30 de dezembro de 2015

Renovar a esperança

Prestes a “fechar” mais um ano é tempo de balanços e, sobretudo, de renovar a esperança num ano novo melhor do que este. Este é um ritual que se repete ano após ano, sempre por esta altura.

E há balanços para tudo e para todos. Política, economia e desporto, são algumas das áreas mais usadas nesta espécie de acerto de contas com os doze meses do ano. Também se avalia as consequências das guerras, onde se engloba a morte de inocentes, nomeadamente jornalistas que tombaram no exercício das suas funções, e o drama de refugiados que todos os dias fogem dos cenários dramáticos em se tornaram os seus países.

Portugal esteve sujeito, durante quatro anos e qualquer coisa, a um sufoco fiscal sem precedentes, assistindo à destruição dos sonhos de toda uma geração que teve de sair do país, apenas com a justificação de um ajustamento feito à custa do empobrecimento e da venda ao desbarato de muitas empresas públicas.

O Governo de direita que esteve à frente do país orgulhava-se de estar endireitar as contas enquanto assistia à morte da nação. Parece incompreensível porque, como se sabe agora, nem sequer as contas ficaram direitas, como se pode ver pela subida da dívida pública e o número de trapalhadas escondidas que se vai descobrindo aos poucos e que terão implicações sérias no défice.

Os Açorianos também sentiram na pele os efeitos desta crise, apesar do Governo Regional ter feito um enorme e louvável esforço para repor os cortes e manter o investimento público, com o intuito de contrariar a tendência nacional. Esta ação governativa teve o mérito de não deixar ninguém para trás e evitou que os mais frágeis da sociedade fossem relegados para o esquecimento, como aconteceu no continente.

É hora de renovarmos a esperança num país melhor, de tomar outro caminho, um caminho mais justo, mais solidário e, sobretudo, mais equilibrado em termos sociais. Hoje, o novo Governo tenta reverter as políticas que nos levaram a esta situação, restaurando a confiança dos Portugueses.

Espera-se, por isso, que 2016 seja o ano da viragem. Assim seja.  

25 de dezembro de 2015

É Natal

Estamos no Natal, época propícia à reunião das famílias e ao reencontro com amigos. Por ser também final de ano, é altura para fazer um balanço do que se passou e perspetivar o futuro.

Nesta quadra abandonamos os pequenos problemas e dedicamos toda a nossa atenção às agruras que, de um modo mais transversal, afetam a humanidade. A comunicação social farta-se de nos lembrar isso mesmo e põe-nos as imagens na sala de estar, de um modo nu e cru, que apresentam uma realidade que por vezes ignoramos.   

O mundo sofre. O ano 2015 foi o mais quente de sempre. As temperaturas aumentam de mesmo modo que aumenta a poluição. As calotes polares derretem-se enquanto em alguns países disparam os alertas de poluição excessiva.

As guerras proliferam por esse mundo cada vez mais belicista. Síria, Iraque, Afeganistão, Líbia, Iémen, são alguns países consumidos por conflitos fratricidas. Destroem-se cidades, vilas e aldeias. Dizimam-se populações completas, como se nada fosse e as crianças, como é costume, são as que mais sofrem.  

Os refugiados aumentam. Famílias inteiras fogem em precárias condições da guerra que lhes roubou familiares e amigos. Os que escapam tentam reconstruir as suas vidas a partir do nada em países distantes e nem sempre amigáveis.

O terrorismo surge de bolsas de descontentamento geridas por radicais extremistas que estão a destabilizar as democracias dos cinco continentes.

As mulheres e os homens de boa vontade do mundo inteiro têm de deixar de lado as suas diferenças e juntar esforços para melhorar o nosso planeta. Têm de apelar à solidariedade de todos para os que mais sofrem.

As mulheres e os homens que governam o mundo têm de travar o aquecimento global e o avanço dos desertos antes que estes sejam irreversíveis. Têm de acabar com as guerras que matam aos milhares e alimentam sórdidos movimentos capazes de abalar o mundo com o terror das suas ações.

Nestes dias de harmonia é preciso renovar a esperança num mundo melhor. É preciso acreditar que o Natal pode ser, afinal, quando um Homem quiser.

