2 de agosto de 2010

Quando a boca foge para a verdade

Desde 2004, ano em que pela primeira vez assumimos um cargo de responsabilidade política, temos acompanhado a par e passo diversas áreas que pensamos serem importantes para a nossa ilha: a agricultura, as pescas, o turismo, a cultura, o desemprego, o investimento público, as questões sociais, entre outras.

A agricultura é uma das que consideramos mais importante, juntamente com a fileira da pesca, pelo valor acrescentado que tem trazido a esta ilha.

É verdade que nos últimos anos houve um esforço impressionante para modernizar este sector. Uma nova fábrica, o melhoramento animal, a formação e a mecanização contribuíram certamente para este sucesso. A classe rejuvenesceu a olhos vistos e os resultados não se fizeram esperar: mais e melhor leite, mais e melhor carne. A diversificação foi também uma aposta dos agricultores: apareceram novos produtos agrícolas com qualidade.

A Graciosa prepara-se agora para ter um entreposto de recolha e colocação desses produtos noutros mercados, fazendo a promoção e procurando clientes, porque hoje os mercados estão diferentes: são mais exigentes e de conquista difícil.

Para alguma da oposição a agricultura atravessa uma fase negra. É ver e ouvir as declarações e críticas a esta área da governação. Critica-se por tudo e também por nada. Veja-se o caso dos subsídios aos agricultores. Ainda recentemente na Assembleia Legislativa gritava-se aos sete ventos que existiam atrasos no pagamento dos subsídios. A verdade porém é diferente e contradiz os “cinzentos” do costume. Apenas faltava pagar 1,7% de subsídios e estes devido a irregularidades processuais.

No entanto nem todos na oposição têm um pensamento negativo sobre a governação socialista. Muitos pensam como nós, mas muitos também têm vergonha de o admitir.

Não é o caso da eurodeputada Maria do Céu Patrão Neves. Esta social-democrata com responsabilidades europeias teve a coragem de admitir estar surpreendida com o que por cá se passa, numa recente visita à Graciosa, deixando inclusivamente um voto de parabéns. Este gesto ficou-lhe muito bem, pois conseguiu esquecer as querelas partidárias e juntar-se a nós no reconhecimento do muito que foi feito desde 1996 até hoje.

Só temos pena que no final das suas declarações não tenha seguido a mesma linha de coerência, quando afirmou que era preciso apoiar a exportação e a promoção dos produtos conhecidos como tradicionais. A verdade é que estes apoios não só já existem como estão a ser aplicados nos casos do mel, do vinho, do queijo, da meloa, do alho, das queijadas, das flores, etc., atingindo os 90% do custo dos transportes. E a promoção também tem sido uma das prioridades, tendo sido apoiadas diversas campanhas de divulgação, presenças em feiras, à remodelação da rotulagem, etc..

Aqui a senhora eurodeputada falhou porque demonstrou desconhecimento do assunto ou então não fez o respectivo trabalho de casa.

21 de julho de 2010

Uma visita ensombrada pelo passado

A Dra. Berta Cabral veio à Graciosa “no âmbito das suas visitas institucionais às várias parcelas do arquipélago” e, como seria de esperar, teceu algumas críticas. Até aqui nada de novo.

Afirmou, sem mexer os pés, como por cá se diz quando as afirmações são dúbias, que a Graciosa era a ilha mais isolada do Grupo Central. Poderia muito bem aproveitar para confirmar que Santa Maria é a ilha mais isolada do Grupo Oriental e o Corvo também é a que mais padece desse desígnio no Grupo Ocidental. Já agora acrescente-se que no arquipélago da Madeira a Ilha do Porto Santo é também a mais isolada. Basta olhar um mapa para chegar a estas conclusões.

A verdade é que além do isolamento provocado pela sua situação geográfica, a Graciosa foi votada ao abandono, isso sim, durante os anos de governação social-democrata. Nessa altura, em que a Dra. Berta Cabral desempenhou cargos políticos relevantes, sofríamos de um isolamento atroz e, esse sim, redutor.
Eram tempos difíceis: não tínhamos transportes marítimos de passageiros, os transportes de mercadorias eram irregulares, os transportes aéreos eram mínimos (não existiam voos aos fins-de-semana), frequentemente tínhamos roturas de quase tudo (gasolina, gasóleo, gás doméstico, farinha, açúcar, produtos frescos), o leite era pago aos produtores com mais de 12 meses de atraso, a pesca era um sector de subsistência, as novelas eram censuradas, o telejornal da RTP-A (canal único e de propaganda política) sofria atrasos para possibilitar a chegada das imagens dos omnipresentes governantes (nem que fosse apenas a desfilar numa qualquer procissão), os apoios sociais e à habitação eram atribuídos sem critérios, etc..

