Gaspar Manuel dos
Santos Cordeiro
(04/09/1952 – 25/07/2011)
(04/09/1952 – 25/07/2011)
Em finais de julho passado fomos
surpreendidos com a morte do Gasparinho, pouco tempo depois de ter sido
assolado pela doença.
Por mais que queiramos nunca
estamos preparados para enfrentar a morte como um desígnio da natureza,
sobretudo quando esta nos rouba alguém a quem queremos muito e que muito ainda
tinha para dar.
Era o caso do Gasparinho. Na Ilha
Graciosa todos gostávamos dele. Para isso terá contribuído a sua maneira de ser,
a sua maneira de agir e, sobretudo, a humildade e a bondade que colocava no
relacionamento com os outros.
Na farmácia, onde trabalhou cerca
de 40 anos, era um excelente profissional, dando sempre uma palavra a quem
procurava aquele estabelecimento. Gente idosa e fragilizada pela doença
constituí a maior franja de utentes de qualquer farmácia e, por vezes, aquando
da compra de mais um medicamento para lutar contra a doença ou retardar e
tratar os efeitos da velhice, uma voz amiga pode fazer toda a diferença. E era
aí que o Gasparinho era exímio. Sem se deixar levar pelos lamentos de quem
sofria, dava a cada um dos “seus clientes” uma palavra de alento e de coragem.
A música era uma das suas grandes paixões. Foi trompetista na Filarmónica Recreios dos Artistas, onde tocou com o pai, um tio e um irmão. Tocou guitarra e deu a voz nos conjuntos Selvagens do Rimo e Ritmo 2000, com quem gravou dois discos, Terra de Gente e Mar e Ritmo 2000 ao vivo nos Estados Unidos. Andou ainda muitos anos a animar os bailes de carnaval tocando no conjunto do Graciosa Futebol Clube.
Tinha uma voz inconfundível, que se sobrepunha em suave melodia aos instrumentos musicais permitindo ouvir os bonitos temas que gostava de interpretar, desde fados até aos temas populares, acompanhado sempre pela sua guitarra, que tocava com desvelo. Com a sua trompete dourada dava show nos bailes tradicionais e quando se juntava ao Acácio e ao Valdemiro, em improvisos nas frequentes tertúlias, completava uma tripla de se lhe tirar o chapéu. Quem assistiu a estes momentos nunca os esquecerá. Foram noites e noites animadas por estes verdadeiros artistas.
Ouvi o Gasparinho cantar pela última vez na Gala do Desporto Açoriana, com os KontraBanda, no que agora, à distância, me parece uma espécie de despedida.
Foi também um grande jogador de futebol. Sempre o conheci a jogar a defesa central no seu clube de sempre, o Graciosa Futebol Clube, que serviu - como atleta, como músico ou como dirigente – até ao dia da sua morte, altura em que era Presidente da Direção.
Como jogador era conhecido pela elegância que punha em campo. Jogava muito bem, de cabeça e com os pés. Era muito astuto na leitura do jogo e com um comportamento irrepreensível. Como capitão da equipa dava alento aos colegas nas horas dos fracassos e rejubilava nas vitórias. Era ele que empurrava a equipa para a frente, literalmente.
O Gasparinho tinha várias qualidades e talentos, mas distinguiu-se, sobretudo, por ter sido um grande Homem.
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