27 de setembro de 2012

Disparates e desespero


Isto deve estar muito mau para Berta Cabral. Nos últimos tempos apressou-se a prometer tudo a todos e agora nas visitas que faz por essas ilhas leva uma personagem de serviço que se limita a reproduzir o que os séquitos daquela líder querem ouvir.

Desde a inauguração do novo Centro de Saúde - espaço que Marques Mendes considerou como uma clínica privada talvez por ser uma estrutura de qualidade a que não deve estar habituado - que a oposição local elegeu aquela entidade para atacar como nunca se viu.  E ele, tal como um subserviente desta malta que por aqui anda, fez a figura que nem eu esperava de um comentador político de um canal nacional que está, de facto, a perder audiência.

Ninguém conseguiu perceber como esta figura foi capaz de fazer uma apreciação tão crítica sem saber do que falava. Só por maldade… Será que ele viu a Graciosa, será que ele sabia como era a Graciosa nos tempos do seu partido?

Perante a obra feita, perante um governo que apesar da crise nacional consegue manter apoios sociais a quem mais precisa, perante um governo regional que recusa aceitar o ataque do governo da república aos que menos podem, resta apenas a esta oposição optar pela maledicência.

Com este nervosismo todo de Berta Cabral e dos seus acompanhantes esqueceram-se do essencial: antes de criticar deveriam procurar conhecer e ver como funcionam as coisas. Esta ação talvez servisse para não dizerem disparates sobre o que não conhecem e talvez passassem a ter mais cuidado quando recebem informações de “zelosos” funcionários que não sabem distinguir o seu trabalho da sua intervenção política.

Tenho a certeza que se Marques Mendes, entre a tourada e a sardinhada, tivesse falado com outras pessoas e se procurasse conhecer esta ilha pela boca de outros que não aqueles que o rodearam, talvez ficasse a saber que a Graciosa e os Açores são bem servidos pelo serviço regional de saúde que é, em muito, superior ao do continente. Talvez ficasse a saber que no seu partido há quem distribua empregos pelos seus familiares, diretos e indiretos. Finalmente, poderia também aferir que outras famílias da sua área política abundam em alguns serviços da ilha. E mais… nesta visita Berta Cabral, muito preocupada com o resultado da última sondagem, acabou por fazer aquilo que acusa os outros: ofereceu cargos de chefia por um punhado de votos.

É o desespero.

20 de setembro de 2012

Pois é...


Na segunda-feira passada ouvi um dirigente nacional do PSD afirmar, muito convicto, que as razões do falhanço total das políticas económicas deste governo da república deviam-se à conjuntura internacional.

Esta foi a primeira vez, depois das eleições nacionais de 2011, que ouvi um dirigente do PSD aventar que esta crise que nos assola poderá afinal ter outro responsável que não o anterior primeiro-ministro. Pois é, afinal começam a cair as máscaras daqueles que sempre se esforçaram por atribuir as culpas a quem lhes dava jeito, quando todos sabiam que por essa Europa e pelo Mundo fora muitos países passavam por dificuldades semelhantes às nossas.

Agora, acossados por todos os lados e acusados de não conseguirem melhorar a situação económica do país, apesar do impressionante sufoco fiscal a que sujeitam e vão sujeitar ainda mais os portugueses, começam a pôr a mão na consciência e atiram para a conjuntura internacional as culpas desta crise, coisa que também deveriam ter feito, se houvesse honestidade política e intelectual, na altura em que entraram em campanha eleitoral.

Pela nossa região assistimos a algo parecido, mas ao contrário. O PSD andou à procura de buracos financeiros, de contas mal geridas, tentou empolar os números da crise, eu sei lá do que mais…

Como as coisas afinal não eram assim – e isso foi confirmado por entidades idóneas – o PSD desesperou, arrepiou caminho e mudou de tática. A opção passou pelo ataque pessoal de uma forma inadmissível nos tempos que correm, pela promessa de empregos inexistentes, pelas ameaças constantes, pela instrumentalização de atividades religiosas, pelo incentivo a manifestações de descontentamento, pelo prometer tudo a todos, desde obras até cargos políticos na administração regional e nas empresas públicas. Enquanto isto a líder do ainda maior partido da oposição anda por aí, feliz e contente, a afirmar que vai cortar aqui e ali, que vai moralizar o sistema, num constante debulhar de ideias avulsas e contrárias às ações perpetradas pelo seu partido por essas ilhas fora. Como é possível isto acontecer?

