30 de setembro de 2015

A força do voto

Berta Cabral, na recente visita que fez à Graciosa no âmbito da campanha eleitoral, disse, e passo a citar, “votar PSD nos Açores é dar força a Passos Coelho”.

Esta interpretação é, no meu entendimento, completamente verdadeira e vem confirmar que a cabeça de lista do PSD Açores às próximas eleições legislativas nacionais está, de facto, de alma e coração com o seu líder, coisa que já se sabia, não constituindo, por isso, qualquer novidade.

Fica-se a perceber que Berta Cabral afinal está ao lado do seu chefe de Lisboa mesmo quando este está contra os Açorianos, como no caso das intempéries, em que negou o apoio aos Açores ao contrário do que fez com a Madeira, ou quando aprova as passagens aéreas mais baratas para a Madeira do que para os Açores, ou quando paga o serviço público da ligação entre a Madeira e o Porto Santo e não o faz nas ligações entre as ilhas dos Açores.

Aquela claríssima afirmação quer dizer que Berta Cabral deve concordar com as maldades que Passos Coelho tem feito aos Açorianos nos últimos tempos e isso era importante clarificar numa altura em que, mais uma vez, vamos ter de ir às urnas expressar o voto em defesa dos Açores.

No entanto nunca poderei esquecer, a este mesmo propósito, que ainda há bem pouco tempo Berta Cabral queria demarcar-se de Passos Coelho perguntando, e passo novamente a citar, “acham-me parecida com Passos Coelho? Não, não sou”. Nestas coisas os atos falam por si. Cada um é como cada qual.

Ao contrário do que quer e pensa a cabeça de lista do PSD Açores, no próximo domingo temos de expressar, com a força do nosso voto, um sinal inequívoco de que os Açores estão e estarão sempre em primeiro lugar e que as Açorianas e os Açorianos serão sempre uma prioridade.

Por tudo isso, só faz sentido votar no PS e em Carlos César. 

18 de setembro de 2015

O peditório

Ficamos muito surpreendidos com a aparente grandeza de Passos Coelho que, no decurso da campanha eleitoral, se disponibilizou para ser o primeiro subscritor de uma angariação de fundos para promover a defesa jurídica dos lesados do BES.

Habituados que estamos às contradições do ainda primeiro-ministro, habituados à deriva das suas ideias e à sua dificuldade em lidar com a verdade, não era previsível que nos pudesse surpreender de qualquer maneira. No entanto não se esperava este súbito gesto que mais parece de desculpabilização de um homem que se honra em não ter feito nada de que se arrependa.

A propósito da revolta sentida por muitos lesados afirmou, laconicamente, que tinha muita pena, mas os reguladores, leia-se Banco de Portugal e Comissão do Mercado de Valores Mobiliários, não se entendiam, fingindo que os verdadeiros culpados estavam, afinal, ali.

Depois de passar quatro anos a fugir das pessoas, Passos Coelho quando foi entalado, literalmente, entre o seu vasto corpo de guarda-costas e os lesados do BES, cada vez mais ruidosos e empenhados em levar até às últimas consequências as suas reivindicações, disparou estas desculpas de mau pagador e retirou da cartola aquela inesperada e inédita solução.

Os Portugueses sabem que Passos Coelho é rápido a resolver algumas coisas, como por exemplo as suas dívidas à segurança social, e agora ficamos a saber que para os outros casos um peditório é, no seu entendimento, o suficiente.

Daqui até ao dia 4 de outubro é natural que Passos Coelho abra outras subscrições, se for coerente com esta posição assumida naquela manifestação.

Importa saber se aquela aparente benemerência o levará a ser o primeiro subscritor de outros peditórios, nomeadamente para ajudar os que ficaram sem casa devido aos cortes perpetrados pelo seu Governo que os levaram ao incumprimento ou pelas penhoras dos bens por dívidas fiscais de baixo valor.

Vamos ver...

11 de setembro de 2015

Protocolo

O Governo da Polónia quis, e muito bem, homenagear um piloto da sua Força Aérea, Ludwik Idzikowski, que veio a falecer em consequência de uma aterragem de emergência na Ilha Graciosa, no longínquo dia 13 de julho de 1929.

Por seu lado, o Governo da República, como cicerone, encarregou-se de organizar essa cerimónia, nomeadamente listando as pessoas a convidar para acompanharem aquela homenagem e coordenar os seus preparativos.

A comitiva, que incluía um Ministro da Polónia e a Secretária de Estado da Defesa de Portugal, entre outros, desembarcou, curiosamente ou não, no mesmo avião que levou o Governo dos Açores após a visita estatutária à Graciosa.

Apesar da cerimónia em apreço ter acontecido nos Açores que, recorde-se, tem um Governo próprio, autónomo e perfeitamente legítimo, o Governo da República, de Pedro Passos Coelho, “esqueceu-se” da sua obrigação institucional de comunicar o acontecimento e convidar o Governo dos Açores, como era, de todo, recomendável.

Parece que não é a primeira vez que tal desrespeito acontece e ninguém acredita, com toda a certeza, que esta atitude seja apenas um “lapso de natureza protocolar”, conforme afirmou, e nos quis convencer, o Ministro Marques Guedes.

Esta reincidência lamentável e perfeitamente escusada serve apenas alguns interesses e protagonismos eleitorais intoleráveis, ainda para mais, quando se confunde, em vésperas de um escrutínio, a atividade partidária com a representação do Estado.

Os atos ficam para quem os pratica, tal como as consequências…

4 de setembro de 2015

Em bicos dos pés

É conhecida a tendência do líder do PSD-Açores de se chegar à frente para tentar agarrar os louros de uma qualquer iniciativa que seja boa para a Região.

Quando se falava na problemática da Base das Lajes e se adivinhava o pior, Duarte Freitas correu para fazer uma espécie de diplomacia paralela e anunciou que tinha feitos diversas reuniões, com toda a certeza muito proveitosas, com uma série de gente importante dos Estados Unidos, onde se incluía um falecido congressista.

Mais tarde também tentou atribuir a si e ao seu partido a iniciativa da descida de impostos na Região, porque, segundo o próprio, descobriu que havia essa possibilidade.

Passou-se o mesmo com o novo modelo de transporte aéreo de e para os Açores, apesar do próprio primeiro-ministro o ter desmentido em declarações prestadas aos jornalistas numa recente visita à Região.

Afirmou que em setembro íamos ter um reforço de agentes da PSP nas nossas esquadras, informação já conhecida desde novembro de 2014 pela boca do Secretário de Estado da Administração Interna, em declarações após uma reunião com o Presidente do Governo dos Açores.

Esta necessidade de se afirmar tem-lhe custado caro, mas parece que ainda não aprendeu. Mais recentemente quis anunciar, repentinamente, para ser o primeiro, que os voos low cost iriam começar a aterrar na Terceira já em setembro, apesar de ser do seu conhecimento que essa matéria era, ainda, alvo de negociações.

Foi novamente desmentido, desta vez pelos proprietários das empresas que acusaram o governo de Passos Coelho de não querer que tal acontecesse.

Depois de estar desaparecido durante vinte quatro horas, lá surgiu numa inarrável conferência de imprensa culpando forças ocultas de boicotarem as suas pretensões, quando ainda recentemente dava a entender que resolvia tudo com um simples telefonema ao seu chefe Passos Coelho.

Ficamos a saber que afinal Duarte Freitas não risca nada.