28 de outubro de 2016

Do outro lado

Fui convidado pelo Rui Jorge para participar no convívio anual dos Graciosenses na cidade de Lowell, nos Estados Unidos da América.

Não foi a primeira vez que tal aconteceu, mas por uma razão ou por outra só agora consegui cumprir esse desejo antigo de visitar aqueles que foram em busca dos seus sonhos.

No exercício de funções públicas tenho por hábito dizer, aos que me acompanham, que temos de estar presentes onde houver um Graciosense e, talvez por isso, considerava que, para além do desejo de participar naquele convívio, esta também seria uma obrigação minha.

Nesta viagem, confirmei, mais uma vez, que a Ilha Graciosa é muito mais do que os 62 quilómetros quadrados que a geografia lhe proporcionou. Digamos que há o lado de cá e o lado de lá desta mesma ilha e essa peculiaridade sente-se quando se visita uma comunidade como aquela.

Encontrei muitos amigos, alguns que revejo anualmente, outros que quase já lhes tinha perdido o rasto. Uns cresceram e brincaram comigo. Outros, apesar de pertencerem a uma geração mais velha, marcaram também a minha juventude. Outros, ainda, apesar de ter sido incapaz de, à primeira, recordar os seus nomes, cheguei lá através das suas feições, devidamente atualizadas pela ação do tempo, que não perdoa, como bem sabemos.

Todos eles saíram da ilha, mas vê-se que a ilha não saiu deles. Estão lá, construíram famílias e vidas, mas o coração continua neste torrão plantado no meio do Atlântico.  Em nenhum caso senti amargura pelo facto da sua ilha, da sua região e do seu país, terem sido incapazes de lhes dar condições para evitar a sua emigração.

O Cônsul de Portugal na cidade de Boston, conhecedor da realidade da nossa diáspora, teceu, no seu discurso, grandes elogios à comunidade Graciosense residente naquele estado, considerando-a mesmo um exemplo, facto que embeveceu quem lá estava.

Mas manter uma comunidade unida dá trabalho e por isso é necessário enaltecer a dedicação destas mulheres e destes homens que, dirigidos pelo Rui Jorge, mantêm de pé este encontro há exatamente treze anos consecutivos, incutindo nos participantes, para além do espírito de união, o gosto pelas tradições da nossa terra.

Foi um reencontro cheio de emoções fortes, mas que valeu a pena.

30 de setembro de 2016

Um novo investimento

Na passada quarta-feira foi lançada a primeira pedra de um novo investimento reprodutivo na Ilha Graciosa: o matadouro.

O matadouro da Graciosa é um dos últimos investimentos estruturais que faltava nesta ilha que, como se sabe, foi sujeito a um adiamento por vontade do Conselho de Ilha que preferiu optar por um novo, ao invés da ampliação do atual que, como se sabe, já se encontra integrado na malha urbana que se desenvolve nos arredores do centro de Santa Cruz.

Esta alteração foi, quanto a mim, oportuna, mas implicou um atraso compreensível para se fazer um novo projeto e, ao mesmo tempo, encontrar um terreno adequado para o implementar.

Apesar destas vicissitudes, chegamos ao dia em que a obra arrancou. Representando um investimento de quase 5 milhões de euros, o matadouro terá cerca de 2.200 metros quadrados de área coberta e um prazo de execução de 18 meses.

Os seus equipamentos serão dos mais modernos, capazes de, por si só, criar melhores condições de trabalho aos colaboradores daquele serviço, desde a abegoaria até à preparação de subprodutos, passando pelo abate, desmancha, espaços refrigerados e climatizados.

No entanto, as maiores repercussões estão destinadas aos produtores de carne Graciosenses, pela melhoria geral das condições do abate e, sobretudo, pela possibilidade de obterem maiores rendimentos em resultado da sua atividade.




26 de setembro de 2016

Um novo pilar

A agricultura, a pesca e o turismo constituem os pilares da economia da Ilha Graciosa, à semelhança do que sucede em quase todas as outras ilhas, mas a energia e o ambiente estão a revelar-se como sectores que acabam por ser transversais a todos os outros e incontornáveis.

