A contagem dos votos do passado
dia 4 de outubro dá a vitória à coligação PSD/CDS-PP mas sem maioria absoluta. O
povo, na sua grande maioria, votou à esquerda, dispersou os seus votos pelo Partido
Socialista e outros partidos que têm uma coisa em comum: todos rejeitam a
austeridade.
Perante este imbróglio eleitoral
uma coisa podemos ter a certeza: o próximo orçamento não será como os últimos,
que foram de triste memória. Não teremos, portanto, medidas gravosas impostas
unilateralmente contra tudo e contra todos. Essa é a grande virtude deste
resultado expresso nas urnas.
O Presidente da República, no seu
melhor estilo, chamou o chefe do seu partido e deu-lhe indicações para formar
um governo estável, mas apressou-se a excluir da solução, numa comunicação à
nação, os partidos à esquerda do Partido Socialista. Este seu gesto criou um
muro a dividir os Portugueses de direita e esquerda.
Por outro lado, António Costa, no
meu modesto entendimento, fez muito bem em recusar demitir-se perante os
resultados eleitorais. Fê-lo, tenho quase a certeza, pelo sentido de
responsabilidade e pelo papel preponderante que o Partido Socialista terá de
desempenhar nos tempos mais próximos. A definição da liderança, importante
também, terá o seu tempo, mas não pode interferir neste processo que, por si
só, é complexo e exige a melhor atenção dos responsáveis políticos.
As primeiras declarações de
António Costa, logo a seguir às eleições, foram esclarecedoras: não alinharia
em maiorias negativas nem inviabilizaria governos se não tivesse um governo
para viabilizar.
O sentido de estado que se pode
perceber da sua atuação, nesta altura, é tão diferente de outros que em
2010/2011 apenas pensavam no assalto ao poder a qualquer preço. E o preço foi
muito alto, como se sabe.
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