29 de março de 2012

Muita parra e pouca uva


Confesso que não estive particularmente atento ao que se passou no congresso do PSD, mas, inevitavelmente, acabei por ouvir algumas intervenções, pois as televisões, nestes momentos altos da vida dos partidos, trazem até às nossas salas tudo o que se passa nessas reuniões magnas, com direito a repetições devidamente acompanhadas pelos comentários dos especialistas na matéria.

Uma dessas intervenções foi a líder do PSD-Açores, porque ela é, no fundo, candidata à chefia do governo dos Açores e como tal é preciso perceber o que diz, o que pensa e o que pretende, muito embora, por vezes, seja difícil encontrar coerência entre o que diz e o que faz ou fez.

Mesmo os apoiantes do PSD-Açores deviam estar à espera de um momento de afirmação da estratégia política, para levar os Açores para frente. Esperava-se a definição clara de políticas a aplicar caso vença as próximas eleições, mas o que se ouviu foi mais do mesmo e nada de novo. Umas ideias aqui e outras ali, algumas redundâncias, mas sem uma linha condutora programática fiável, que fizesse acalmar as suas próprias hostes que já desesperam por posições mais concretas.

Percebemos, nessa intervenção, que a líder do PSD-Açores receia a dureza negocial do primeiro-ministro. Ouvimos a vontade de fazer descer as tarifas aéreas, só não soubemos ,como, nem ouvimos a justificação porque, quando foi Diretora Regional dos Transportes, presidente da SATA ou Secretária Regional das Finanças, as passagens aéreas eram, mesmo assim, mais caras do que agora, apesar do petróleo ser seis vezes mais barato. Definiu-se também como uma grande lutadora nas disputas eleitorais passadas e aí só me veio à memória as autárquicas de 2009, onde os resultados dos Açores, para a líder do PSD, resumiam-se a Ponta Delgada. O resto era com os outros, os derrotados.

Como se vê é muito pouco. Esperava-se, sinceramente, muito mais neste congresso da líder do PSD-Açores. Vamos ter de aguardar por uma próxima oportunidade.

27 de março de 2012

O sobrevivente da Barra



Firmínio Rodrigues Picanço

(23/11/1931 – 23/12/2005)

O sol já ia alto quando a vigia do Pico Negro dá o sinal de baleia à vista e passa de imediato a informação ao seu colega do Monte da Ajuda. Este agarra no foguete, apressa-se para o exterior chegando a brasa do cigarro à pólvora que fez o foguete subir e disferir, com estrondo, um forte sinal ouvido em toda a freguesia. Era esta a indicação que muitos esperavam para, numa correria louca, se porem o mais rápido possível junto do seu bote, na Barra ou na Calheta para começar mais um dia de caça ao cachalote.

O Rodrigues era um homem alto e forte. Sustentava a sua família com a baleação e complementava o rendimento com proveitos advindos do mergulho. Era trancador, porventura o posto mais difícil nas companhas pois é ele que, por força da sua função, estava mais perto do imprevisível cachalote e era da sua perícia que dependia o sustento dos restantes tripulantes.

Em reação ao sinal o Rodrigues foi até sua casa na rua das Violas, agarrou apressadamente no farnel e, de calças arregaçadas, correu até à Barra onde descalçou e arriou o bote com a ajuda dos seus colegas que, entretanto, foram chegando.   

O bote Cristovão Manuel, já com o mestre José Vieira Goulart ao leme e à força dos remadores rumou até meio da baía para aí ser apanhado e rebocado pela Estefânia Correia, pois não havia tempo a perder. O mesmo terá acontecido com o bote saído da Calheta, que se pôs a jeito de ser apanhado pela Estefânia no rumo entre a Barra e o local onde o cachalote tinha sido avistado, lá para os lados do Pico Negro.

Havia uma sinalética própria desta atividade, num jogo de bandeiras que anunciavam se já existia baleia trancada ou mesmo morta. Nesse dia nada tinha sido indicado, pelo que se previa um calmo regresso a casa, muito embora de mãos a abanar.

Mas não foi isso que aconteceu, infelizmente.

Já passava das oito horas da noite quando me apercebi do exagerado movimento na minha rua, que era a mesma do Hospital.

