desloca à
Graciosa, em trabalho partidário, teima em não reconhecer isso e reinventa
teorias com base em erros do passado, precisamente quando tinha
responsabilidades políticas importantes.
Desta vez Berta Cabral, e passo a
citar uma nota de imprensa publicada no Graciosa Online e com a ligação http://ww1.rtp.pt/icmblogs/rtp/graciosa/?k=Dupla-insularidade.rtp&post=40172,
“quis reconhecer o esforço da indústria, mas também incentivar os produtores,
que em 10 anos passaram de 1 milhão para 2,5 milhões de litros de leite por ano”,
fim de citação.
Ora, se fosse só isto era muito
pouco. No setor agrícola da Graciosa o Partido Socialista fez muito mais e orgulha-se
disso todos os dias. Reergueu das cinzas a produção de leite e colocou-a no
patamar dos 8 milhões de litros por ano e não dos 2,5 milhões referidos por
Berta Cabral naquela nota de imprensa. E mais. Ao contrário do que aconteceu
com a administração laranja que equacionou, entre 1992 e 1995, a possibilidade
de encerrar de vez a indústria de laticínios, o Partido Socialista, a partir de
1996, apostou na inversão desta tendência suicida e decidiu construir uma nova
e moderna fábrica que, neste momento, tem um enorme e inquestionável peso na
economia da ilha.
Como se vê a obra do Partido
Socialista, quer na Graciosa quer nas restantes Ilhas dos Açores, é muito maior
do que o PSD de Berta Cabral quer fazer parecer. O povo, na altura certa,
saberá fazer a destrinça entre o trigo e o joio.
Foi estranho para muita gente
acordar na passada segunda-feira e não ter na RTP Açores o Bom Dia do conhecido
Pedro Moura, tal como foi também triste para muitos Açorianos deixar de poder
ver o noticiário regional das 13 horas.
Esta é a demonstração de que o
plano do ministro Relvas já está em andamento, sem dó nem piedade. É mesmo
assim, cortar a direito sem preocupações com as obrigações de serviço público,
nem com o interesse dos Açorianos. E, o mais grave, é que ninguém consegue
explicar que ganhos financeiros se obtêm com esta alteração.
Curiosamente, hoje foi conhecido
um estudo de opinião, elaborado pela Norma Açores, onde 79% dos inquiridos não
concorda com a concentração da programação regional entre as 17 e as 23.30
horas.
O referido estudo, e passo a
citar a nota do Gabinete de Apoio à Comunicação Social, “aponta também para uma clara adesão do público açoriano à RTP Açores,
que surge em primeiro lugar em termos de notoriedade total (reconhecimento e
visualização), com 85,5%, sendo igualmente o canal mais visto do Grupo RTP nos
Açores; seguida da TVI com 79%, e da SIC com 75,3%, respetivamente. Dentro do
universo RTP, a RTP/Açores é, não só o canal que merece maior reconhecimento
dos açorianos (47,5% para a RTP/Açores contra 41,5% da RTP 1), como é também o
que é visto com maior regularidade (37% para a RTP/Açores, 18% para o Canal 1)”,
fim de citação.
Este estudo de opinião indica,
também, que o programa Bom Dia, agora extinto ao abrigo da imposição desta
“janela” da programação regional, era o programa mais visto pelos Açorianos,
seguido do Telejornal. Mais palavras para quê…
O receio é que, impelidos por
esta suposta concentração de meios e de recursos, frase muito em voga agora, se
comece, devagarinho e à falsa fé – como aconteceu agora – a promover o
esvaziamento, primeiro, dos correspondentes e, depois, dos centros de produção
mais periféricos, em nome da economia de escala. Com este caminho poderemos
estar a desenhar o fim desta estação que muito tem dado aos Açores e às suas
gentes.
Às voltas com esta questão anda o
PSD Açores, sem saber o que há-de fazer com este embaraço em que se meteu. E
tudo porque o PSD Açores se quer dar bem com Deus e com o Diabo, o que,
convenhamos, não é boa política.
Em casa preparava-se mais um
fim-de-semana na Praia. Era um ritual que levava o seu tempo, pois a viagem era
grande. Apesar de serem apenas seis quilómetros de distância, aquela viagem
parecia longa.
Com os poucos carros que
circulavam na ilha, os transportes coletivos e de cargas assumiam um papel
preponderante na movimentação de pessoas e bens entre as quatro freguesias da
Graciosa. As festas da ilha obrigavam a vários desdobramentos até levar a casa
os últimos passageiros. No período do Carnaval estas camionetas faziam as
visitas aos clubes e ainda transportavam os resistentes folgazões que, depois
do último baile deste período e já quando nascia um novo dia, davam um passeio
pela ilha. Existiam também algumas indústrias, tais como a cal, a telha e os
refrigerantes que requeriam transporte para a distribuição e exportação.
Fomos até à garagem e oficina do
senhor Diógenes, no Atalho, e esperámos pela hora de nos abrirem as portas da
gasta camioneta que nos haveria de levar nesta viagem. Tinha o motor na frente
e um capô de abrir para os lados. O corpo da camioneta desenvolvia-se para traz
do motor, o que lhe dava um ar de tartaruga, nome pela qual era popularmente conhecido
este meio de transporte. A lentidão poderia muito bem ser outra explicação para
esta alcunha. Os passageiros entraram e o condutor, com a ajuda do cobrador,
colocou no tejadilho várias encomendas e a mala do correio, que haveriam de ser
distribuídas pelos destinatários ao longo dos caminhos da ilha.
