Com o aproximar das eleições
legislativas nacionais, que acontecerão lá para final do verão, era expetável
que os partidos que sustentam o governo tentassem inverter a sua imagem que, no
fundo, não lhes é favorável.
Um alto dirigente do PSD dizia,
num dos diversos programas televisivos dedicados à política, que a austeridade
que quase soçobrou Portugal não era uma questão ideológica inerente àquele
partido, mas outra coisa qualquer que teve origem no Governo que o antecedeu no
poder.
Dito assim, o atual governo de
Passos Coelho pretende, como facilmente se percebe, passar a responsabilidade
para outros do que se passou nestes últimos quatros anos em Portugal. Assim
mesmo, como quem não quer a coisa. Em 2011 o Governo da responsabilidade do
Partido Socialista foi julgado nas urnas. Em 2015 é a vez do Governo do PSD ser
responsabilizado pelo que fez no seu mandato. As coisas são mesmo assim e o
Primeiro-Ministro tem de ter a coragem de o assumir.
Os Portugueses sabem claramente o
que aconteceu em 2008 e nos anos que se seguiram. Instalou-se por todo o lado
uma crise financeira sem precedentes que custou muitos recursos para retardar
os seus efeitos. Não foi só em Portugal, foi por toda a Europa. Esse combate
implicou o aumento da dívida e do défice das contas públicas.
Quando o Governo da República
apresentou o PEC 4 logo surgiu um PSD, ávido de poder, a rejeitar as medidas
que nele constavam por serem gravosas para os Portugueses, segundo a sua visão.
Essa rejeição implicou uma enorme crise no financiamento do país que levou à
intervenção externa e a eleições antecipadas.
Ganhas as eleições, Passos Coelho
tratou de pôr em marcha o seu plano para o país. Primeiro achou que o seu
programa era o programa da troika.
Mais tarde, não satisfeito, assume que é sua intenção ir ainda mais além do
exigido pela troika. E foi mesmo… O
Governo do PSD (e do CDS-PP) vangloriou-se, em vários momentos, de que o
caminho indicado pela troika (e pela
Alemanha), além de ser o único possível, levava-nos diretamente ao paraíso.
Se isto não é uma questão
ideológica, não sei o que será…
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