As medidas de austeridade eram
esperadas e toda a gente sabia que era preciso inverter a tendência de se
gastar mais do que se pode. Não era um problema único de Portugal. O mesmo se
passava e passa noutros países por essa Europa fora e pelo mundo.
O governo de José Sócrates caiu
porque a oposição não pactuava com mais austeridade, nomeadamente a que estava
prevista no chamado PEC 4.
Depois de jurar, a pés juntos,
que a via para resolver o défice não passava pelo reforço do plano de austeridade,
eis-nos perante um governo que, utilizando o medo como arma, ultrapassa, e em
muito, o que está acordado com a troika.
E fá-lo sem qualquer pejo, como
aconteceu logo a seguir ao acordo de concertação social onde o governo
assegurou que em matéria laboral se tinha ido mais além do acordado.
Fá-lo também com consciência de
que a austeridade não chega de igual modo a todos. Veja-se o caso do Banco de
Portugal, dos novos contratos para cargos governamentais, que preveem 14 meses, sem, no entanto, lhes chamar subsídios de
férias e de natal ou das recentes nomeações para a EDP onde a contenção
salarial é coisa que não existe.
Este orgulho de ir até ao limite
do razoável, atropelando direitos laborais e desmantelando o estado social
faz-nos perceber que o poder está nas mãos de neoliberais que, neste momento,
apenas querem mostrar serviço à dupla Merkel - Sarkosy.
Poderíamos ficar aqui a fazer
considerações de vária ordem e esquecer o essencial. O grande problema é que,
neste momento, muita gente passa por dificuldades. Estes cortes generalizados,
por vezes cegos, estão a originar o desmoronar de pequenas e médias empresas,
mandando para o desemprego milhares de pessoas. Retirar dinheiro à economia
neste momento agudiza a crise e não há pastéis de nata que nos valham.
Aqui nos Açores, apesar de termos
as contas em ordem, estamos também a apanhar por tabela. A crise está aí,
ninguém duvida.
O PSD, cá como lá, apesar da
pouca margem de manobra, tenta, a todo o custo, dar a paternidade desta crise
aos adversários políticos esquecendo-se que o povo tem os olhos bem abertos e
já não vai em balelas.
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