Carlos César anunciou no passado
dia 7 de Outubro que não se recandidatava a Presidente do Governo dos Açores no
acto eleitoral previsto para 2012.
Foi uma atitude muito digna, que
não está ao alcance de todos, e que, certamente, fará história na política
regional, por demonstrar um desprendimento inusual e, sobretudo, por querer
honrar a palavra dada aquando da sua reeleição em 2008.
Na sua intervenção explicou de
forma concisa aquilo que o levou a tomar essa decisão, que, segundo o próprio,
foi pessoal, muito reflectida e tomada há muito.
Confesso que fazia parte do grupo
de muitos e muitos açorianos que julgava e desejava que o seu anúncio fosse no
sentido contrário.
A esses não resta outra
alternativa senão aceitar e admirar aquele que, perante apelos de vários
sectores da nossa sociedade, declinou essa possibilidade assente em declarações
passadas.
É certo que existiam diversos
pareceres jurídicos independentes que apontavam para a admissibilidade da sua
candidatura, mas Carlos César optou por respeitar e cumprir a palavra dada, o
que dá uma grande dimensão a este gesto.
Carlos César irá cumprir, em
2012, dezasseis anos à frente dos Açores em quatro governos do Partido
Socialista.
Não caberia aqui o muito que foi
feito durante este período. Da saúde, à agricultura, passando pelas pescas e
pelas políticas sociais, não esquecendo o ambiente, o turismo e a revitalização
do tecido empresarial, os Governos do Partido Socialista impuseram um forte
ritmo de desenvolvimento que contribuíram decisivamente para a convergência com
o resto do país e com a Europa. Esta é a marca indelével do Partido Socialista
e que ficará, certamente, para memória futura.
Quando se reflecte sobre estas
questões o que se depreende é que nos Açores Carlos César dirigiu com mestria,
durante dezasseis anos, políticas dirigidas às pessoas e impôs rigor nas
finanças públicas, não se conhecendo, por isso, casos de corrupção nem de abuso
de poder, mas, não obstante, quando teve oportunidade para isso, uma das coisas
que colocou, em sede de revisão do estatuto político-administrativo, foi a
limitação de mandatos. Aqui mesmo ao lado, na Região Autónoma da Madeira, temos
um líder acossado por todo o lado e com mais de trinta anos de poder, a terminar
mais uma luta para se perpetuar no poder apesar das acusações graves de má
gestão dos dinheiros públicos e de encobrimento da dívida, que ultimamente
foram denunciadas e que inexplicavelmente surpreenderam muita gente.
Alguns dirão que é a ironia do
destino, mas o que aqui está em causa é a profunda diferenciação entre duas
maneiras de estar na política e entendimento da causa pública.
Adiante… A 7 de Outubro, o tal
dia do anúncio público de Carlos César, alguma oposição terá festejado efusivamente,
porque, e isso notava-se no constante frenesim quando se falava nestas coisas, estava
refém desta decisão e vivia acantonada com medo do adversário, em prejuízo da
confiança que deveria ter no seu próprio projecto político.
Essa oposição julgava que o
Partido Socialista iria passar por uma incontornável, segundo eles, longa noite
das facas longas. Nada de mais errado. Poucas horas depois os órgãos internos
do partido reagiram, indigitando e aprovando o nome de Vasco Cordeiro para
candidato a Presidente do Governo, sem qualquer contestação. Foi uma escolha
acertada porque Vasco Cordeiro é respeitado pelos açorianos, é um jovem com
larga experiência política, conhece como ninguém os Açores e domina os
principais dossiers do Governo dos Açores.
Foi uma resposta rápida que
demonstra a coesão no seio de um partido responsável que entende que os Açores
estão acima de qualquer projecto pessoal.
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