18 de dezembro de 2015

Esta semana

Entre duas tormentas e já com um cheirinho a Natal que as luzinhas cintilantes nos fazem lembrar, enfrentamos mais uma semana típica de dezembro.

Depois de resistir a uma forte tempestade que caiu sobre os Açores, com mais intensidade na costa sul de S. Miguel, os Açorianos afetados fizeram o que fazem sempre: arregaçaram as mangas e puseram mãos à obra para recuperar o que o mar lhes roubou. Enfim, recomeçaram de novo, como em tantas outras vezes.

Perante este cenário de catástrofe foi positivo ver-se as autarquias, os bombeiros e a proteção civil num esforço conjunto, primeiro tentado acautelar e prevenir com a emissão de diversos avisos e depois com uma intervenção concertada que foi fundamental para proteger pessoas e bens.

Na hora do primeiro balanço o resultado foi dramático: 157 incidentes, entre os quais 11 desalojados, 4 feridos, 1 deles com gravidade, e 1 lamentável e irreparável morte. Os prejuízos materiais são avultados, sobretudo em algumas habitações, estruturas portuárias e rede viária.

Mas esta semana foi também marcada por decisões políticas importantes e que terão a ver com o futuro. Falo no anúncio da recuperação de rendimentos das famílias, com a reposição dos vencimentos dos funcionários públicos, a eliminação progressiva sobretaxa de IRS, o aumento do salário mínimo, as atualizações das pensões do regime geral e regime de proteção social, a reposição do complemento solidário para idosos e do rendimento social de inserção para valores de 2010 e a atualização dos 3 primeiros escalões do abono de família.

Segundo o primeiro-ministro, 1,6 milhões de famílias verão a sua situação melhorada, com a redução da sobretaxa, mais de meio milhão de trabalhadores, com o amento do salário mínimo, 440 mil portugueses com a reposição dos mínimos sociais, mais de 1 milhão de crianças com o aumento do abono de família e 2 milhões de pensões, com a sua atualização.

Foi também divulgada informação estatística que confirma que o PIB dos Açores, em 2014, retoma a trajetória de crescimento, registando uma evolução real mais alta de todas as regiões do país. Segundo essa informação estatística, em 2013 o rendimento disponível bruto per capita nos Açores era de 11.220 euros, superior à média nacional.

11 de dezembro de 2015

O voo SP530

Faz hoje 16 anos que o voo da SP 530 saiu de Ponta Delgada com destino às Flores e uma primeira escala prevista na Horta, onde nunca haveria de chegar. A viagem do ATP “Graciosa” ocorreu numa manhã com condições meteorológicas adversas. O céu estava muito nublado. O vento era de moderado a forte que causava muita turbulência, nada que os pilotos não estivessem habituados.

Ao viajar por essas ilhas dos Açores todos nós aprendemos a admirar e a respeitar os pilotos da Sata. A Associação Portuguesa de Pilotos de Linha Aérea também os reconhece como profissionais “de primeira linha, já que trabalham em condições adversas”. 

Independentemente das causas que a investigação apurou, o que se sabe é que esta viagem, que devia ter sido como muitas outras, foi interrompida de forma abrupta na ilha de S. Jorge, quando eram 10 horas e 18 minutos do dia 11 de dezembro de 1999, vitimando todos os passageiros e tripulantes, num total de 35 pessoas. 

Naquele dia recebi a notícia através da televisão e, tal como muitos Açorianos, fiquei estupefacto perante a possibilidade, nessa altura era só isso, de ter havido um desastre. Depois veio a confirmação. O voo SP 530 tinha colidido com o Pico da Esperança e não havia sobreviventes. 

Depois do choque inicial, vieram-me à cabeça, como deve ter acontecido com muitas pessoas, imensas dúvidas. Se tinha familiares, amigos ou conhecidos no fatídico voo, era a incerteza que mais me atormentava no momento. 

A seguir veio a confirmação. O Mário estava a bordo naquele dia. O Mário era um Graciosense que escolheu o Faial para viver e constituir família. E era também meu primo. Um bom primo e um grande amigo que partiu prematuramente, por estar à hora errada no local errado. 