A eletricidade ainda estava ligada mas lá fora imaginava uma noite de trevas. Ouviam-se vozes apressadas, ruído de automóveis e, depois, o choro de mulheres que subiam a rua. Algo não estava bem.

Meu pai resolveu sair para saber o que se passava, enquanto nós, eu e a minha mãe, esperávamos ansiosamente por explicações sobre o que estava a acontecer. Sim - disse meu pai no regresso - era mesmo grave. Tinha havido um acidente na caça à baleia e já existiam mortos e alguns desaparecidos.

Ficamos a tentar imaginar o que poderia ter sucedido, enquanto as horas passavam vagarosamente. As perguntas surgiam às catadupas e as respostas tardavam. O que poderia ter corrido mal?

Com o alvorecer e depois de uma noite em branco repleta de pensamentos sombrios e a imaginar o sofrimento daqueles que tinham familiares nas embarcações envolvidas, vieram as primeiras explicações.

Depois da faina a lancha Estefânia Correia fez o reboque dos botes baleeiros de regresso aos portos, tal como o fizera em muitas outras ocasiões. Deixou o primeiro na Calheta e trouxe o Cristovão Manuel até à Barra onde era varado normalmente.

Começava a escurecer e, por isso, a entrada na Barra não era fácil, muito embora a existência de dois pontos de luz, alimentados a petróleo, davam a indicação precisa do enfiamento correto para entrar de uma forma segura.

A manobra não terá corrido como se esperava. O Cristovão Manuel, empurrado pela onda na carreira da Barra, terá ultrapassado a Estefânia Correia. O mestre José Vieira Goulart, oficial do bote, prevendo o desfecho, ainda tentou a todo o custo aguentar o leme em direção a terra, mantendo o bote na esteira da onda. Não dava tempo, era preciso cortar o cabo. Correu por cima dos bancos de machado em punho, mas era tarde demais. O cabo esticou e o bote voltou-se com os seus sete tripulantes a bordo. Não é difícil imaginar o pânico daqueles homens que, embora habituados às condições adversas do mar que lhes dava o pão, terão sido apanhados de surpresa, no início daquela noite de novembro de 1967. Temendo serem atingidos pela lancha que circulava às voltas procurando sobreviventes e enredados na palamenta do bote baleeiro constituída por remos, pás, velas, mastros, selhas, cabos e ainda desorientados por não enxergarem a ilha que lhes poderia trazer a salvação, estes homens lutaram até à exaustão, constando mesmo que alguns, desesperadamente, terão nadado em direção oposta à da terra até ao limite das suas forças.

Morreram o mestre José Vieira Goulart (oficial do bote), Arnaldo de Sousa, Izalino Nunes, Gabriel Machado, Albino Horta e José Soares. Sobreviveu o Firmínio Rodrigues Picanço, aquele que, afinal, estava sempre mais perto do perigo. A sua destreza dentro de água ditada pelos anos de experiência como mergulhador e a frieza com que encarou o sinistro terão sido cruciais para escapar ao destino dos companheiros.

O ano de 1967 ficará indelevelmente marcado na nossa memória coletiva por este desastre.

22 de março de 2012

Turismo nos Açores - do oito ao oitenta


Quis o PSD – Açores levar ao Plenário da Assembleia Legislativa uma interpelação ao Governo Regional sobre o setor do turismo na Região Autónoma dos Açores.

Estranha-se, no entanto, que para um partido que critica tanto a política de turismo do Governo Regional dos Açores, apenas agora tenha trazido este tema à baila para debate.

Terá sido por acaso? Claro que não. Cedo se percebeu que esta figura regimental foi aproveitada pelo partido proponente para atacar e tentar diminuir o Secretário Regional da Economia que, como se sabe, é o candidato do Partido Socialista a Presidente do próximo Governo dos Açores que sairá das próximas eleições regionais que ocorrerão em outubro próximo.

Mas penso que este gesto terá saído como mais um tiro no pé. E têm sido tantos, ultimamente, que até já lhes perdi a conta.

Um partido como o PSD, que já governou esta região duas décadas, não se poderá proteger das responsabilidades que tem, agora que se encontra na oposição.