Nesses tempos a Graciosa definhava. Não existiam quaisquer perspectivas de futuro na agricultura, na pesca e muito menos no turismo.

De certeza que a líder do PSD – Açores tem memória curta, caso contrário teria muito mais cuidado com o que debita.

Das duas, uma: ou há maledicência nas suas declarações públicas ou então quem a recebeu na Graciosa escondeu a realidade actual da nossa ilha. Só assim compreendemos o desacerto.

13 de julho de 2010

Também temos campeões

Durante os últimos fins-de-semana decorreram na Graciosa dois eventos importantes para esta ilha.
O primeiro foi o Open Internacional de Fotografia Subaquática, já na sua 3ª edição, que reuniu os melhores fotógrafos do país, da Espanha e também da Itália.
Neste último fim-de-semana foi a vez do Rali Ilha Graciosa. Muito embora na sua 2ª edição, é pela primeira vez reconhecido pela Federação Portuguesa de Automobilismo e Karting.
Ambas as acções foram organizadas pela Agraprome – Associação Graciosense de Promoção de Eventos, colectividade sem fins lucrativos e que conta já no seu currículo com várias organizações.
É certo que as duas atingem objectivos diferentes:
 o Open faz parte de uma estratégia de promover o património subaquático e a biodiversidade, valorizando assim a nossa condição de Reserva da Biosfera. Eventos deste tipo terão repercussões mais a longo prazo, mas sem dúvida projectam a nossa ilha através de trabalhos jornalísticos de qualidade em revistas e jornais da especialidade;
 o Rali, por seu lado, tem um efeito mais imediato, com repercussões directas na economia da ilha. Não esquecer que a primeira edição terá trazido até esta ilha cerca de 1.200 pessoas, sobretudo da vizinha ilha Terceira, enquanto a segunda edição e segundo dados fornecidos pelos jornalistas que cobriram este evento, terão vindo até esta ilha “arrastados” por esta organização entre 1.500 a 2.000 pessoas.

Se o III Open Internacional foi elogiado por todos os participantes, quer pela qualidade dos fundos quer pela qualidade da organização, o Rali também terá sido um sucesso igualmente pela sua qualidade, referida por todos os participantes, incluindo o Vice-presidente da Federação Portuguesa de Automobilismo e Karting.

Este ano e no que diz respeito ao Rali, os Graciosenses tiveram motivos de satisfação. Pela primeira vez um dupla da nossa ilha venceu um Rali e apenas dois anos após o inicio desta prática desportiva. O Cláudio Bettencourt e o Luís Silva souberam aproveitar o factor “casa” para vencerem a sua primeira prova, apesar de terem atingido no passado recente bons resultados que auguravam este resultado, mais dia, menos dia. Os Graciosenses vibraram com esta importante vitória.

As outras duplas participantes da Graciosa, José Gabriel Silva / Paulo Vasconcelos e Laudalino Furtado / João Silva, também foram vencedores, pelo menos no meu entender. Apesar da primeira ter desistido por avaria a segunda ter tido alguns problemas, ambos têm de ser reconhecidos pela coragem de se envolverem num desporto difícil. Também me senti orgulhoso pelas suas prestações.

O público Graciosense também foi um grande vencedor. Cumpriu as recomendações da segurança da prova e embelezou convenientemente as estradas por onde passaram as máquinas.

Na hora de falar em campeões não posso deixar de referir a Agraprome. No meio do frenesim da festa, por vezes há a tendência de esquecermos o essencial. Esta Associação durante todo o ano reúne amiúde com o objectivo de encontrar soluções para os inúmeros problemas que vão surgindo. Procuram garantir participantes, fazem planos de segurança, ao mesmo tempo que procuram desesperadamente por financiamento. Todos os dias do ano lidam com problemas e procuram soluções, sem qualquer interesse pessoal.

Quando se faz a festa e mesmo enquanto se limpam os seus resquícios, são muitas vezes esquecidos e relegados para segundo plano ou para plano nenhum. Para mim serão sempre campeões…

27 de junho de 2010

Plano Regional de Emprego

A Região Autónoma dos Açores, tal como muitos países e regiões do mundo, tem estado afectada pela crise internacional que se instalou no passado recente e que tem demorado a deixar-nos.

