Ficamos a saber que o governo de
Passos Coelho optou, ou terá sido obrigado a optar, por uma saída limpa depois deste
período em que estivemos sujeitos a uma intervenção externa por via de um
programa de assistência financeira.
Não haja dúvida que estes últimos
três anos foram penosos para os Portugueses que, mesmo habituados a aumento de
impostos quando as coisas correm mal, nunca viram nada parecido com este
esforço descarado para empobrecer os pensionistas e a classe média, enquanto,
de um modo incompreensível, os mais ricos e poderosos continuaram a reforçar os
seus ativos e as suas contas bancárias.
Este desequilíbrio na
distribuição de sacrifícios não tem sido feito de uma forma inocente, como já
se percebeu. Esta política neoliberal é mesmo assim e estes protagonistas já há
muito aguardavam por esta oportunidade para levar à prática estas suas
políticas.
Portugal tem mais pobres, mais
desempregados, sobretudo jovens, uma dívida pública maior, tem menor acesso à
saúde, à educação e aos benefícios sociais, como o subsídio de desemprego,
abono de família ou rendimento social de inserção.
Registamos nestes últimos três
anos um brutal aumento de impostos e um leque de cortes sem precedentes, mesmo
feitos à socapa e quase sempre depois de juras que tal não iria acontecer.
Por força disso os índices de consumo baixaram para níveis nunca vistos, prejudicando milhares de pequenas e médias empresas que foram obrigadas a fechar e a despedir os seus empregados que engrossaram os números do desemprego.
Vieram agora a público o
Presidente da Comissão Europeia, o Presidente da República, o
Primeiro-ministro, a Ministra das Finanças e outros seguidores, afirmar que
esta era uma saída limpa e que Portugal estava no bom caminho.
Duvido que este sufoco possa ser
considerado um caminho, tão só, e classificá-lo como bom é uma força de
expressão de mau gosto. Quanto a limpeza, a única certeza que nos ocorre é que limpinhos,
limpinhos estão os bolsos dos trabalhadores Portugueses.
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