A RTP-Açores, no meu
entendimento, é imprescindível aos Açores. Representa o traço de união entre
todos os Açorianos, de Santa Maria ao Corvo.
Quando surgiu, no dealbar da
nossa autonomia política e administrativa, a RTP-Açores era a única estação
televisiva que os Açorianos podiam sintonizar. Foi com ela que vimos as
primeiras novelas, foi através dela que nos habituamos a ver o que acontecia nas
outras ilhas, no continente e no mundo, foi por ela que desfilaram figuras
conhecidas de todas as ilhas, foi por causa dela que aprendemos a respeitar e a
conhecer melhor as nossas tradições.
No passado esta estação viveu
momentos de grande criatividade, quer na produção de programas que os
especialistas valorizaram, quer na realização de séries em que a imaginação e o
profissionalismo tratavam de arranjar soluções para a falta de meios técnicos.
Foi um período áureo desta
estação regional que coincidiu com a dispersão pelas ilhas de alguns meios,
nomeadamente os correspondentes, que permitiam enviar para um dos centros
regionais peças dos acontecimentos locais para os programas de informação, mais
ou menos formais, que emitiam de manhã, à tarde e à noite.
No passado recente a RTP-Açores,
à conta das enormes restrições financeiras, sofreu um ataque que reduziu o
serviço público a quase nada. Vimos desaparecer programas, reduzir noticiários,
sair gente com muito valor. Esta fase coincidiu com a proliferação de canais e
com a revolução tecnológica que permite a qualquer cidadão ter um canal próprio
ou mesmo fazer uma reportagem com um simples telemóvel.
A RTP-Açores vive, neste momento,
tempos difíceis, não só pela indefinição, mas também pela demora em arranjar
uma solução sustentada que permita àquela estação prestar um verdadeiro serviço
público em todas as ilhas dos Açores.
Hoje, com a revolução verificada
no audiovisual, provavelmente podíamos viver sem ela, mas de certeza que não
seria a mesma coisa.
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