20 de novembro de 2014

O sentido de voto ou um voto ressentido

O PSD-Açores, através do seu Presidente, deu a conhecer que iria votar contra o Orçamento e Plano Regional para 2015.

É, de facto, um direito que lhe assiste mas, dadas as circunstâncias, é merecedor de crítica pelas incongruências de tal decisão.

Um partido que se propõe apresentar propostas de alteração ao Plano e Orçamento, dez no caso do PSD-Açores, deve ter como intuito último melhorar estes documentos de planeamento.

Esta posição soa a ressentimento. As propostas de alteração que apresentam cheiram a falso.

Vejamos a proposta de criar um complemento regional ao Rendimento Social de Inserção para a população em idade escolar. Na República os Deputados do PSD-Açores alinharam com Passos Coelho na redução de benefícios sociais, incluindo os drásticos cortes neste importante apoio, mas cá, na Região, exigem a sua ampliação.

Vejamos o caso da restituição das transferências do Estado para a Região. Como se sabe o Governo de Passos Coelho alterou o diferencial fiscal de 30% para 20% em 2013, fazendo com que os impostos aumentassem nos Açores e, ao mesmo tempo, diminuiu as transferências para Região. Este ano, em sede de Orçamento de Estado para 2015, o PSD-Açores votou contra a reposição das transferências, mas exige a restituição do diferencial fiscal para os 30%, sem a consequente compensação financeira. É como dar com uma mão e tirar com as duas…

Mas o mais curioso, ou talvez não, é a postura do maior partido da oposição na questão do desemprego. É no momento em que se assiste a uma inversão na tendência de crescimento do desemprego que vemos um PSD ressabiado afirmar que afinal já não dá mais o benefício da dúvida ao Governo Regional, como aconteceu em 2013 e 2014.

O desemprego tem sido uma grande preocupação para o Governo dos Açores que tem criado vários programas e injetado recursos financeiros para minimizar os seus efeitos.

Nos últimos tempos o PSD-Açores tem feito do desemprego um ”cavalo de batalha” e um dos seus principais temas do combate político, mas, mesmo assim, nas propostas de alteração que anuncia com propalado orgulho nem uma única destinada a este flagelo.


Não sei de estamos perante um caso de inabilidade política, ou perante uma completa falta de ideias.

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