Na passada terça-feira fiquei a
saber, pela boca do líder do maior partido da oposição, a propósito dos
problemas relativos à redução anunciada na Base das Lajes, que os Terceirenses
tinham “resistido ao sismo de 1980 de forma eloquente”.
Fiquei a saber, repito, porque
sinceramente não me tinha apercebido disso, apesar de lá ter estado nesse dia
de triste memória e de ter acompanhado, como todos os Açorianos, o processo
desencadeado após esse evento de efeitos devastadores.
Vimos, ouvimos e sentimos os
Terceirenses, depois do choque terrível por verem a sua ilha praticamente
destruída e o seu património, pessoal e coletivo, reduzido a escombros, encherem-se
de coragem para ultrapassar as amarguras e deitar mãos à obra para reconstruir a
cidade de Angra do Heroísmo e as dizimadas freguesias à sua volta.
O processo de reconstrução, que
contou com a orientação e o empenho exemplar do Governo Regional, só foi
possível com a solidariedade de diversas entidades, nomeadamente a do Governo
da República, fator que se revelou decisivo para o sucesso de todo este complexo
procedimento.
Nesta longa luta pela recuperação
de uma ilha inteira, houve muito mais do que a eloquência referida. Houve
capacidade de resiliência de um povo que viu renascer dos escombros, aos
poucos, as casas, os estabelecimentos comerciais, os palácios e os templos
religiosos. Povo que esperou para ver ressuscitar a atividade económica e assistir
ao regresso à normalidade.
A Ilha Terceira enfrentou outros problemas
em 2013, como as intempéries que assolaram algumas freguesias. Hoje aquela ilha
enfrenta a ameaça da anunciada redução de efetivos e de trabalhadores na Base
das Lajes.
Se no primeiro caso a
solidariedade do Governo da República não funcionou, no segundo ainda não deu
para perceber qual o papel que está a desempenhar neste assunto.
É conhecida a ação do Governo
Regional e do seu Presidente na resolução destas situações. Ao líder do PSD
pede-se que utilize a sua eloquência para chamar à razão os senhores lá de
fora, aqueles que andam sempre de pin
na lapela, e dizer-lhes que aqui também é Portugal.
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