Nos terramotos, nos temporais, nos desastres, quando ocorrem perdas de vidas humanas, parece que perdemos uma parte de nós, mas os Açorianos, moldados pela vida incerta nestes torrões espalhados pelo mar, sempre souberam dividir a alegria e partilhar a felicidade nos momentos em que a vida lhes sorri, mas quando acontece uma desgraça comungam também o sofrimento, como se fosse um contributo para remover a dor aos mais afetados. 

Trumpalhada

As eleições primárias nos Estados Unidos da América estão ao rubro e a atravessar um momento crucial.

Donald Trump, conhecido empresário e investidor com muitas passagens pelo meio televisivo, parece ser um dos preferidos no seio dos republicanos para a designação daquele partido à corrida presidencial que terá o seu desfecho no dia 8 de novembro de 2016.

Prometeu, logo de início, ser o melhor presidente que alguma vez Deus criou e isso não augura nada de bom, porque, como diz o povo, presunção e água benta cada um toma a que quer.

De polémica em polémica este candidato a candidato vai fazendo o seu percurso rumo a uma nomeação que parece certa, sem se livrar, mesmo assim, de colher o ódio de milhões de americanos de diversas origens.

Propôs a construção de um muro na fronteira com o México ao mesmo tempo que apelidou os Mexicanos de narcotraficantes e violadores. Agora virou-se contra os muçulmanos, conotando-os, a todos, com o terrorismo, anunciando que, com ele à frente dos destinos dos Estados Unidos, ficarão impedidos de entrar no país. Ameaça as minorias étnicas com deportações em massa, defende a tortura de suspeitos e quer manter a atual lei das armas que muitos dissabores tem criado naquele país.

Este político quer governar com tortura, muros e armas, aproveitando-se da insegurança e do medo que pairam em muitos países devido à ameaça terrorista.

À conta destas polémicas a Universidade Robert Gordon, da Escócia, já lhe retirou o título de Doutor Honoris Causa, com a justificação de que as afirmações proferidas não eram compatíveis com os valores daquela instituição. A ONU já o condenou por divulgar mensagens de ódio contra os muçulmanos.

Os defensores dos direitos humanos estão fulos com as posições radicais deste homem que parece desconhecer a história dos Estados Unidos da América e acusam-no de, com estas tiradas xenófobas, apenas pretender chamar a atenção sobre si.

Dou razão ao Presidente Obama quando diz que a liberdade é mais poderosa que o medo. Espero que o povo americano, na hora da decisão, não se deixe tolher pelo medo.

4 de dezembro de 2015

Temos Governo

A partir desta quinta-feira passamos a ter, ao fim de sessenta dias, um Governo em Portugal, agora com plenos poderes para desempenhar as suas funções, depois da aprovação do programa para a legislatura e resistir a uma moção de rejeição apresentada pela atual oposição, agora mais ressabiada.

O atual Governo do Partido Socialista, como se sabe, resultou da incapacidade das bancadas do PSD e CDS-PP em encontrar uma solução de governação no seio da Assembleia da República, resultou, enfim, da inabilidade para estabelecer acordos com os outros parceiros.

Ficaram simplesmente à espera que um golpe de sorte os ajudasse a manter o poder ou que o tempo fizesse os restantes partidos aceitarem como boas as práticas políticas implementadas nestes longos quatro anos, situação com poucas probabilidades de acontecer, como é facilmente compreensível. 

Ficaram à espera porque nunca acreditaram que fosse possível fazer pontes e encontrar consensos no âmbito do Parlamento.

O Partido Socialista, munido do apoio dos partidos à sua esquerda, avançou com uma solução estável para governar o país, conforme era desejo do Presidente da República, pelo menos na campanha eleitoral, deixando na oposição aqueles que agora tem menor número de votos na Assembleia da República.

Durante o debate o PSD e o CDS-PP quiseram marcar a sua posição com referências à legitimidade e ao experimentalismo, amedrontando os Portugueses com fantasmas do passado, como já não se via desde há muito.

Por outro lado, da nova maioria ouviu-se falar num virar de página, em restabelecer a esperança num país que foi governado, nestes últimos quatro anos, por uma coligação que falhou em todos os objetivos a que se tinha proposto e que deixou Portugal e os Portugueses piores do que estavam em 2011.