Quer se goste ou não do estilo, o
“Bom Dia” de Pedro Moura é uma programa de televisão que cumpre, na integra, a
missão de serviço público nos Açores. Ninguém se admira de este ser dos mais
vistos na RTP-Açores.
Quando as reportagens são de
pequenas comunidades, das ilhas mais pequenas ou de assuntos menos relevantes e
não cabem nos noticiários tradicionais, têm sempre à sua espera um lugarzinho
no “Bom Dia”. Muitos são os entrevistados do Pedro Moura que nunca teriam
hipóteses de aparecer no Telejornal e que ali têm espaço para apresentarem os
seus projetos, recebendo, em troca, um apoio incondicional daquele jornalista,
que valoriza o trabalho e empenho de muitas associações espalhadas por este
arquipélago.
Sabe-se agora que a emissão do “Bom
Dia” vai terminar. Assim, sem mais. De qualquer dos modos este tipo de
programas já tinha sido condenado pela ordem, vinda de Lisboa, de concentração
do horário de emissão. O “Bom Dia” de Pedro Moura é, assim, a primeira vítima
da transformação da RTP-Açores numa mera janela.
O ministro Miguel Relvas não
percebeu ou não quer perceber que a RTP-Açores não é um canal de televisão
qualquer. Na sua génese esteve a coesão de uma região composta por nove ilhas e
muito mar e, neste momento, a RTP-Açores representa um instrumento que
contribui, e muito, para o fortalecimento da nossa Autonomia. Transformar o
futuro da televisão dos Açores numa mera questão economicista é de muito mau
gosto, sobretudo quando se sabe que o problema deste canal nem sequer reside aí.
Os Governos dos Açores do Partido
Socialista sempre entenderam que o financiamento do serviço de rádio e
televisão é da responsabilidade da República Portuguesa, mas, mesmo assim,
criaram condições técnicas para que fosse possível cobrir com alguma qualidade
e regularidade os acontecimentos de todas as ilhas, em nome da coesão regional.
Confrangedora é a posição do
PSD-Açores sobre a televisão e rádio da região. Aliás, o PSD-Açores de Berta
Cabral, quando esta questão se levantou, esteve sempre incompreensivelmente
errático, daí ter revelado não uma, mas várias posições sobre esta matéria e
sempre de modo a proteger o governo de Passos Coelho, atirando para trás das
costas o superior interesse dos Açores. Primeiro o financiamento deveria vir da
Lei das Finanças Regionais. Depois deveria ser o Estado Português a suportar a
totalidade do financiamento. Agora dizem que a solução passa por uma empresa
com capitais nacionais, regionais e privados.
Quando se esperava do PSD de
Berta Cabral uma posição de força perante Passos Coelho e companhia, vê-se
apenas submissão e incapacidade para reivindicar um direito que nos assiste.
1 comentário:
Mais vítimas surgiram se não fizermos frente aos lacaios de Lisboa que andam por aí a vender mijo por água de cheiro...
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