A aliança Portugal à Frente festejou
efusivamente a vitória na noite eleitoral do passado dia 4, com toda a
legitimidade democrática, mas sem sequer se aperceber do que poderia vir a
seguir, talvez embalada pelo pensamento de que estas eleições estavam para ser
favas contadas.
Sem conseguir a ambicionada
maioria absoluta para formar um governo estável, como pretende e exige o Presidente
da República, a coligação não procurou, ou não quis procurar, qualquer solução
no dia a seguir às eleições, pensando, talvez, que seria desnecessário.
Nessa fase não se viu qualquer
esforço por parte da coligação, que assistiu paralisada e incrédula às
movimentações de todos os partidos à sua esquerda que, numa primeira análise,
defendiam um governo alternativo.
É evidente que o PSD, partido
que, como se sabe, é o maioritário na coligação, lançou mão de tudo para
desvalorizar aquelas movimentações, nomeadamente utilizando os “seus”
comentadores políticos que pululam nas redações de televisões, rádios e
jornais, aí sim, numa clara e inequívoca superioridade, apelando ao cumprimento
dos preceitos da Constituição Portuguesa, esquecendo-se que foram estes dois
partidos que, nestes últimos quatro anos, mais atropelos cometeram à lei
fundamental do Estado desde a revolução de Abril.
No meu modesto entendimento, a
aliança do PSD/CDS-PP, no caso de não haver outro tipo de solução, deve e vai
ser chamada a formar governo e depois se verá o que vem a seguir, nomeadamente
se haverá capacidade e habilidade para estabelecer pontes com os outros
partidos para viabilizar a sua ação governativa.
Se não resultar sabe-se que pode
haver um entendimento à esquerda e essa solução será, também ela, legítima,
havendo, inclusivamente, casos idênticos em vários países da Europa.
Uma coisa podemos ter a certeza: a
dupla Passos Coelho e Paulo Portas, durante os próximos tempos, não governará
com a mesma arrogância com que o fez nos últimos quatro anos.
Sem comentários:
Enviar um comentário