Há pessoas assim. Depois de anos
de labuta, chegam à idade de merecidamente gozarem a aposentação e continuam
sensatos e capazes de avaliar o resultado do seu trabalho com humildade,
cientes dos muitos sucessos e também com a capacidade de reconhecer aquilo que
eventualmente terá corrido menos bem.
O Dr. Joaquim Ferreira da Silva
é, sem dúvida, uma dessas pessoas. O seu feitio apaziguador fê-lo cumprir a sua
missão, tratando novos e velhos, ricos e pobres, sempre com igual dedicação,
demonstrando a mesma disponibilidade para com todos aqueles que dele
precisavam. E quando, mais tarde, foi chamado a cumprir funções de chefia,
empenhou-se de alma e coração naquilo que entendia ser a função do Centro de
Saúde da Graciosa e a política do Serviço Regional de Saúde, zelando pelo alto
interesse das nossas gentes, sem se importar com cargos, honrarias ou estatuto.
A vida de médico numa pequena
ilha com poucos recursos não deve ser nada fácil. Decidir se evacua ou não um
doente, se a gravidade justifica a transferência para um especialista ou não, tudo
isto sem os modernos dispositivos de apoio que existem nos hospitais centrais, são
acções que um médico que desempenha as suas funções em comunidades mais
isoladas tem de tomar diariamente, muitas das vezes de um modo solitário, o que
agrava a responsabilidade.
Alguns não conseguiram viver com o
peso dessa responsabilidade. Não foi o caso do Dr. Ferreira. Aguentou
estoicamente estes 30 anos ao serviço dos Graciosenses, sem nunca vacilar e sem
pedir nada em troca.
A gratidão não se exige, antes
pelo contrário, conquista-se. Foi isso que aconteceu ao Dr. Ferreira. Ao longo
destes anos, sem subserviências, soube conquistar o coração dos Graciosenses sem
tão pouco saber que o fazia.
Foi um trajecto notável testemunhado
pelos habitantes desta ilha que sabem reconhecer aqueles que lhes querem bem.
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