O projeto piloto que está a ser desenvolvido na Graciosa para a produção de energia limpa, pode contribuir para a valorização dos produtos locais, da agricultura à pesca, mas para o turismo poderá ser uma mais-valia importantíssima.

A autossustentabilidade é uma das maiores preocupações das sociedades ocidentais e a Graciosa está a escassos passos de poder concretizar esse objetivo.

Mais dia menos dia teremos cerca de 65% do total do consumo energético produzido por fontes renováveis, podendo esse valor ser aumentado com a microgeração de energia, ou seja, a produção de energia em pequena escala.

O caminho faz-se caminhando, diz o povo e com toda a razão.

O objetivo de um projeto destes, que envolve um investimento na ordem dos 25 milhões de euros, é anular a dependência dos combustíveis fósseis, minimizar a pegada ambiental e reduzir os custos das famílias com o consumo de energia.

Isso só será possível com uma mudança de hábitos e com a introdução de incentivos para alterar o paradigma.

O Presidente do Partido Socialista, Vasco Cordeiro, apresentou, na sua recente visita à Graciosa, uma proposta para promover a mobilidade elétrica, que fará parte do seu programa de governo.

Para os Graciosenses esta foi uma excelente notícia, digamos, a cereja em cima do bolo, porque um programa deste tipo, a ser implementado, cumprirá o objetivo de reduzir gastos com a energia, baixar a emissão de gases poluentes e fará da Graciosa uma ilha ainda mais apetecível.

9 de setembro de 2016

Entre o dizer e o fazer vai uma grande diferença

Debater as problemáticas das pescas é sempre uma questão oportuna e de relevante interesse para os Açores, porque estamos a falar de um sector que é responsável por cerca de 20% das nossas exportações e representa mais ou menos 5% da população ativa da Região.

No Plenário desta semana, as pescas foram objeto de uma interpelação ao Governo. Foi, de facto, uma excelente oportunidade para reunir contributos para a política de pescas dos Açores.

É conhecida a crise que tem afetado o sector nestes últimos três anos, sobretudo devido à escassez do atum nos mares dos Açores. Veja-se que em 2012 o atum representava 42% do total de capturas, em 2013 era de 33%, em 2014 baixou para 17% e em 2016, até agosto, o atum representou apenas 9% das capturas descarregadas nos portos dos Açores.

Outro fator que está a ditar esta redução nas capturas prende-se com a abrupta redução da quota do goraz que implicou algumas medidas, nomeadamente a sua gestão por ilha e um defeso no período da desova.

No entanto, neste Plenário não surgiram propostas para ajudar a resolver esta situação. Apenas o bota abaixo do costume e nada de contributos.


O PSD, neste debate, perdeu a oportunidade, quiçá a última antes das eleições, de escrever algumas propostas sobre pescas nas páginas em branco do seu documento orientador para a elaboração do programa de governo, que nada diz sobre este importante sector, ou acrescentar alguma coisa às duas estafadas propostas que se encontram no seu site. 

4 de setembro de 2016

Em pratos limpos

Várias vezes tenho visto e lido que o Algar do Carvão, na Ilha Terceira, é o único vulcão visitável no mundo.

Estas alegações servem, sobretudo, para dar notoriedade àquele sistema vulcânico que é, por sinal, muito bonito e merecedor de ser visitado.

O problema é que esta classificação é baseada num grande equívoco que - acreditando não haver qualquer maldade nesta atitude -  pode confundir e confunde, com toda a certeza, as pessoas de boa fé.

Que o Algar do Carvão é um vulcão do mundo e que é visitável, não há qualquer dúvida, mas mesmo ao lado, na ilha Graciosa, existe um vulcão, também visitável, e que ainda por cima desenvolveu, aquando da última erupção, a maior cúpula vulcânica de toda a Europa.

Se consultarmos a página “Vulcões de Portugal”, poderemos encontrar, entre vários, o Algar do Carvão e a Caldeira da Graciosa, sistema vulcânico onde se encontra a Furna do Enxofre.

Podemos também tirar as dúvidas no "Catálogo das Cavidades Vulcânicas dos Açores", onde ainda aparecem outras com essas características que apenas querem atribuir ao Algar do Carvão, vá lá saber-se porquê.

