A notícia era esperada mas foi
recebida como um murro no estômago, à falsa-fé. Os Americanos vão mesmo reduzir
a Base das Lajes a uma simples estação de serviço no meio do atlântico. A
presença daquela força militar será diminuída e, por esse motivo, serão
reduzidos os postos de trabalho de muitos Portugueses. Fala-se em dois mil,
entre os diretos e os indiretos.
A diplomacia norte-americana
nunca nos enganou. Os Estados Unidos da América, ao deixarem de ter o interesse
por aquela estrutura militar, deram agora o golpe de misericórdia e vão embora
sem qualquer asco, deixando cá apenas o mínimo para quando precisarem. É tipo
pastilha elástica, quando fica sem sabor deita-se fora…
No meio desta turbulenta redução
de meios por parte daquele país, que jura ser nosso aliado, resta-nos aferir
qual foi o papel do Governo da República. Fica a dúvida se nestes dois últimos
anos tudo foi feito para inverter esta intenção ou se, por outro lado, a
diplomacia Portuguesa se terá deixado encantar por outras contrapartidas, como
insinuou o embaixador norte-americano quando afirmou que já estava tudo
devidamente acertado. Ambas as situações, a confirmarem-se, são graves.
O Governo Regional dos Açores tem
acompanhado a par e passo esta situação e feito um grande esforço no sentido de
minimizar os estragos daquela decisão, com o apoio, sejamos justos, de todos os
partidos com assento na Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores. Foram
dois anos de trabalho silencioso, como era conveniente, aproveitando os
contributos das câmaras municipais da Ilha Terceira, das oposições e de outros
parceiros sociais com ligações a este processo.
Foi preparado um programa para
mitigar o efeito previsto, que, muito certamente, cairá em catadupa a partir de
agora. Muitos conheciam-no, mas ninguém ousou falar dele para não enfraquecer a
posição de Portugal.
Aparentemente o Governo da
República, perante esta realidade que afetará irremediavelmente a economia da
Terceira e dos Açores, assobia para o lado. O primeiro-ministro comporta-se
como se esta catástrofe não acontecesse no seu (nosso) país e o ministro dos
negócios estrangeiros, num assalto de incompreensível ciúme, parece mais
interessado em definir as competências do que tratar o que realmente interessa.
Num momento em que seria
necessário impor uma posição firme de Portugal, exigindo responsabilidade e os
seus direitos, vemos os seus maiores representantes de cócoras.
Não se admirem, portanto, de
verem os Açorianos numa busca desenfreada por soluções porque quando o Estado
falha desta maneira é preciso que alguém faça alguma coisa.
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