Ficamos muito surpreendidos com a
aparente grandeza de Passos Coelho que, no decurso da campanha eleitoral, se
disponibilizou para ser o primeiro subscritor de uma angariação de fundos para
promover a defesa jurídica dos lesados do BES.
Habituados que estamos às
contradições do ainda primeiro-ministro, habituados à deriva das suas ideias e
à sua dificuldade em lidar com a verdade, não era previsível que nos pudesse surpreender
de qualquer maneira. No entanto não se esperava este súbito gesto que mais
parece de desculpabilização de um homem que se honra em não ter feito nada de
que se arrependa.
A propósito da revolta sentida
por muitos lesados afirmou, laconicamente, que tinha muita pena, mas os
reguladores, leia-se Banco de Portugal e Comissão do Mercado de Valores
Mobiliários, não se entendiam, fingindo que os verdadeiros culpados estavam,
afinal, ali.
Depois de passar quatro anos a
fugir das pessoas, Passos Coelho quando foi entalado, literalmente, entre o seu
vasto corpo de guarda-costas e os lesados do BES, cada vez mais ruidosos e
empenhados em levar até às últimas consequências as suas reivindicações,
disparou estas desculpas de mau pagador e retirou da cartola aquela inesperada
e inédita solução.
Os Portugueses sabem que Passos
Coelho é rápido a resolver algumas coisas, como por exemplo as suas dívidas à
segurança social, e agora ficamos a saber que para os outros casos um peditório
é, no seu entendimento, o suficiente.
Daqui até ao dia 4 de outubro é
natural que Passos Coelho abra outras subscrições, se for coerente com esta
posição assumida naquela manifestação.
Importa saber se aquela aparente
benemerência o levará a ser o primeiro subscritor de outros peditórios,
nomeadamente para ajudar os que ficaram sem casa devido aos cortes perpetrados
pelo seu Governo que os levaram ao incumprimento ou pelas penhoras dos bens por
dívidas fiscais de baixo valor.
Vamos ver...
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