Desde que são conhecidos os
resultados das eleições do passado dia 4 de outubro de 2015 que sempre achei
que o partido mais votado, neste caso uma coligação de dois partidos, ia ser
chamado a formar governo. Desde a revolução de abril tem sido sempre assim.
Também nunca duvidei que essa
seria a opção do Presidente da República, apesar do tabu que alimentou durante os
últimos dezanove dias. No entanto a sua atitude em todo o processo não é, de
todo, muito positiva, mas - do mal, o menos - fica em linha do que tem feito
atá aqui.
O certo é que caiu na contradição
do que disse antes das eleições: que não daria posse a um governo sem maioria
estável na Assembleia da República. Mais vai fazê-lo, de acordo com o anúncio
que fez ontem numa comunicação ao país que mais parecia um apelo à segregação
de uma parte da esquerda e uma ameaça velada ao Partido Socialista.
Todos nós temos o direito de
mudar de opinião, é verdade, e só não muda de opinião quem não a tem. Mas estamos
a falar das afirmações de um Presidente da República que, para uns mais do que
outros, são, ou pelo menos deviam ser, uma referência de estabilidade e isenção,
especialmente num momento político complexo como o que estamos a atravessar
neste momento.
Ao anunciar a indigitação de
Passos Coelho para formar governo, o Presidente derruba a solução de esquerda,
considerada por ele como inconsistente, que, segundo parece, tinha um acordo
para os quatro anos da legislatura.
A responsabilidade foi atirada, definitivamente,
para a Assembleia da República, aliás o sítio certo para dirimir esta contenda.
Não podemos esquecer que os Portugueses elegeram deputados com mandatos e não o
primeiro-ministro, e cabe a eles, só a eles, no seio parlamentar, conseguir uma
maioria estável para governar o país.
Podemos adivinhar vários
cenários, dois, pelo menos. No entanto podemos ter a certeza que este deve ter
sido o último tabu de Cavaco Silva.
Sem comentários:
Enviar um comentário