No período pré-eleitoral os
partidos políticos desdobram-se em propostas que irão constituir as bases dos
seus programas para o que entendem ser um contributo para uma boa governança.
Esta postura é sempre saudável e, naturalmente, importante para a vida coletiva
dos Açorianos.
Mas nestas coisas é preciso
coerência e, sobretudo, bom senso. Faz alguma confusão a muitos Açorianos as
propostas populistas e demagógicas que surgem apenas com o objetivo de
conquistar alguns votos.
São vários os exemplos desta
maneira de atuar. Alguns tem dificuldade em resistir à tentação de dizer o que
as pessoas querem ouvir, relegando para segundo plano o sentido de estado que
os responsáveis políticos devem assumir mesmo nestes momentos mais críticos em
que o tom de voz fica mais acalorado.
Repare-se no caso das questões
sociais. O PSD-Açores, no passado recente, votou a favor dos cortes lá fora,
muito embora na Região continue a propor aumentos das prestações sociais por
conta do orçamento regional quando essa responsabilidade é, de facto, do
governo da República. Pouco depois o PSD-Açores lembrou-se que devia ser a
economia a dar resposta aos problemas sociais. Ficam os Açorianos sem perceber.
Veja-se o caso da melhoria dos
principais indicadores económicos, verificado nos últimos tempos. É conhecido
que as estatísticas têm sido utilizadas como arma de arremesso político pela
oposição, mas, infelizmente, condicionado pelo seu sentido: quando negativas
são fervorosamente lembradas, quando positivas são maliciosamente ignoradas.
A certeza é que há uma franca
recuperação da atividade económica, tal como reconheceram os parceiros sociais,
numa recente avaliação feita no seio do Conselho Regional de Concertação
Estratégica que, aliás, reuniu um amplo consenso nestas matérias.
O PSD-Açores, perante este
cenário, apressou-se a referir que esta melhoria dos indicadores tinha a ver
com a entrada em vigor do novo modelo de acessibilidades áreas e a redução de
impostos, para atribuir ao Governo da República uma pontinha de
responsabilidade, já que dava jeito, neste caso.
Isto podia ter ficado por aqui,
não fora uma falha importante do PSD-Açores: os números que estiveram em
discussão referiam-se ao primeiro trimestre de 2015 e nessa altura não estava
ainda em vigor o novo modelo de transportes aéreos nem os impostos tinham sido
reduzidos.
Enfim… Quando se dispara de
qualquer maneira há sempre o risco de dar um tiro num pé.
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