Manuel de Barcelos
Silveira Bettencourt
(06/07/1916 –
15/10/1989)
O senhor Manuel Barcelos foi um
empreendedor com visão de futuro. Perante as dificuldades da altura em que
viveu, soube erguer uma conserveira, que primeiro se instalou no edifício da
Casa do Povo da Praia e depois foi transferida para uma fábrica construída de
raiz, na Rochela onde está hoje sedeada uma empresa de construção civil. Estava
dotada de equipamento moderno e uma boa rede de frio. Construiu também uma
frota de vários atuneiros, com uma capacidade apreciável para capturas de atum.
Para quem não conheceu é difícil
imaginar a azáfama no porto da Praia e na linha de fabricação que a atividade
da empresa provocava.
Na revista Açores – Madeira,
publicada em 1955, Manuel Barcelos era caracterizado como “Braço forte e visão rasgada; incansável e exemplar homem de trabalho”
e mais à frente refere que ”vai dotar a
sua estimada ilha Graciosa com uma Fábrica de Conservas que ficará a ser a mais
importante dos Açores e uma das melhores do País”. No mesmo artigo, aquela
revista refere, e passo a citar, “a nova
fábrica, que ocupará uma área de 5 mil metros quadrados, e cujo custo,
devidamente apetrechada, orçará por cerca de 3 mil contos, constitui, de
verdade, um grandioso empreendimento a que o nome e a ação do seu realizador
ficarão honrosamente ligados”.
Se vivesse hoje, com os apoios
que existem, decerto que este empresário estaria entre os melhores e com uma
carreira de sucesso, porque a sua capacidade empreendedora foi sempre maior que
as dificuldades que o perseguiram.
Vale a pena também referir outras
qualidades, invulgares para aquele tempo. Graças o seu apurado sentido de
responsabilidade, fazia honra em cumprir com os descontos para a segurança social
dos seus trabalhadores, de tal modo que hoje muita gente, sobretudo mulheres,
tem a sua reforma devido a essa preocupação para com o próximo.
Era prática corrente daquele
empresário, também, dar trabalho aos homens em pomares e outros prédios, quando
a fábrica não laborava, garantindo àqueles o seu ganha-pão em permanência,
facto que também era raro naquele tempo e muito relevante, mesmo tendo
consciência do prejuízo que isso lhe acarretava.
O senhor Barcelos foi derrotado
pela falta de condições que reinava naquele tempo, nomeadamente pelas avarias
nos equipamentos e pela ausência de um porto de abrigo que possibilitasse o
alargamento da safra a mais alguns meses.
As suas qualidades fazem dele um cidadão de reconhecido valor e mérito, com grandes capacidades empreendedoras e dotado de um notável e invulgar sentido de justiça social.
1 comentário:
Manifesto o meu apreço pelas referências justas ao perfil do Sr. Barcelos, que conheci muito bem e por quem tinha o maior respeito e que me retribuía com a sua simpatia.
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