Fui convidado pelo Rui Jorge para
participar no convívio anual dos Graciosenses na cidade de Lowell, nos Estados
Unidos da América.
Não foi a primeira vez que tal
aconteceu, mas por uma razão ou por outra só agora consegui cumprir esse desejo
antigo de visitar aqueles que foram em busca dos seus sonhos.
No exercício de funções públicas
tenho por hábito dizer, aos que me acompanham, que temos de estar presentes
onde houver um Graciosense e, talvez por isso, considerava que, para além do desejo
de participar naquele convívio, esta também seria uma obrigação minha.
Nesta viagem, confirmei, mais uma
vez, que a Ilha Graciosa é muito mais do que os 62 quilómetros quadrados que a
geografia lhe proporcionou. Digamos que há o lado de cá e o lado de lá desta mesma
ilha e essa peculiaridade sente-se quando se visita uma comunidade como aquela.
Encontrei muitos amigos, alguns
que revejo anualmente, outros que quase já lhes tinha perdido o rasto. Uns
cresceram e brincaram comigo. Outros, apesar de pertencerem a uma geração mais
velha, marcaram também a minha juventude. Outros, ainda, apesar de ter sido
incapaz de, à primeira, recordar os seus nomes, cheguei lá através das suas
feições, devidamente atualizadas pela ação do tempo, que não perdoa, como bem
sabemos.
Todos eles saíram da ilha, mas
vê-se que a ilha não saiu deles. Estão lá, construíram famílias e vidas, mas o
coração continua neste torrão plantado no meio do Atlântico. Em nenhum caso senti amargura pelo facto da
sua ilha, da sua região e do seu país, terem sido incapazes de lhes dar
condições para evitar a sua emigração.
O Cônsul de Portugal na cidade de
Boston, conhecedor da realidade da nossa diáspora, teceu, no seu discurso,
grandes elogios à comunidade Graciosense residente naquele estado,
considerando-a mesmo um exemplo, facto que embeveceu quem lá estava.
Mas manter uma comunidade unida
dá trabalho e por isso é necessário enaltecer a dedicação destas mulheres e
destes homens que, dirigidos pelo Rui Jorge, mantêm de pé este encontro há exatamente
treze anos consecutivos, incutindo nos participantes, para além do espírito de
união, o gosto pelas tradições da nossa terra.
Foi um reencontro cheio de
emoções fortes, mas que valeu a pena.
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