A existência da Furna do Enxofre na Graciosa não retira qualquer brilho ao Algar do Carvão, antes pelo contrário, pode completar a oferta para os visitantes que se interessam por vulcanismo e que deambulam pelo mundo à procura deste tipo de monumentos naturais.

A Furna do Enxofre apenas retira o que se quer dar em exclusividade ao Algar do Carvão que, por capricho da natureza, não é, de todo, verdade.

Errar é humano, perdoar é divino, mas corrigir é de sábio e não custa nada.

26 de agosto de 2016

Inverdades à solta

Vendo os títulos dos jornais e o que passa nas televisões nota-se que as coisas não estão a correr nada bem para o lado PSD de Passos Coelho nos últimos tempos. 

A não aplicação de sanções a Portugal pela União Europeia devido ao défice excessivo, originado, curiosamente, pelo próprio governo daquele partido, não agradou nada à direita. Depois a capitalização da Caixa Geral de Depósitos, várias vezes adiada para esconder o problema, também gerou algumas atitudes ressabiadas.

O desconforto do líder do PSD é por demais evidente sempre que se avança, mas como alguém dizia, é a vida.

Nesta sua última incursão pelos Açores, Pedro Passos Coelho deu novo tiro no pé, desta vez pressionado pelos seus companheiros locais, no sentido de dar a entender que a iniciativa de liberalizar duas rotas aéreas tinha sido do seu governo, para que aquele partido possa, eventualmente, retirar alguns dividendos do bom momento por que passa o turismo nos Açores.

Mas não foi isso que se passou e os Açorianos bem sabem. Foi o Governo dos Açores que tomou a iniciativa de apresentar uma proposta de alteração do modelo de acessibilidades à Região por via aérea que esteve fechada numa gaveta do governo de Passos Coelho durante três longos anos, só vendo a luz verde aquando da mudança de ministro.

Nesta altura de pré-campanha e assustado pelos estudos de opinião que se diz existirem por aí, o PSD optou por esta tática de descarado aproveitamento do trabalho dos outros. 

A sorte de todos nós é que a mentira tem perna curta.

29 de julho de 2016

A nova industria

O turismo é cada vez mais uma industria importante para muitos países dos quatro cantos do mundo que, acossados pela enorme concorrência, investem milhões na promoção dos seus destinos.


Os Açores começam também a despertar para o turismo, depois de um longo percurso de construção e requalificação de unidades hoteleiras, na promoção do destino e outras ações importantes, para qualificar a oferta, como o apoio a empresas de animação turística, requalificação da rede de trilhos e formação, de modo a chegarmos até aqui, mais capacitados para receber os que procuram estas ilhas para fazer as suas férias. 


O arquipélago tem realidades distintas, com aptidões também distintas, o que faz destas nove ilhas um destino diferente e seguro, características muito apreciadas nos tempos que correm.

A opção pelo turismo de natureza foi uma boa política e a sua prática tem dado resultados, especialmente quando, na hora da escolha, o destino é comparado com outros.    

Ao ouvir as entidades que, de uma maneira ou de outra, estão ligadas ao turismo, nota-se um otimismo prudente sobre o futuro desta importante industria nos Açores.

Na região, de janeiro a maio, quando comparado com o ano anterior, as dormidas cresceram 36%.
A Terceira (+136%), Santa Maria (35%), Graciosa (+34%), S. Miguel (+26%), Pico (+15%) e Faial, (+13%) apresentaram crescimentos positivos, enquanto as Flores (-11%), Corvo (-9%) e S. Jorge (-3%), registaram uma redução nas dormidas, nos primeiros cinco meses do ano, comparados com ano 2015.

Muito embora tenha havido sinais de uma retoma antes Low Cost, não há qualquer dúvida que a liberalização de duas gateways teve um grande impacto neste crescimento.
das

Relativamente aos mercados emissores, nota-se um progressivo destaque dos residentes no estrangeiro, nomeadamente Alemanha e EUA.

Agora que os Açores estão na moda é preciso aproveitar todas as sinergias para resolver os problemas que ainda existem e consolidar este destino que se quer ambientalmente equilibrado e sustentável.

Esta é uma tarefa de todos.

