30 de setembro de 2014

Em que ficamos?

No plenário do mês de Setembro o PSD suscitou um debate de urgência sobre o investimento público na Região Autónoma dos Açores.

Fê-lo com toda a legitimidade, como é lógico, mas, no entanto, aquele partido fez uma espécie de contabilidade antecipada de quatro anos de mandato quando estão decorridos apenas dois. Foi uma espécie de um ajuste de contas antecipado sem se saber qual a despesa que temos de acertar.

O mais curioso nesta situação é que se tratou de um desfiar de investimentos por todas as ilhas que, afinal, já estão em curso, quase a acabar ou prestes a começar. Foi uma ladainha, exigindo obras e mais obras quando ainda recentemente esta mesma oposição, quando confrontada com o forte investimento feito nos últimos anos, se queixava do excesso de betão aplicado nas nossas ilhas para, deste modo, menorizar a ação do Governo Regional.

Na Graciosa os sucessivos Governos Regionais, da responsabilidade do Partido Socialista, têm cumprido de forma muito aceitável com as propostas apresentadas aos Graciosenses. De 2000 a 2004 ficaram por cumprir 3 propostas do programa eleitoral. Em 2008 das 57 propostas apresentadas aos eleitores ficaram apenas 5 por cumprir, o que dá uma taxa de execução de 91%. Em 2012 dos 69 compromissos 7 ficaram em falta, o que resulta numa taxa de execução de cerca de 90%.

Sabemos, no entanto, que nem tudo está feito e que nem tudo foi bem feito. Não escondemos, também, que o nosso objetivo era atingir o pleno, mas reconhecemos que este nível de cumprimento é invejável e não está ao alcance de todos.


O mais curioso em toda esta situação é que este partido, o PSD, fora de portas insiste ao investimento, mas cá dentro faz tudo para atrapalhar, apelando à contestação e desferindo fortes críticas, como foram os casos do Museu, do Hotel ou da remodelação da Praça Fontes Pereira de Melo e, ao que parece, agora com o Parque Industrial.

25 de setembro de 2014

Sem desculpa

O Presidente do Governo Regional dos Açores ficou indignado com a deselegância com que o Vice-primeiro-ministro tratou os Açores (e a Madeira) na preparação da visita que iniciou ao Canadá, na passada segunda-feira, na companhia da Ministra da Agricultura e do Mar, e que foi pensada precisamente para tratar de assuntos relativos à economia do mar e captar investimento nessa área, que se tem revelado cada vez mais importante.

A esmagadora maioria dos Açorianos concordará, com toda a certeza, com esta forma de contestar a exclusão – premeditada, a meu ver – de representantes da Região nesta comitiva. Como é de todos conhecido, no passado recente o Presidente da República também se “esqueceu” de incluir na sua vasta comitiva uma representação dos Açores numa visita de Estado a um país onde a comunidade Açoriana era relevante.

É conhecida a reivindicação do Governo dos Açores de gerir os recursos marinhos do imenso mar que rodeia as ilhas. Olhando para um mapa também se percebe que Portugal “cresceu” muito à custa da nossa Zona Económica Exclusiva.

O mar dos Açores possui recursos naturais importantes que poderão trazer benefícios económicos e avanços tecnológicos. Esta realidade assusta os centralistas que não demoram na demonstração da sua profunda inquietação.  

É lícito falar-se nos Açores quando se fala em economia do mar e como tal não se percebe como não se inclui numa viagem com esta importância uma delegação do Governo dos Açores quando se sabe, ainda para mais, que os Açores têm um peso significativo na comunidade Portuguesa instalada naquele país. 

É uma pena que esta tacanha forma de ver estas coisas permita estes intoleráveis “esquecimentos” que diminuem a representação do Estado.  

22 de setembro de 2014

A nossa televisão

A RTP-Açores, no meu entendimento, é imprescindível aos Açores. Representa o traço de união entre todos os Açorianos, de Santa Maria ao Corvo.

Quando surgiu, no dealbar da nossa autonomia política e administrativa, a RTP-Açores era a única estação televisiva que os Açorianos podiam sintonizar. Foi com ela que vimos as primeiras novelas, foi através dela que nos habituamos a ver o que acontecia nas outras ilhas, no continente e no mundo, foi por ela que desfilaram figuras conhecidas de todas as ilhas, foi por causa dela que aprendemos a respeitar e a conhecer melhor as nossas tradições.

No passado esta estação viveu momentos de grande criatividade, quer na produção de programas que os especialistas valorizaram, quer na realização de séries em que a imaginação e o profissionalismo tratavam de arranjar soluções para a falta de meios técnicos.

Foi um período áureo desta estação regional que coincidiu com a dispersão pelas ilhas de alguns meios, nomeadamente os correspondentes, que permitiam enviar para um dos centros regionais peças dos acontecimentos locais para os programas de informação, mais ou menos formais, que emitiam de manhã, à tarde e à noite.

No passado recente a RTP-Açores, à conta das enormes restrições financeiras, sofreu um ataque que reduziu o serviço público a quase nada. Vimos desaparecer programas, reduzir noticiários, sair gente com muito valor. Esta fase coincidiu com a proliferação de canais e com a revolução tecnológica que permite a qualquer cidadão ter um canal próprio ou mesmo fazer uma reportagem com um simples telemóvel.

A RTP-Açores vive, neste momento, tempos difíceis, não só pela indefinição, mas também pela demora em arranjar uma solução sustentada que permita àquela estação prestar um verdadeiro serviço público em todas as ilhas dos Açores.

Hoje, com a revolução verificada no audiovisual, provavelmente podíamos viver sem ela, mas de certeza que não seria a mesma coisa.