Reparei que, durante e já depois dos festejos das legislativas nacionais, o tema que o PSD – Açores elegeu para insistir até à exaustão foi e ainda continua a ser a sucessão no Partido Socialista – Açores. Assistimos a isso na entusiástica conferência de imprensa do dia 5 de Junho e no último plenário da Assembleia Legislativa.
Essa questão, a pôr-se, será sempre um assunto do foro interno do Partido Socialista.
Esta nova abordagem por parte do ainda maior partido da oposição nos Açores revela uma insegurança enorme, a roçar o pavor, ao imaginar que em 2012 terão o Presidente Carlos César a recandidatar-se a um novo mandato, tendo do outro lado a Dra. Berta Cabral. Esta é que é a verdade que preocupa muita gente.
E é por isso que se tem visto o PSD a cavalgar as últimas vitórias eleitorais, as presidenciais e as legislativas nacionais, numa rebuscada tentativa de capitalizar prestígio e, claro, votos. O problema, e como se tem visto nas opções que o povo faz em cada um dos actos eleitorais, é que isso já não resulta. Cada eleição é uma eleição e o povo quando se exprime através do voto, sabe ao que vai. Talvez no passado isso fosse assim, quando as pessoas eram ameaçadas ou amedrontadas, mas agora garanto que já não o é.
Lembro aos mais desatentos que nas eleições regionais de 2012 o que vai contar é o histórico do trabalho feito nesta região pelos partidos que concorrerão nessa disputa.
E é nessa premissa relevante que as coisas se complicam para o maior partido da oposição, porque os históricos de um e de outro partido são indubitavelmente diferentes. O Partido Socialista – Açores honra-se de ter um enorme património desde que assumiu o poder em 1996. Foi o Partido Socialista, liderado pelo Presidente Carlos César, que reergueu esta região das cinzas, ameaçada por uma falência anunciada. A região estava estatizada e com pouco espaço para a iniciativa privada, as empresas públicas davam prejuízos atrás de prejuízos, as dívidas a fornecedores punham em causa a sobrevivência de muitas empresa, o desemprego era elevado, a taxa de emprego feminino era diminuta, o número de trabalhadores activos era muito menor e com baixa qualificação, as empresas de lacticínios viviam em grande sufoco com mais de 12 meses de atraso nos pagamentos aos produtores, não existiam portos de pesca condignos, as embarcações eram obsoletas e a rede de frio era inexistente. O turismo pouco valia, os hotéis escasseavam e as acessibilidades eram más e caras e o transporte marítimo de passageiros tinha sido desmantelado.
Também é por demais evidente que em 2012 o prestígio dos candidatos terá um forte impacto nas opções dos eleitores e é por isso que a Dra. Berta Cabral não dorme bem enquanto não vir isso resolvido. Se Carlos César se recandidatar, como eu espero, a líder do PSD, além das insónias, terá ainda grandes pesadelos.
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