Compramos o respetivo bilhete, de
cor verde e encimado pelo nome de Diógenes da Silva Lima & Filhos Limitada,
cortado, com uma pequena régua de alumínio, numa diagonal até à indicação do
preço. Três escudos e cinquenta centavos era o custo desta viagem. Já com a
camioneta em andamento, vinha o cobrador, sempre com a sua mala de cabedal a
tiracolo, com uma espécie de alicate, fazer um furo no lugar correspondente ao
percurso.
A viagem começava com piso
razoável, mas grande parte do percurso ainda era feito em estrada de macadame. O
caminho do Quitadouro, em direção à Praia, começava logo com uma grande subida,
mas, mais ao menos a partir de meia viagem, no Formigueiro, havia uma descida
abrupta, o que levava o condutor a redobrar os cuidados para levar os seus
passageiros ao destino em segurança. A nossa tartaruga, de um modo esforçado,
lá conseguia dar conta do recado, e completava assim mais um percurso, que
terminava numa outra garagem, na Rua Rodrigues Sampaio, na Praia, onde o
condutor, com o seu olhar clínico ditado pela experiência, via os níveis de
óleo e de água e tratava de a pôr operacional para fazer mais uma viagem.
O senhor Diógenes a 22 de outubro
de 1941 adquire, por dezasseis contos, o negócio de fazendas e mercearias, com
sede na Rua Fontes Pereira de Melo, na Praia, filial da firma Costa e Medina
Limitada, para o qual trabalhava desde 1936.
Quando tinha 18 anos constrói o
seu primeiro autocarro, uma miniatura em madeira. Mal sabia ele que a sua vida
empresarial estaria ligada aos transportes coletivos até ao dia da sua morte.
Em 16 de junho de 1948 recebe o seu
primeiro táxi, um Austin. A 2 de agosto do ano seguinte recebe outro táxi,
também daquela marca. A 29 de janeiro de 1951 recebe mais um táxi, também
Austin e a 30 de março de 1954 recebe a quarta viatura para serviço de aluguer
com condutor.
Em 1954 compra um chassis de um
autocarro e trá-lo até à Graciosa no navio Lima. É colocado num batelão em
Santa Cruz, mas devido à fraca capacidade do pau de carga do porto, esse
batelão é rebocado por uma “gasolina” baleeira até à Praia, onde finalmente é
descarregado para terra firme. A carroçaria é feita na Graciosa pelos irmãos João
e Manuel Machado, em madeira e forrada posteriormente a alumínio. Até os
estofes eram feitos cá. Esta opção pela importação de chassis tinha a ver com a
inexistência de meios para descarregar um autocarro completo.
Na altura a empresa tinha a sede
na Praia. A primeira viagem desta camioneta dá-se a 23 de outubro de 1954, um
sábado, fazendo um percurso de 52 quilómetros e realizando uma receita de
614$50.
As frequências foram aumentando,
até que a partir de 9 de dezembro de 1957 passa a haver carreiras diárias.
A 24 de dezembro de 1955 recebe
mais dois chassis que foram novamente carroçados pelos irmãos Machado, um
destinado a carga e outro a passageiros. Curiosamente estes chassis saíram de
Lisboa no navio Terceirense, a 20 de novembro, mas não puderam desembarcar
devido ao mau estado do mar. Foram até Ponta Delgada e voltaram, desta vez no
navio Lima, tendo desembarcado nesta ilha na véspera de Natal daquele ano.
Em 1958 a sede passa para Santa
Cruz. Em 1968 dá-se uma alteração estatutária, passando a empresa a designar-se
Diógenes da Silva Lima e Filhos Limitada.
Enquanto vai desenvolvendo a sua
atividade nos transportes coletivos continua a investir nos táxis, chegando a
ter 10 em circulação, espalhados pelas praças das quatro freguesias. Este
negócio, no entanto, é abandonado a seguir à revolução de 1974. Mais tarde
termina também com o serviço de transporte de mercadorias.
Em 1980 transforma-se em Empresa
de Transportes Coletivos da Ilha Graciosa, já com a participação da Câmara
Municipal de Santa Cruz da Graciosa no capital social.
A vida deste empresário não foi
fácil. O recurso ao crédito e as dificuldades próprias da época, que desfasavam
o período do investimento do período do respetivo retorno, podiam afastar deste
tipo de negócio os menos afoitos, mas não o senhor Diógenes. Nunca se deu por
vencido e empenhou-se de corpo e alma neste seu projeto, que acabou mesmo por
ser o seu projeto de vida, enfrentando e minimizando todas as contrariedades
que surgiram.
As dificuldades nos transportes destes
equipamentos de grande dimensão eram resolvidas com imaginação. Se um batelão
não chegasse, juntava-se um outro e colocavam-se alguns postes de telefone,
atravessados, para dar mais consistência e equilíbrio a este meio de transporte
adaptado. A falta de peças suplentes era resolvida com muito trabalho.
Frequentemente as suas oficinas trabalhavam ininterruptamente, por vezes
inventando peças, para colocar o autocarro ao serviço logo pela manhã. São
conhecidas histórias de reparações feitas mesmo durante as viagens ou mudanças
de motor durante a noite para que no dia seguinte não faltasse transporte a
muitos Graciosenses que dele dependiam.
O senhor Diógenes foi um
empresário que teve uma vida de trabalho duro e de muita dedicação ao seu
negócio, que não lhe terá rendido muito em termos financeiros, mas certamente
que o preencheu. Podíamos vê-lo agarrado ao volante de uma das suas camionetas
a conduzir horas a fio, a supervisionar a sua oficina ou a vender bilhetes no
seu guichet. Era um homem que nunca parava.
Nos seus tempos livres gostava de
tocar violão e dançar modas de viola nas festas de Carnaval que aconteciam nos
clubes espalhados pela ilha.
A ousadia, a tenacidade e a
coragem com que tratou os seus negócios fazem dele um empresário que se
destacou na Ilha Graciosa e que importa recordar.