8 de julho de 2016

Nestes dias de futebol

Portugal ganhou, e bem, o País de Gales por dois golos sem resposta, num jogo em que Ronaldo “regressou”, para nossa satisfação.

A nossa seleção tem sido criticada por não fazer jogos bonitos, pelo menos até esta quarta-feira, mas dou razão ao selecionador quando afirma que entre jogar feio e estar em França ou jogar bonito e ir para casa, escolhe a primeira opção. Não diria melhor.

O ruído mediático emitido por uma catrefada de comentadores que se espalham pelos diversos canais televisivos, tem sido de tal ordem que cria, ao redor da seleção, momentos de algum agastamento, mas que originam situações de fino humor, como foi a do patinho feio ou então, um humor mais negro, quando o Quaresma lança o convite aos críticos para irem ver a final a Paris.

Esta vitória ofuscou outro feito. Dulce Félix sagrou-se vice-campeã da Europa nos 10.000 metros, em Amesterdão, na Holanda. Esta excelente atleta continua a dar alegrias aos Portugueses.

Esta semana também se esperava decisões sobre as sanções da União Europeia, a Portugal e a Espanha. Mas o que surgiu esta quinta-feira foi estranho. Foi decidido que quem decidirá será, afinal, o Conselho de Ministros das Finanças da União Europeia. Mais tempo, mais especulações e, sobretudo, mais incertezas sobre o futuro próximo. Vamos ter de continuar a ouvir os burocratas de Bruxelas, não eleitos, a afirmar o seu e o seu contrário, por mais uns dias.

O Secretário-Geral da OCDE afirmou que esta era uma altura muito má para criar divisões entre os países ao aplicar sanções por apenas ultrapassar o défice em duas décimas, quando tínhamos questões muito mais importantes para atender, como a crise dos migrantes e refugiados, a saída do Reino Unido da União Europeia e o terrorismo. Palavras sábias.

Na Assembleia da República discutiu-se o Estado da Nação. Foram horas de debate em que surgiram, como se esperava, dois blocos bem distintos: a direita que procura alegar que o país está pior e a esquerda a explicar a importância de devolver rendimento e direitos aos Portugueses, coisas que lhes foram sonegadas nos quatros anos de mandato dessa direita.

Nos Açores prossegue a pré-campanha eleitoral. O PSD, em campanha há um ano na procura incessante de notoriedade, prossegue com a publicitação de chavões, por vezes antagónicos e outras vezes prometendo a interferência do estado em tudo o que mexe.

Enfim, uma semana normal.

2 de julho de 2016

A revolução já começou

Na Ilha Graciosa vai processar-se uma autêntica revolução em termos energéticos, com a introdução de um sistema pioneiro em que se conjugam a produção eólica com a fotovoltaica e a possibilidade de acumular o excedente em baterias de última geração.

A taxa de penetração da energia com origem em fontes renováveis será, em primeira análise, na ordem dos 65%. O restante poderá ser obtido através da microprodução e da eficiência energética. 

Para atingir esse desiderato será preciso alterar hábitos de consumo e introduzir dispositivos e programas capazes de ajudar na gestão do consumo.

Este investimento de cerca de 25 milhões de euros permitirá à Ilha Graciosa a sustentabilidade energética que terá impactos nas áreas ambiental, social e económico-financeira.

Esta é mais uma peça das políticas direcionadas para a área energética que está a ser desenvolvida em toda a Região que, em termos de produção de energia alternativa, estará muito acima dos objetivos estipulados pela União Europeia para o ano 2020.

Os ganhos serão óbvios. Em primeiro lugar reduziremos, e muito, a pegada ecológica e teremos, a breve trecho, poupanças consideráveis nos consumos deste importante recurso.

Em 2015, nos Açores, a taxa de penetração era de 33% e prevê-se que daqui a alguns anos essa taxa poderá mesmo ultrapassar os 55%.

As medidas a introduzir na área da energia entre 2016 e 2020 permitirão reduzir as emissões de carbono em 110 mil toneladas e com as medidas previstas executar até ao ano 2030, essa redução será na ordem das 300 mil toneladas.

