O atual primeiro-ministro, Pedro
Passos Coelho, referiu recentemente que não era objetivo do Governo criar um
modelo assente em salários baixos ao mesmo momento em que baixava o rendimento
dos funcionários públicos, dos pensionistas e incentiva a redução de salários
no sector privado.
Referiu, também recentemente, que
as medidas duras que aplicou aos Portugueses se deviam a um programa da troika bem desenhado mas mal calibrado,
muito embora ninguém se esqueça das suas declarações em plena campanha, onde
afirmava orgulhosamente que o seu programa coincidia com o memorando de
entendimento e dizendo, depois de ser empossado, que iria mais além do exigido
pela troika.
Durante estes dois anos e tal em que
dirige o Governo de Portugal já deu para entender que este senhor diz uma coisa
e faz outra, sem qualquer pejo nem consideração por um povo que sofre nas mãos
de ultraliberais assumidos que fazem jogos de experimentalismos económicos sem se
preocuparem com as consequências.
Estas e outras considerações
enquadram-se, com toda a certeza, no reconhecimento que deve ter do mal que fez
a todo um povo que se sente arrasado por esta onda de austeridade. Agora, muito
devagarinho e quase à socapa, o primeiro-ministro vem assumindo que talvez
tenha sido excessivo na sua aplicação, tendo para isso um grande apoio do Fundo
Monetário Internacional que, na pessoa da sua Presidente, vem agora admitir que
aquele organismo errou na aplicação da austeridade e na avaliação das suas
consequências nos países com maiores dificuldades. Tarde de mais. Cheira a peso
na consciência, a remorso tardio.
Enquanto isto, alguns
comentadores das áreas políticas do PSD e do CDS-PP vêm a público regozijar-se
com alguns indicadores de crescimento da economia e sinais de estabilização do
desemprego. Depois de arrasada é natural que a economia cresça, não há outro
remédio. Sabe-se que o consumo tem sido responsável por esse ténue crescimento,
consumo esse que foi completamente dizimado pelo Governo, queda atenuada pela
ação fiscalizadora do Tribunal Constitucional que, em boa hora, conteve o
desvario deste desgoverno. O desemprego foi estabilizado à conta da sangria da
emigração motivada pela falta de esperança de inúmeros concidadãos que não
encontraram respostas no seu país.
Fazendo fé neste amontoado de
incongruências e no sentimento da esmagadora maioria do povo de Portugal
chegamos à conclusão que afinal este Governo de Passos Coelho e Paulo Portas
não tem calibre para servir o nosso país.
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