Neste período conturbado, o Governo dos Açores tem respondido com eficácia e prontidão. Esta crise não se compagina com hesitações. O Governo actuou criando condições para uma maior disponibilidade financeira das empresas e facilidades de crédito para a liquidação de dívidas a terceiros, onde se incluí a segurança social e as finanças.

É num momento de grande agitação dos mercados, de incerteza, de redução do crédito, que o Presidente do Governo dos Açores apresenta mais um Plano Regional de Emprego (21 de Junho), em sede do Conselho Regional de Concertação Estratégica, para vigorar de 2010 a 2015.

Num momento como esse é importante reflectir e analisar certos dados agora divulgados que alguns teimosamente pretendem ignorar.

Desde a entrada em vigor do anterior Plano Regional de Emprego (1998), o número de açorianos a trabalhar aumentou 24%, o que significa um aumento da população activa de 91.163 para os 112.596. Curiosamente entre 1986 e 1996, o número de trabalhadores aumentou de 88.500 para 88.530 trabalhadores, o que representa um aumento líquido de apenas 30 trabalhadores em 10 anos. Foi muito pouco…

Mais. Na vigência do anterior Plano Regional de Emprego (desde 1998) o número de mulheres a trabalhar aumentou 39%, passando de 32.359 para as actuais 45.087. Penso que todos sabem a importância deste dado.

Também aumentou o número de jovens a trabalhar em 55%, passando de 21.558 para os actuais 33.343.

A taxa de desemprego actual de 7,7% é uma preocupação para todos nós, mas é preciso relembrar que ainda está longe dos 8,4% que se verificava em 1995 e que, este sim, representa um recorde absoluto.

Na Graciosa o desemprego também é uma preocupação para todos nós. No final de Janeiro último tínhamos 129 inscritos na Agência para a Qualificação e Emprego, enquanto em 1996 esse número era muito superior: 219. No início do ano havia 13 desempregados à procura do primeiro emprego e 116 à procura de novo emprego. Em 1996 eram cerca de 70 os inscritos que procuravam o primeiro emprego.

Como se vê os números são claros, mas, mesmo assim, não nos fazem tranquilizar. É preciso continuar a lutar para ultrapassar as dificuldades por que passam muitas famílias.

24 de maio de 2010

Dia da Região

Hoje comemorámos o Dia da Região, na Ilha do Corvo.
Neste dia foram homenageadas as personalidades ou entidades que mais se destacaram.
Nesta lista contámos este ano com dois Graciosenses ilustres: o Dr. Artur Cunha de Oliveira e Manuel Maria da Cunha, este último a título póstumo.

21 de abril de 2010

Intervenção na Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores

Hoje dirijo-me ao Plenário na sequência do momento que marca o ano político na minha ilha de sempre: a visita estatutária do Governo dos Açores.
Nestas ocasiões as expectativas são sempre legitimamente elevadas, porque estes são os momentos em que o Governo dos Açores toma as decisões mais importantes no sentido do cumprimento do acordo eleitoral celebrado com os Graciosenses em Outubro de 2008.
Foram inaugurados diversos investimentos, foram lançadas outras iniciativas e ainda foi feito o ponto de situação a obras que estão a decorrer.

Todas, mas mesmo todas, fazem parte de uma estratégia simples: desenvolver a Ilha Graciosa.

Hoje na Graciosa vive-se muito melhor. Temos melhores acessibilidades, passagens aéreas mais baratas, melhor saúde, mais democracia. Este ano vamos beneficiar de mais ligações marítimas, ao abrigo do novo contrato de serviço público.

É reconhecido por todos que foi dado um grande impulso à agricultura, criaram-se novas condições para a pesca singrar e agora aposta-se num novo sector, o turismo.

Não tenho dúvidas do sucesso dos dois primeiros casos, como também reafirmo a confiança no futuro deste último.

A Ilha Graciosa, durante anos e anos sofreu de uma atroz dupla insularidade devido à sua difícil situação geográfica e também à estratégia política de então.
Sair dessa situação não tem sido fácil, confesso, até porque durante muitos anos tivemos gente a puxar para trás, a denegrir, a atacar. Ocuparam-se tanto com estas minudências fora do contexto, que nem tiveram tempo para ajudar a construir o futuro da Graciosa e dos Graciosenses.

Paciência. Até aqui fizemo-lo sozinhos. Teve de ser.

