30 de agosto de 2015

Eleito com base numa batota

Quando andava em campanha para chegar ao governo, Passos Coelho expressou muitos compromissos que não foi capaz de cumprir. O que era uma certeza em 2010 e em 2011, passou a não valer nada, tal como a sua palavra, conforme se pode ver, se compararmos o dito com o feito.

Em primeiro lugar afirmou que, se chegasse ao governo garantia que não seria necessário despedir pessoas nem cortar salários para sanear o sistema Português.

Mas a dura realidade mostra-nos que não só despediu milhares de funcionários públicos como também cortou salários e, mais grave ainda, atacou cobardemente as reformas e as pensões dos que já muito tinham dado ao seu País. Tomou decisões, como o aumento do IVA da restauração, que atirou para o desemprego outros milhares de cidadãos.

Afirmou também que ninguém o veria a impor sacrifícios aos que mais precisavam e que seriam os mais ricos a ajudar os que menos tinham.

O que se viu foi precisamente o contrário. Os mais frágeis foram marginalizados, devido aos enormes cortes nos apoios sociais que atiraram muita gente para a pobreza extrema enquanto o número de ricos cresceu consideravelmente nos últimos quatro anos.

Nesta tirada de intenções referiu também que o estado iria cortar nas gorduras e poupar, ressalvando que a austeridade seria para o estado e não para os cidadãos.

Pode ser que o estado tenha reduzido alguns encargos, mas a grande fatia da austeridade recaiu sobre os Portugueses, sobretudo os mais pobres, ao contrário do que advogava Passos Coelho.

Disse ainda que não iria mexer nas taxas do IVA, mas logo a seguir às eleições aumentou da taxa de bens de primeira necessidade, como a eletricidade e o gás, criando um enorme impacto negativo no rendimento das famílias com menos recursos.

Se fizermos uma retrospetiva do que se passou nos últimos quatro anos, rapidamente nos apercebemos que o líder do PSD fez exatamente o contrário do que anunciou quando se apresentou às eleições em 2011.

Passos Coelho, e esta ilação não surpreende ninguém, faltou à verdade aos Portugueses. Disse uma coisa e fez outra.

Conclui-se que Passos Coelho foi eleito com base num logro. Fez batota, descaradamente, apenas para chegar ao poder e isso não merece perdão.

28 de agosto de 2015

Virar à esquerda

Esta direita que governa Portugal, assaltada pelo radicalismo ultraliberal, está a fazer tudo por tudo para deixar a sua marca no País.

Depois de desejarem a intervenção externa, depois de adotarem como suas as medidas de austeridade inscritas no memorando de entendimento, depois de se gabarem que foram além do exigido pela troika, esta direita assumiu - com eficácia, diga-se em abono da verdade – que a via do empobrecimento é o seu modelo de desenvolvimento.

Esse percurso contempla uma agenda escondida e meticulosamente planeada. Privatizar parte das receitas dos reformados e pensionistas, comprometendo as pensões e a sustentabilidade do sistema, entregar os hospitais a privados, apoiar as escolas independentes, são meio caminho andado para desmantelar o estado social, ou seja, destruir tudo o que Portugal conquistou ao longo dos últimos anos, nas áreas da Educação, Serviço Nacional de Saúde e Segurança Social.

É preciso travar esta ameaça, é preciso combater esta insensibilidade social que grassa nos dois partidos que ainda governam o País. A alternativa passa pela mobilização de todos os Portugueses para defender uns serviços públicos eficientes e de qualidade.

O País tem de voltar à esquerda, voltar a ter esperança. Portugal tem de virar esta página da sua história recente. Os Portugueses têm de acreditar no futuro, têm de ajudar a criar uma sociedade mais justa e mais solidária.

21 de agosto de 2015

Os três equívocos

Nos períodos eleitorais os partidos escolhem os slogans de campanha que acabam por ir parar ao diverso material promocional utilizado para conquistar os votos dos eleitores. Uns mais felizes que outros, naturalmente, mas todos procuram conquistar a confiança do eleitorado no dia de todas as decisões.

O PSD-Açores escolheu “Açores a 100%”. Pode-se fazer um conjunto de interpretações sobre este mote de campanha.

Em primeiro lugar, e este é também o primeiro equívoco, dá a ideia que foram os Açorianos a escolher os seus candidatos às eleições legislativas nacionais. Mas a verdade é que Pedro Passos Coelho impôs, para liderar a lista pelos Açores, o nome de alguém que foi cúmplice das suas políticas desastrosas que empobreceram os Portugueses e afastou os que lhe criaram alguns dissabores em determinadas votações na Assembleia da República.

Em segundo lugar, pode deixar transparecer que Berta Cabral, na procura de um equilíbrio, acautelou um lugar a todas as ilhas dos Açores na sua lista, mas, por mais incrível que possa parecer, o PSD-Açores deixou, mais uma vez, algumas ilhas de fora, favorecendo outras. Estamos perante outro equívoco, o segundo, que provoca coisas hilariantes como foi o caso de ser um Florentino a abordar publicamente um problema do Corvo nesta altura de pré-campanha eleitoral, como se não houvesse ninguém do PSD naquela ilha capaz de o fazer.