É preciso lembrar – e temos de fazê-lo agora com mais acuidade porque neste período pré-eleitoral algumas pessoas revelam sintomas agudos de memória curta – que o PSD deteve o poder durante muitos anos e, nessa altura, enjeitou a oportunidade desta região se afirmar no turismo.

Naqueles tempos não se construíram hotéis porque não tínhamos turistas, mas também é verdade que não tínhamos turistas porque não tínhamos hotéis. E vivíamos assim, enredados nesta teia imobilizadora que nos atirou para uma situação dramática.

Apesar disto o PSD chegou a ter um Secretário Regional do Turismo, imagine-se. Aos Açores não vinham turistas, nos Açores não existiam estabelecimentos hoteleiros, mas, mesmo assim,  o PSD tinha um gabinete completo para tratar de uma pasta que, na prática, não existia. Isto não é para qualquer um…

Foi assim que o Partido Socialista encontrou os Açores em 1996. Estava tudo por fazer e em todas as ilhas.

Foi preciso dinamizar a iniciativa privada, apostar na construção de hotéis de qualidade, promover o destino, ao mesmo tempo que se qualificava a restauração. Nalgumas ilhas, como é o caso da Graciosa, o Governo substituiu, e muito bem, a iniciativa privada na construção de empreendimentos quando o empresariado se mostrava sem capacidade financeira para o fazer.

Os resultados estão bem à vista de todos e só não vê quem não quer. O número de turistas aumentou exponencialmente, aumentando o número de trabalhadores neste setor, tal como aumentou o rendimento desta atividade, contributos importantes para o crescimento do Produto Interno Bruto da Região Autónoma dos Açores.

Passamos do oito ao oitenta. Foi uma tarefa hercúlea, que orgulha, e em muito, os Governos do Partido Socialista.

15 de março de 2012

O logro


Berta Cabral veio a público regozijar-se da boa situação financeira da “sua” Câmara Municipal, com base num ranking saído no Anuário Financeiro dos Municípios. Que era bem gerida, que estava de perfeita saúde, que tinha um dos menores endividamentos per capita, que se encontrava entre as melhores do país e sei lá o que mais. Só coisas boas.

No dia da entrevista, onde essa revelação inusitada foi feita, notei grande candura na postura da presidente da Câmara de Ponta Delgada, o que, sinceramente, fez-me lembrar que quando a esmola é grande até o santo desconfia.

Pouco depois os Açorianos vieram a saber que houve um engano e que afinal não era bem assim, antes pelo contrário. A Câmara de Ponta Delgada não estava entre as melhores 50, infelizmente. O endividamento por munícipe afinal era o dobro da que se encontrava em 50º lugar desse ranking, o que atira aquele município, afinal, para as calendas gregas da tal listagem, num lugar nada honroso.

Até o professor Marcelo Rebelo de Sousa, comentador domingueiro, ficou inebriado com a prestação da sua companheira de partido, que, depois, veio a verificar-se, tratar-se de um flop nunca desmentido, apenas porque dava jeito.

Foi com estupefação que assistimos ao silêncio depois de tamanho engano com se isso fosse de somenos importância. Os Açorianos não merecem este tipo de comportamento branqueador.

Se foi por a dra. Berta Cabral ignorar a verdadeira situação financeira da sua edilidade, é grave, mas se foi uma ação premeditada então trata-se de um ato inqualificável e impróprio para quem tem ambições políticas.

Nestas coisas a verdade vem sempre ao de cima, diz o nosso sábio povo. Descobre-se o logro e cai a máscara, digo eu.

14 de março de 2012

Humilde e culto




Edmundo da Cunha Ribeiro

(04/03/1910 – 09/08/1987)

Era na sua tenda situada na rua Serpa Pinto, por baixo do granel do senhor Francisco Barcelos, que estava sempre. De avental marcado por nódoas das tintas que usava, permanecia invariavelmente sentado de corpo curvado atrás da sua banca de trabalho, repleta de utensílios próprios da profissão. Passava horas seguidas, agarrado aos sapatos, moldando as solas, cozendo ou polindo, rodeado pelas suas ferramentas espalhadas pela banca, sempre ao alcance das suas necessidades. E sapatos, muitos sapatos, depositados num recanto da tenda esperando a sua vez para merecerem os cuidados deste artífice.