Depois das eleições autárquicas de 2009 assistimos à renovação da esperança. A nova Câmara Municipal, já despida da camisola partidária, propõe-se arregaçar as mangas e recuperar o tempo perdido, em prol de uma população pouco habituada a ver como normal a cooperação entre poderes públicos.

É nesse âmbito que houve, nesta visita, concertação no sentido de iniciar o processo de construção de um porto de recreio, estrutura muito importante para a dinamização do turismo naquela ilha.

Foi também aprovada a celebração do um contrato ARAAL no valor de 0,6 milhões de euros com o município para a resolução de 30 casos de habitação degradada de um total de 61 casos sinalizados.

Este é um esforço assinalável e é também a demonstração de que existe um empenhamento forte do Governo dos Açores e da Câmara Municipal de Santa Cruz da Graciosa para resolver de vez o problema que, infelizmente, ainda aflige muitas famílias.

Representa, também, uma rotura com a política do saco de cimento que pode dar a ganhar um voto aqui outro ali, mas não resolve o problema de fundo, como agora se vê.
Estes dois exemplos constituem a prova de que em conjunto, sem complexos e sem subserviências, podemos fazer muito para melhorar a vida dos Graciosenses. Basta ter espírito aberto e sentido de responsabilidade, com deve ter quem abraça o serviço público, que é como quem diz, dar prioridade ao interesse comum em prejuízo dos proveitos pessoais e da estratégia partidária.

Foi apresentado o projecto de instalação da Estação de Infra-Sons do Sistema Internacional de Monitorização de Ensaios Nucleares. Esta estrutura e o projecto de Medição da Radiação Atmosférica (ARM), já em funcionamento, dotarão aquela ilha de programas científicos com tecnologia de ponta, capazes de ter alguma repercussão económica, quer na construção das estruturas quer no seu acompanhamento técnico-científico, para além da projecção mundial que proporciona.

A assinatura do contrato para a construção do novo Centro de Saúde e o financiamento à Santa Casa da Misericórdia de Santa Cruz da Graciosa destinado à construção da Creche, Jardim de Infância e Centro de Actividades Ocupacionais, são sinais da ambição do Governo para resolver as questões destas importantes áreas e representam também o virar de página de um ciclo de construção de estruturas básicas a que nos propusemos.

Foi autorizada a celebração de um contrato com a Administração dos Portos da Terceira e Graciosa para a construção de uma rampa roll-on roll-off no Porto Comercial, para permitir uma rotação mais eficaz dos ferries e maior comodidade dos passageiros.

A inauguração do Centro de Visitantes da Caldeira vem dar dignidade a um espaço que estava abandonado pela anterior Câmara Municipal. Representa mais uma aposta de qualidade no apoio ao turismo. Em paralelo, foi inaugurado um novo parque de retém de gado, um espaço TIC na Luz e outro itinerante e assistiu-se ainda ao lançamento de quatro novas casas para realojamentos.

Foi autorizado a abertura do concurso público para a reabilitação da estrada Limeira – Porto Afonso, no valor de dois milhões de euros.
Foi reforçado o apoio ao programa de transferência de embriões em bovinos, que poderá trazer mais-valias aos agricultores Graciosenses. Foi decidido adquirir equipamentos para a ensilagem de erva e foi ainda deliberado proceder ao estudo e avaliação da viabilidade da instalação naquela ilha uma Unidade de Transferência Embrionária, associada à criação de um Centro de Recria de Novilhas.

Foi também decidido adjudicar o projecto museográfico do Museu da Graciosa, projecto fundamental para a preservação da etnografia local, constituindo também um enorme contributo para a oferta turística de qualidade.

Esta visita estatutária, para aqueles que se preocupam de facto e de corpo inteiro com os problemas da Graciosa, constituiu mais um passo rumo ao progresso.

Para a oposição, agora menos lúcida e mais angustiada com o seu futuro, serviu para acertar críticas, cada vez mais inaudíveis aos ouvidos dos Graciosenses.

Paradoxalmente esta visita foi aproveitada pelos expoentes máximos da oposição, de forma particularmente perceptível, para se mostrarem perto do Governo, especialmente do seu Presidente, para, por esta via, aparecerem nos tão almejados retratos. As voltas que a vida dá… Quem diria!

Por mais que se esforcem, por mais que critiquem, por mais que se acotovelem, por mais que escrevam, a obra feita é um património nosso e só nosso, que saiu e sai das nossas ideias e que estavam e estão vertidas nos nossos compromissos eleitorais.