Enquanto isto o Governo da responsabilidade do PS continua a governar para os Açorianos, abrindo esta semana mais um ano letivo sem sobressaltos, recebendo nota positiva dos professores, pais e alunos e com a novidade de fornecer o pequeno-almoço aos alunos que dele precisem.

Pois é, a vida tem destas coisas.

13 de setembro de 2012

Semana negra


Esta semana fomos novamente confrontados com mais medidas de austeridade e outra vez destinadas aos mesmos de sempre: os que menos podem.

Este governo de maioria PSD / PP entalou, literalmente, os portugueses e agora, depois de terem destruído milhares de postos de trabalho por via da redução do poder de compra, atiram-nos com mais impostos por já não saberem o que fazer.

Ainda de vez em quanto falam de uma herança pesada que receberam do governo anterior, mas o que é certo e sabido é que vão deixar ao próximo governo, além de uma herança ainda muito mais pesada, um país completamente empobrecido por medidas draconianas difíceis de suportar. Era por isto que os portugueses esperavam quando votaram em 2011? Certamente que não.

Estas medidas agora anunciadas tiveram um mérito inédito: não agradaram nem a gregos nem a troianos. Foram contestadas por todos, desde patrões a empregados, inclusivamente juntaram protestos de todos os partidos da oposição e também do PP, que, como se sabe, é parceiro do PSD no governo da república.

É caso para dizer que o PSD pensa que é o único partido que marcha certo e enquanto viver nesta ilusão não terá capacidade para perceber o mal que está a fazer a milhares de pensionistas e reformados, a trabalhadores que todos os dias veem acabar os seus postos de trabalho, às pequenas e médias empresas que não têm procura já que o poder de compra dos portugueses caiu a pique para níveis inauditos.

Assim vai a república arrastada por este desgoverno que, mesmo nesta conjuntura de aumento desmesurado da carga fiscal, mostra-se incapaz de melhorar as contas públicas.

Aqui nos Açores temos passado ao lado deste desvario, porque os governos do Partido Socialista tiveram o mérito e a sabedoria de manter as contas públicas em ordem e é por isso que este ato eleitoral que se aproxima é dos mais importantes dos últimos tempos.

Temos de combater o PSD, o de lá e o de cá, temos de nos manter firmes e intransigentes e bater o pé para que a autonomia dos Açores não seja alienada ou delapidada.

7 de setembro de 2012

Desta vez a derrota veio de Lisboa

Recentemente o Governo Regional dos Açores assinou com o Governo da República um memorando de entendimento, proposto em julho de 2011 pelo presidente Carlos César e aceite pelo primeiro-ministro em setembro do mesmo ano.

Quando o documento foi conhecido logo surgiram os agoirentos de turno a debitar considerandos, todos eles forrados de um pessimismo atroz, dizendo, nomeadamente, que os Açores tinham hipotecado a autonomia por uns milhões de euros.

Ora, nada de mais errado. A República Portuguesa, através deste documento e do que está plasmado no relatório da Inspeção Geral de Finanças, reconhece que a Região Autónoma dos Açores tem cumprido as metas orçamentais, não precisando de reduzir a despesa nem de aumentar a receita, nem tão pouco tem a necessidade de criar medidas restritivas ao contrário do que acontece lá fora ou na vizinha Região Autónoma da Madeira.

Isto quer dizer que os Açores não perdem a capacidade de promover medidas próprias de apoio às famílias e às empresas, como é o caso da redução do preço dos combustíveis, o complemento regional de pensão (cheque pequenino), complemento de abono de família para crianças e jovens ou a comparticipação na aquisição de medicamentos por idosos, não esquecendo o IVA mais reduzido ou o IRS e o IRC mais baixos em cerca de 20%.

Este acordo destinou-se a refinanciar a dívida pública devido às dificuldades de acesso aos mercados externos e garantir a capacidade da Região Autónoma dos Açores de manter uma política diferenciada, já que as contas dos Açores em nada contribuíram para o desequilíbrio financeiro do país.

Ao invés do que uma certa oposição pretende fazer crer, este entendimento é uma vitória e premeia a boa gestão das finanças públicas da Região Autónoma dos Açores.

É claro que o PSD, agachado à espera de um resgate financeiro ao estilo da Madeira, sofreu um novo revés, só que desta vez a derrota veio de onde menos se esperava, de Lisboa.