20 de março de 2006

Prata para serviço de Ouro

Foi a partir de 1980 - ano em que o grupo central dos Açores foi fustigado pela fúria de um sismo que arrasou 60% das ilhas Terceira, S. Jorge e Graciosa e cujas consequências dramáticas são por todos conhecidas - que houve um esboço para criar uma nova dinâmica, de expandir e descentralizar meios com capacidade de intervenção em caso de catástrofe, que, afinal, poderia acontecer em qualquer altura e em qualquer ilha do nosso arquipélago, conforme o sismo daquele primeiro dia de Janeiro tinha revelado, nesse infeliz e terrível momento da nossa história recente.

Nessa altura, e decorrendo também das primeiras conquistas da Autonomia dos Açores instituída em 1975, foram estabelecidos parâmetros pela Administração Regional, embora flexíveis, que apontavam para a constituição de uma corporação por ilha e da existência de um corpo de bombeiros por cada 20.000 habitantes ou raio de actuação de 15 km.

Os Açorianos, e neste caso particular os Graciosenses, estavam habituados a uma vida dura, entregues a si próprios, cultivando a arte de sobreviver ao sabor das intempéries e dos fenómenos da natureza, ambos tão pródigos nestes pedaços de terra semeados na imensidão do oceano.

A 17 de Março de 1981 foi constituída a Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários da Ilha Graciosa, decorrendo da necessidade imperiosa que o Governo Regional em funções naquela época, sentia em criar uma estrutura que garantisse eficazmente a protecção de vidas e de bens dos Graciosenses.

O impulso inicial foi dado pelo Presidente da Câmara Municipal de Santa Cruz da Graciosa daquele tempo, Senhor Gui Weber Bettencourt Louro, que vestido das funções do mais alto representante da população, percebeu ser imperioso dotar a Graciosa destes meios, enquanto o Senhor Vasco Weber Santos Vasconcelos, imbuído da sua conhecida dinâmica e espírito de entrega, assumia a primeira Direcção da Associação, que tinha apenas vinte sete associados.

O primeiro corpo de bombeiros, comandado pelo Senhor Manuel Santos Ataíde Bettencourt, contava com catorze efectivos, uma viatura e algum material. Era, certamente, um grupo com limitações advindas da falta de formação, próprias de um primeiro ciclo de qualquer associação do género, o período de fundação, mas que rapidamente se adaptou às novas exigências requeridas por um corpo de bombeiros moderno e eficaz, como convém.

Por via de um novo quadro orgânico instituído no Decreto Legislativo Regional 24/2003/A de 7 de Agosto, sedimentado na concentração do Serviço de Protecção Civil e da Inspecção Regional de Bombeiros num único serviço, o Serviço Regional de Protecção Civil e Bombeiros dos Açores, mediante a nova perspectiva da entidade públicas, foram dados novos passos para a abertura de um novo ciclo de pujança na protecção civil, como nunca antes fora visto.

A construção de uma verdadeira protecção civil é uma responsabilidade do Estado, é certo, mas não será menos verdadeiro afirmar que é também uma responsabilidade de todos. É preciso, digo mais, é urgente, todos os cidadãos interiorizarem que são eles os primeiros agentes desta cadeia.

O esforço financeiro, a dotação de meios técnicos e a formação já deram resultados. No dia Internacional da Protecção Civil foi considerado que a Região têm um dos melhores serviços do País. Para a Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários da Graciosa é também uma honra dar um contributo para esse sucesso.

Depois da construção da sua sede em Agosto de 1989 foi necessário proceder à sua ampliação já no ano de 2003. Por outro lado a modernização do seu equipamento tem sido uma constante, enquanto a formação foi sempre uma das preocupações principais do corpo de bombeiros que, entretanto, adquiria novas responsabilidades.

Em 1991 passa a prestar o serviço de transporte de doentes e de socorro, recentemente passou a prestar serviço de bombeiros no aeroporto e futuramente passará a ter uma unidade de socorro a náufragos devidamente equipada e formada especificamente para esse fim.

Dentro das suas competências, o corpo de bombeiros registou no ano passado 2.327 ocorrências, mais 5,8 % do que em 2004 e mais 24,9 % do que em 2003. Estes números não são desprezíveis e confirmam a importância cada vez maior que o corpo de bombeiros tem para sociedade onde está inserido.

A vida desta instituição depende directamente dos seus associados, aliás como todas as outras, quer culturais, quer desportivas. No entanto tem vindo a verificar-se uma degradação da relação dos sócios com a Associação, o que me parece deveras preocupante. Isso tem-se notado nas últimas Assembleias-gerais, praticamente desertas.

É preciso inverter rapidamente esta situação e uma das soluções passa pelo aumento do número de sócios, através de campanhas e uma delas poderia muito bem ser “UMA FAMÍLIA UM SÓCIO”, até porque esta coisa de desgraças é hoje a um, amanhã a outro, mas normalmente toca a todos…

É fundamental enaltecer o importante serviço realizado ao longo destes 25 anos pelos efectivos deste quartel e pelas pessoas que integram os diversos órgãos sociais, que, em prejuízo das suas famílias e amigos, têm dedicado os seus tempos livres a esta Associação e na prossecução dos seus elevados objectivos, honrando sempre o lema “PARA SERVIR E DAR A VIDA”.

1 comentário:

Mike Maciel disse...

Gostei muito do teu blog!

Só para te dizer que te adicionei a BlogBoard dos Açores!

Se houver mais algum Blog de que tenhas conhecimento na Graciosa, agradecia que me avisases, muito obrigado!

http://factosonline/blogs

Mike Maciel