Por fim, temos o terceiro equívoco deste verão: parece que a Secretaria de Estado da Defesa está agora sedeada nos Açores, tal a constante presença da sua titular nestas ilhas, ao contrário do que aconteceu no restante mandato. Mas, com toda a certeza, não vamos ficar por aqui. Ainda veremos a Secretária de Estado andar de ilha em ilha, a descerrar uma placa aqui, a anunciar obras ali, defendendo de unhas e dentes o seu chefe de Lisboa.

Por isso considero que o PSD não pode estar a 100% com os Açores. Para que isso acontecesse era preciso bater o pé a Passos Coelho quando este faz maldades aos Açorianos, como quando não assumiu uma parte dos prejuízos provocados pelas intempéries que assolaram a nossa região, ao contrário do que fez, e bem, com a Madeira, ou quando se desresponsabilizou a propósito dos impactos negativos pela redução de pessoal da Base das Lajes.

Defender os Açorianos não é pôr-se em bicos dos pés a dois meses das eleições. É bem mais do que isso e dá trabalho.

7 de agosto de 2015

As festas

Ontem começaram as Festas em louvor do Senhor Santo Cristo dos Milagres, festas maiores da ilha Graciosa.

Nos últimos dias a praça engalanou-se de branco rendilhado, iluminaram-se as estradas, prepararam-se as tascas com petiscos e bebidas, subiram-se os palcos onde atuarão os artistas convidados, aparou-se a relva do estádio para os jogos de futebol, chegaram os toiros e os cavalos para a festa brava na praça do Monte da Ajuda, os ganadeiros locais escolheram os toiros para as touradas à corda, as filarmónicas ensaiaram pela última vez, a igreja preparou-se para o grande momento das festas, a procissão de domingo. 

Os funcionários da Câmara Municipal não pararam. Corriam de um lado para o outro para resolver pequenas coisas que tinham de estar prontas quando as festas arrancassem.

Nas nossas casas prepararam-se as comezainas para brindar os familiares e amigos que nos procuram nesta altura e sacudiu-se a colcha mais bonita que irá para a janela quando passar a procissão.

Os emigrantes têm chegado aos poucos ao longo do último mês. Juntam-se aos familiares e “matam” as saudades que os assolaram enquanto estiveram longe e esperam por estes dias para os reencontros com amigos. Alguns tiveram oportunidade de estar nas festas das nossas freguesias e lugares que já ocorreram, outros ainda terão oportunidade de ir às festas que acontecerão até setembro.

Tem sido uma roda-viva. É sempre assim. Os Graciosenses esperam pelas suas festas com grande expetativa e alguma emoção que só os ilhéus entendem.

Bons festejos.

4 de agosto de 2015

Trapalhada ou embuste?

O programa do PSD e do CDS-PP para governar Portugal nos próximos quatro anos, foi apresentado publicamente na passada quarta-feira perante uma plateia de militantes desses dois partidos políticos que constituem a coligação.

Passos Coelho e Paulo Portas, nessa cerimónia, queriam muito falar do futuro mas apenas conseguiram falar no passado. Percebo essa postura. Passar as culpas da desgovernação dos últimos anos para outros é, no entender desses dois líderes partidários, a única maneira de se safarem. Esquecem-se que quem esteve antes já foi julgado nas urnas e que agora será a sua vez.

Creio que os reformados, os pensionistas, os funcionários públicos, os desempregados e os idosos, não esquecerão o papel que estes partidos tiveram nestes quatros anos de sofrimento e de falsidades. Na hora certa saberão dar a resposta…

Esta apresentação, curiosamente, veio logo a seguir a uma visita de Passos Coelho aos Açores. Esperava-se algumas respostas que não teve a coragem de dar sobre assuntos importantes para os Açores, como o caso da gestão partilhada dos recursos marinhos, que teima em não ceder às justas pretensões dos Açorianos, ou a questão do financiamento da Universidade dos Açores e da RTP-Açores, que teima em ignorar, ou a ausência da solidariedade aquando das intempéries de 2013, ao contrário do que fez com a Madeira, ou a questão da Base das Lajes.

Passos Coelho trouxe-nos uma mão cheia de nada e, ainda por cima, os social-democratas Açorianos, mesmo que quisessem, nada podem fazer, porque as suas ideias para o programa de governo do seu partido vão pelo cano abaixo, por uma razão muito simples: o programa foi fechado e apresentado lá fora no dia 29 de julho e aqui, o PSD-Açores, continua a receber contributos para esse mesmo programa até ao dia 30 de agosto.

Das duas uma: ou se trata de mais uma trapalhada do PSD-Açores ou então estamos perante outro embuste. De qualquer dos modos esta prática denota um grande desrespeito pelos Açorianos.