Este era o sapateiro a quem a minha família entregava os sapatos para as devidas reparações. Normalmente calhava-me a mim levar os ditos em mau estado, quase sempre de biqueira aberta devido às jogatanas no campo de S. Francisco, mais conhecido pelo campo da Rata, ou então de sola gasta pelo uso intensivo, para os ir buscar uns dias depois já como novos, prontos para mais uma temporada.

A tenda do senhor Edmundo, como era conhecida a sua oficina, funcionava, também, como ponto de encontro de muitos Graciosenses.

O chão era de cimento frio, que contrastava com o calor humano que reinava naquele espaço. Nas paredes viam-se alguns cartazes amarelados pelo tempo. Tinha um banco corrido num dos lados onde se sentavam todos aqueles que procuravam saber as novas, que, naquele tempo demoravam a chegar, trazidas pelos frequentadores e clientes que eram também os seus amigos. Num dos cantos ficava uma cadeira de vimes, mais confortável, que estava informalmente reservada ao Dr. Gregório ou ao Comandante Silveira, duas figuras de referência que não dispensavam uma presença diária naquele espaço. Por ali passavam médicos, comerciantes, sacerdotes, estudantes, carteiros, professores, etc.. Uma amálgama de gente que refletia a sociedade Graciosense.

Antes da revolução dos cravos era ali que se discutiam intensamente os assuntos que estavam na berra. Era ali que chegavam outras maneiras de ver o mundo, porque muitos dos frequentadores ouviam rádios não controlados pelo antigo regime e por aí sabiam a verdade, nua e crua, sobre o que se passava no nosso país e no mundo. Era ali que se abordavam os assuntos políticos, mais ou menos em surdina.

Acredito piamente que aquele espaço deve ter merecido a atenção da polícia política, pois muito do que lá se dizia, comentava e discutia, não era, de todo, bem visto pelo regime da altura.

Depois de Abril, com o advento das comunicações e da televisão o nosso mundo mudou, mudaram também o país, a região e a nossa ilha, mas a tenda do senhor Edmundo manteve-se inalterável. Era um local de culto para os seus frequentadores que continuaram a abordagem dos mesmos temas, só que de maneira mais desassombrada. Era o valor da liberdade.

O senhor Edmundo tocou trombone anos a fio na Filarmónica Recreio dos Artistas e terá pertencido aos seus corpos sociais, dando, assim, um contributo para a cultura Graciosense. Era um pescador de calhau exímio e, diz quem o conheceu, fazia uma caldeira muito apreciada pelos amigos. Estava sempre pronto para pregar umas partidas aos mais incautos que por ali passavam.

Apesar da modéstia e humildade o senhor Edmundo era um homem culto e que cultivava a verdadeira amizade.

8 de março de 2012

Petições


Partilho da opinião de que as petições públicas são um instrumento importante nas sociedades modernas. Qualquer cidadão ou grupos de cidadãos podem, por esta via, invocar a atenção dos poderes públicos para uma situação ou uma questão tida como pertinente por parte de quem subscreve.

Esta é uma das grandes conquistas plasmadas nos documentos fundamentais, a Constituição Portuguesa e o Estatuto Político-Administrativo da Região Autónoma dos Açores.

Curiosamente têm surgido ultimamente muitas petições, o que faz denotar a maturidade da democracia e a participação dos cidadãos nas decisões sobre políticas que afetam a sua ilha, a sua região ou o seu país.

Recentemente surgiram nos noticiários duas petições, que chamaram a atenção por serem inusitadas, na minha opinião meramente pessoal. Uma destina-se à destituição do Presidente da Republica e outra à antecipação das Eleições Regionais.

O Dr. Cavaco Silva foi eleito em janeiro de 2011 com 53,14% dos votos expressos e, por isso, quer se concorde ou não com ele, está a ocupar um cargo com a legitimidade que tão larga maioria lhe deu nas urnas.

Nas Eleições Regionais de 2008 o Partido Socialista venceu com 49,92% dos votos expressos, atingindo uma nova maioria absoluta indiscutível que lhe garantiu a governação por mais estes quatro anos.

