Numa das suas muitas aparições
públicas, Passos Coelho admitiu que só a sua conhecida teimosia tinha permitido
a saída limpa da intervenção externa a que estivemos sujeitos e também evitar
um segundo resgate.
Creio que, com esta deixa, o Primeiro-
Ministro acredita naquilo que diz, mesmo vendo que o que se passa à sua volta
não corresponde a esta visão triunfalista.
Mas, pondo a hipótese de tal ser
verdade, que a teimosia de Passos Coelho foi providencial, temos de fazer uma
reflexão para se perceber os contornos desta sua ideia.
Em primeiro lugar não quero acreditar
que Primeiro-Ministro tenha confundido teimosia com outra coisa qualquer, como
determinação ou coragem, por exemplo.
A teimosia, segundo o dicionário,
define-se como o “apego obstinado às próprias ideias” sabendo-se que obstinado,
ainda segundo o mesmo dicionário, significa que “não se pode persuadir ou
convencer”.
Revendo o passado recente, tudo o
que se passou nos últimos anos, tenho de reconhecer que, afinal, Pedro Passos
Coelho terá razão no que disse.
Já no passado fomos governados
por um Primeiro-Ministro que nunca se enganava e raramente tinha dúvidas e
agora somos governados, nos últimos três anos, por um Primeiro-Ministro que,
segundo as suas próprias definições, não gosta de ouvir ninguém e muito menos
se deixa influenciar por terceiros.
Resta saber se essa obstinação
não terá sido prejudicial a Portugal e aos Portugueses. O certo é que Portugal
está pior, os Portugueses estão mais pobres, a dívida pública cresceu, o sistema
de saúde enfraqueceu, a educação não é o que era e os apoios sociais mingaram.
Uma escritora austríaca (Marie Von Ebner-Eschenbach) escreveu, a esse propósito, que a força de vontade dos fracos chama-se teimosia.
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