O Dia dos Açores é comemorado na
segunda-feira do Espírito Santo. Foi feliz esta escolha para comemorar a nossa
Autonomia por ser um dia festivo em todo o arquipélago e onde se cumpre uma
tradição secular de demonstração de fé e de partilha, verdadeiros pilares da identidade
do povo Açoriano.
Com vista para o ponto mais ocidental
desta Europa, o Ilhéu de Monchique, na Fajã Grande, Ilha das Flores, vi mais
dois Graciosenses serem reconhecidos pelo seu trabalho em prol das comunidades onde
estiveram e estão inseridos: a D. Palmira Enes, a título póstumo, e o Dr.
Manuel Bettencourt, verdadeiro “embaixador” dos Açores e da Graciosa na costa
oeste dos Estados Unidos da América.
O Presidente do Governo Regional,
Vasco Cordeiro, depois de congratular os agraciados, individualidades e
entidades, com as Insígnias Honoríficas, num gesto de reconhecimento dos
percursos profissionais e cívicos, apresentou diversas propostas para a
reforma, ou aprofundamento, da autonomia.
A primeira passa pela possibilidade
de apresentação de listas independentes e abertas à eleição para a Assembleia
Legislativa da Região Autónoma dos Açores. A segunda proposta refere-se à
reformulação dos Conselhos de Ilha, atribuindo-lhes competências executivas. A
terceira proposta refere-se à extinção do cargo de Representante da República e
redistribuição das suas competências.
Estas sugestões tiveram, a meu
ver, a intenção de promover a discussão sobre estas potenciais alterações no
ordenamento da autonomia Açoriana. Estamos a tempo de aprofundar a discussão e
debater com sentido de responsabilidade estes temas de modo a conseguir
consensos num ambiente construtivo e sem preocupações estéreis sobre a
paternidade das ideias que assolam as mentes pequeninas nestas ocasiões.
Teremos resistências. Teremos
dúvidas. Teremos medos. Mas é reconhecido pela maioria dos Açorianos que é
necessário mudar, aproximar o eleitor dos eleitos, aumentar o interesse pela
causa pública. O combate contra a abstenção e apatia tem de ser feito com o
incremento da participação cívica dos cidadãos.
Não vale a pena, depois de cada
ato eleitoral, lamentarmo-nos com a elevada abstenção e tentarmos arranjar
justificação para essa demonstração de desinteresse pela política.
É preciso agir para melhorar e
isso faz-se com propostas concretas e não com lamentos. Agora cada um tem de
fazer o seu trabalho.
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