O estado português vendeu, há
poucos dias, uma participação na empresa Eletricidade de Portugal (EDP),
conforme estava previsto no memorando de entendimento com as organizações
internacionais, aquando do pedido de assistência financeira.
Desta venda espero que o país
tenha saído a ganhar e que, conforme muitos recearam, não tenha sido vendida a
preço inferior ao seu valor. Acredito que os interesses de Portugal deverão ter
sido acautelados, para bem de todos nós.
Neste processo de privatizações
outras empresas se seguirão, umas com mais implicações para os Açorianos do que
outras, como tem sido muito falado e, ainda muito mais, discutido na
comunicação social que tem dado um enfase especial a este tema, como aquele a
que se assistiu no caso da RTP, que tem implicações diretas na nossa RTP
Açores, ou no caso da ANA, que está ligada a questões como investimento e
gestão em aeroportos da responsabilidade da república.
Depois de um procedimento deste
nível, em que o estado sai voluntariamente de uma empresa que passa para a esfera
da iniciativa privada, o que se espera é que também se afaste de maneira a
deixar de influenciar a sua gestão, como é lógico e, diga-se com todo o rigor,
legítimo.
Na EDP não terá sido bem assim.
Quando se esperava uma atitude consentânea com a de um proprietário que acaba de
vender, surgem as nomeações para o Conselho de Supervisão onde estão incluídos,
proporcionalmente como convém, membros dos dois partidos que dominam o governo
e ainda de mais alguém que é muto próximo do Presidente da República. E claro,
alguns acumularão vencimentos milionários com as pensões mais pequenas, é
certo, mas já de si milionárias também.
Isto está a acontecer numa
empresa agora privatizada, imaginem o que virá a acontecer às outras.
Veja-se o recente caso das Águas
de Portugal, onde se constata a nomeação de autarcas do PSD e do PP, um deles
com um processo pendente nos tribunais precisamente em litígio com a empresa
que agora vai administrar.
Mais uma vez Passos Coelho faz
precisamente o contrário do que defendeu e prometeu na campanha eleitoral que o
levou à vitória. O problema é que esta sua postura está a tornar-se crónica.
Se isto é transparência, vou ali
e já venho.
(Publicado no site da Rádio Graciosa www.radiograciosa.com)
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