O povo, convocado a decidir, foi muito claro e escolheu quem queria para Presidente da República e antes, em 2008, apurou o partido que lhe dava mais garantias para dirigir os Açores.

Num e noutro caso o povo vai ser chamado novamente a decidir e é nesse contexto que fará o julgamento e não de outra forma, mesmo que desse mais jeito a este ou a aquele partido.

Alterar as regras parece-me a subversão da democracia, porquanto foi esta democracia, com as virtudes e os defeitos que encerra, que proporcionou a prerrogativa dos cidadãos utilizarem esta figura de participação cívica. Não a desvirtuemos.

1 de março de 2012

O desemprego como arma


Na passada semana ficamos a saber que o desemprego nos Açores se situava nos 15,1 %, valor mais alto do que o registado no conjunto do país.

Logo tivemos quem se apressasse a atacar o Governo Regional dos Açores acusando-o de não ter conseguido estancar este drama que afeta muitos Açorianos, sobretudo o mais os jovens. Basta folhear os jornais e logo se veem os títulos garrafais de crónicas dos comentadores políticos dizendo isso mesmo.

Esta reação era esperada. Ainda recentemente vimos caras com ares de consternação apenas pelo facto de na Região Autónoma dos Açores não ser encontrado um “buraquinho” nas contas públicas que fizesse render alguns votos. Agora o desemprego também é usado como arma de arremesso. Infelizmente alguma oposição funciona assim, tipo, quanto pior, melhor.

Fala-se muito dos jovens na busca de emprego, como se isto fosse um dado novo. As coisas não mudaram muito para os jovens, mas existem diferenças que importa revelar. Todos têm acesso ao ensino superior e quando isso não acontece existe uma enorme oferta de cursos técnico profissionais, que os qualificam e abrem portas ao mercado de trabalho. Quando acabam a licenciatura tem acesso a um primeiro contato com esse mercado através dos programas Estagiar, que, curiosamente, tem colocado muitos dos estagiários nas empresas onde cumpriram esse programa. Hoje qualquer jovem licenciado ou com formação profissional tem acesso a programas de empreendedorismo ou de criação do auto emprego.

Este flagelo do desemprego, usado indevidamente para caçar uns votos aqui e outros ali, tem afetado as regiões ultraperiféricas da Europa de uma maneira assustadora.

Nas diversas crónicas feitas por gente da oposição, nunca vi referências que remetessem o aumento do desemprego para a diminuição drástica do consumo, a redução do investimento, ou a falta de liquidez da banca para alavancar a economia, situações criadas pelo Governo Central que se orgulha, todos os dias, de, em matéria de cortes, ir muito mais além do que exige a troika.

Pela via das dificuldades de acesso ao crédito houve uma redução enorme da atividade no setor construção civil. O aumento brutal dos impostos fez diminuir drasticamente o rendimento das famílias, afetando o consumo e por isso o setor de comércio e serviços registou uma quebra sem precedentes. É por esse facto que todos os dias trabalhadores do comércio ou da construção civil engrossam os números de desempregados e isso deve-se às políticas desacertadas impostas pelo Governo da República, como facilmente se depreende.

O Governo Regional se não tivesse executado um Plano Regional de Emprego, se não tivesse criado mais de 21 mil novos empregos em 10 anos, se não criasse programas para empregabilidade para mulheres e jovens, se não apostasse na formação profissional e se não consolidasse o tecido empresarial, certamente que agora o problema do desemprego teria contornos muito mais graves.

E mais. O Governo Regional, enquanto esta conjuntura externa adversa atingia os Açores, tratou de minimizar os estragos, atacando o problema em várias frentes, nas empresas e nas famílias, passando pela agricultura e pescas e criando o Programa para a Promoção do Emprego e Competitividade para uma resposta imediata.

Uns, aproveitando a boleia desta conjuntura nacional e internacional desfavorável, tentam, desesperadamente, colar os seus efeitos nefastos ao Governo Regional sem apresentar uma única proposta para alterar esta situação, enquanto outros, por entre as dificuldades impostas, respondem aos problemas que assolam os Açores e Açorianos com confiança e determinação.