No Dia dos Açores, que se comemorou
este ano na Vila da Povoação, o Presidente Carlos César fez um discurso
brilhante, como sempre, mas este foi especial, a meu ver, talvez por ser o
último desta legislatura e por não ser candidato a Presidente do Governo dos
Açores nas próximas eleições de outubro.
É conhecida a sua posição firme
em defesa dos Açores e dos Açorianos. Carlos César nunca se coibiu de levantar
a voz sempre que esteve em causa a autonomia da região, independentemente da
cor política dos inquilinos de S. Bento. Sempre repeliu os ataques dos
centralistas que gravitam em todos os partidos políticos e que surgem à luz do
dia nos momentos em que podem fazer mossa.
A política de proximidade,
configurada no nosso modelo de autonomia, permitiu ao arquipélago
desenvolver-se mais rapidamente em áreas fundamentais, como a saúde, a educação
e o apoio social, que levavam décadas de atraso em relação ao resto do país.
É certo que foi nos últimos 16
anos que a Região Autónoma dos Açores conheceu um enorme crescimento fruto das
opções de investimento estratégico e do reconhecido rigor nas finanças
públicas. Daí a convergência com o país e a Europa em indicadores económicos e
sociais, que demonstram o acerto nas políticas
executadas pelo Partido Socialista. Mas, no seu discurso, Carlos César fez
referências às conquistas dos 36 anos, tantos os que tem a autonomia dos
Açores, sem nunca esquecer os que o antecederam, demonstrando um enorme sentido
de estado.
Por isso, por colocar os Açores
sempre em primeiro lugar e também por ser um grande político, no final da sua
intervenção, o Presidente do Governo Regional foi longamente aplaudido de pé
por quase todos os presentes.
Digo quase todos porque meia
dúzia ficou sentada, com os olhos colados ao chão e um envergonhado esboço de
aplauso sobre o regaço. Curiosamente são os mesmos que perpetraram uma
inexplicável guerra de lugares, com telefonemas em voz exacerbada para a
comunicação social pressionando-os para darem atenção a uma situação protocolar
que é, no fundo, perfeitamente normal. E logo estes, habituados que estão a
empurrar para ficarem mais à frente ou a atropelar todas as regras de ética para
terem mais uns minutinhos de antena.
Foi uma tentativa de estragar uma
festa de partilha e de união, que é património de todos os Açorianos. Não
conseguiram.