Há dezasseis anos houve
uma mudança de paradigma na Ilha Graciosa. De uma postura resignada perante a
inércia do Governos que exerceram as suas funções até 1996 e a incapacidade
local para dinamizar a economia, que definhava lentamente, fator que levou, nos
anos oitenta, à emigração massiva de cerca de 25% de Graciosenses, que
procuraram lá fora oportunidades que lhes eram negadas na sua própria terra,
passámos para uma nova atitude que levou a uma completa infraestruturação da
ilha, tal como aconteceu no restante arquipélago, começando por áreas
fundamentais, como a energia, a educação ou a saúde, passando pela reabilitação
das estruturas de transportes marítimos e aéreos e da rede viária, chegando às
áreas económicas, como a agricultura com a construção da nova fábrica de
laticínios, ou as pescas com a construção do porto de abrigo, lota e casas de
aprestos ou ainda no turismo com a construção de um hotel de quatro estrelas,
culminando no apoio social, que andou até 1996 pelas ruas da amargura.
Foi com a convicção de
que o muito que foi feito é muito mais do que está por fazer, que o Governo dos
Açores esteve, no passado mês de junho, a cumprir mais uma visita estatutária à
Ilha Graciosa, dando um forte sinal às populações que as conquistas do estado
social são para manter e, nalguns casos, passíveis de reforço, apesar dos
ataques perpetrados por Lisboa.
É mesmo assim. A humildade
que orienta a nossa ação política faz-nos reconhecer que não está tudo feito,
nem que somos os donos de toda a verdade ou que os virtuosos estão apenas do
nosso lado. Mas esta postura coerente nunca nos fará abdicar do enorme orgulho
que temos pelo trabalho imenso feito por todas as ilhas dos Açores, incluindo,
claro está, a Graciosa.
A inauguração do novo Centro
de Saúde, testemunhado por centenas de Graciosenses, foi, sem dúvida, o momento
mais importante desta visita. O moderno edifício, capaz de proporcionar um
serviço de melhor qualidade e com melhores condições para os profissionais e
utentes e com o dobro da área do anterior, vai substituir um outro, obsoleto e que
já não tinha condições para um cabal desempenho na prestação dos cuidados.
Fazendo parte
integrante de uma política responsável na preservação do ambiente foi
inaugurado o novo Centro de Processamento de Resíduos, que facilitará a gestão
deste problema, nomeadamente com a exportação de grande parte dos resíduos
produzidos, ficando naquela ilha apenas 25% e que serão passíveis de
valorização. Este processo culminará com a selagem das lixeiras a céu aberto e com
o encerramento e a recuperação do aterro sanitário existente mesmo ao lado da
pista do aeroporto e que dá uma imagem negativa a quem nos visita.
Enquanto o governo de
Passos Coelho fecha serviços da responsabilidade do Estado, como aconteceu recentemente
na Calheta de S. Jorge, com o encerramento da repartição de finanças, ou o que
se prepara para fazer no Nordeste ou na Povoação, com o encerramento dos
tribunais, o Governo Regional aposta em aproximar a administração regional aos Açorianos.
Por isso inaugurou o terceiro posto RIAC, este na freguesia da Luz, que irá
proporcionar à população o acesso a uma diversidade de serviços, incluindo a
marcação de consultas médicas, já a partir deste mês de julho.
O Lar de Idosos da
Santa Casa da Misericórdia de Santa Cruz foi também inaugurado depois de totalmente
requalificado, com a remoção das barreiras arquitetónicas e dotado de
equipamentos modernos que proporcionam uma melhor qualidade de vida aos seus utentes.
Foi inaugurado também
um miradouro no caminho florestal da Caldeira, que irá melhorar a oferta
turística.
Foi também inaugurada a
segunda fase do caminho agrícola Barreiro – Vales, uma obra há muito pedida
pelos agricultores daquela zona e que irá servir várias explorações agrícolas.
Além da conclusão
destas obras e no âmbito do Conselho de Governo que decorreu durante aquela
visita, foram ainda tomadas decisões importantes, nomeadamente com vista a
reabilitar a Escola da Vila da Praia, a melhorar algumas vias de comunicação, apoiar
os espaços TIC, iniciar os procedimentos para o lançamento do concurso da
Marina da Barra, reabilitar moradias para realojar famílias carenciadas,
contratar mais um médico para o período do verão, implementar o serviço de
enfermagem ao domicílio aos sábados para evitar a ida de alguns doentes à
urgência, ajudar a Adega e Cooperativa na contratação de um plano financeiro
para a execução do seu projeto de modernização, lançar a terceira fase do
caminho agrícola Barreiro – Vales, entre outras.
Foram ainda
apresentados projetos de tecnologia de ponta, como o SuperDARN, que incluirá a
estação de radares da Graciosa numa vasta rede de 25 estações, ou a instalação
definitiva do programa meteorológico ARM.
Estas inaugurações e
estes anúncios de processos que estão em andamento ou prontos para arrancar,
fazem parte dos compromissos apresentadas a sufrágio em 2008. Não vamos cumprir
tudo, infelizmente, mas é preciso lembrar todos aqueles - já bem poucos,
felizmente – que dão saltinhos de alegria quando algo não corre como o previsto,
que o nível de cumprimento das promessas eleitorais que apresentamos aos
Graciosenses é muito elevado e é por isso, com toda a certeza, que o povo
daquela terra tem renovado a confiança em nós.
Enquanto avançamos e
preparamos o futuro cumprindo uma estratégia de desenvolvimento, temos pela
frente uma oposição que se entretém a puxar para trás, a denegrir aqueles que
não são como eles, a incentivar os mais incautos a ofender e a optar pelo
ataque pessoal, utilizando mentiras e meias verdades, que em nome da ética
política deveriam ser renegadas. As desmesuradas ambições pessoais não
justificam passar por cima dos outros sem qualquer pejo.
Na Graciosa é um pouco
isso que se passa. Alguns políticos, alguns ex-políticos, alguns dos que se
perfilam a candidatos a políticos e outros que tais, passam os dias, de esquina
em esquina, a engendrar como se pode deitar abaixo isto ou aquilo, quando eles
próprios, quando passaram pelos cargos que lhes permitiriam deixar a sua marca
ou a concretização das suas ideias para aquela ilha, deixaram-nos apenas uma
mão cheia de nada.
Muitos Graciosenses estão
a ficar imunes a estas táticas de guerrilha política. Cada vez vale menos a
pena tentar ludibriar o povo.
Horta, Sala das Sessões,
3 de julho de 2012.