Estas mudanças nos Açores e na Graciosa, de uma forma mais particular, são ambiciosas e seguem um plano estratégico que mistura a inovação tecnológica com o aproveitamento dos recursos naturais.

Nada mais certo para manter os Açores como um dos melhores locais do mundo para se viver.

24 de junho de 2016

Junto das pessoas

Um Governo que se preze tem de estar o mais próximo possível do povo que serve, por razões óbvias.

As visitas previstas no Estatuto Político-administrativo da Região Autónoma dos Açores a cada uma das ilhas sem representação governamental, as mais pequenas, representam isso mesmo: a aproximação do poder executivo dos cidadãos.

Esses momentos servem para os representantes das comunidades darem a conhecer os seus anseios e ao Governo, por sua vez, dá a possibilidade de apresentar uma série de respostas e as ações que desenvolverá nos tempos seguintes.

A visita estatutária que o Governo dos Açores fez esta semana à Graciosa serviu também, por ser a última desta legislatura, para prestar contas aos Graciosenses, ou seja, permitiu fazer um balanço do que foi feito e do que ficou por fazer, num exercício de verdade e transparência digno de registo.

O compromisso eleitoral apresentado em 2012 continha mais de 70 medidas previstas para a Graciosa e hoje constata-se que mais de 86% delas estão cumpridas ou já em andamento, o que quer dizer que a taxa de cumprimento é excelente. Reconhecemos que não está tudo feito e também que nem tudo está bem feito.

O que faltou tem de ter uma justificação: ou foi por opção ou então devido a condicionalismos criados pelos novos apoios comunitários.

Esta legislatura foi difícil. Em 2012 o desemprego batia recordes, seguiram-se falências de muitas empresas, o Governo da República efetuou cortes nos rendimentos e nos apoios sociais.

O Governo dos Açores, dentro das competências que a autonomia lhe conferia, foi até aos limites para não deixar ninguém para trás. Foi um esforço enorme que valeu a pena. Se não fosse esse esforço a crise que atravessou a Europa e o país teria feito mais vítimas, com toda a certeza.

A par disso verificaram-se atrasos na aplicação dos fundos comunitários que impediram executar investimentos de acordo com o agendamento inicialmente previsto.

O Governo de Vasco Cordeiro enfrentou com determinação esses condicionalismos e provou que em dialogo permanente com os Açorianos foi possível seguir em frente e que as dificuldades foram apenas pedras no caminho.

17 de junho de 2016

Nova regulamentação da venda do pescado

Foi aprovado nesta quinta-feira uma proposta de Decreto Legislativo Regional que vai regulamentar a venda do pescado fresco.

Este regime poderá aumentar o rendimento dos pescadores, possibilitando a venda direta e também regulamentará a marcação do pescado que, por sua vez, contribuirá para a redução da fuga à lota.

Os momentos de dificuldade por que passa uma parte do sector são uma grande preocupação para o Governo dos Açores, por isso tem desencadeado uma série de medidas e outras se seguirão propostas por um grupo de trabalho criado para o efeito.

O Partido Socialista, suporte do Governo, tem acompanhado estas situações que se poderão transformar em momentos de oportunidade.

Esta legislação é, portanto, mais uma peça que há de completar um quadro de medidas para que os profissionais da pesca ganhem mais pescando o mesmo.

Estas medidas podem não resolver todos os problemas, mas certamente vão contribuir para melhorar a vida dos profissionais do mar que merecem ter as melhores condições para desempenharem uma atividade profissional dura, mas que se quer tão compensadora, como digna.

Na discussão do diploma que precedeu à votação, foram apresentados alguns receios, nomeadamente no que se refere à sua posterior regulamentação por portaria.

Esta regulamentação, feita do modo proposto, irá permitir tomar decisões, em parceria com as organizações de produtores locais, com base nas necessidades de cada uma das ilhas que, como se sabe, têm especificidades próprias que exigem soluções necessariamente diferentes.


A oposição, na sequência do que tem feito ultimamente, tentou desvalorizar a utilidade desta nova regulamentação e na hora da discussão na especialidade foi incapaz de apresentar propostas de alteração para melhorar o documento.

4 de junho de 2016

21 Congresso Nacional do Partido Socialista


Ciclo de conferências

Tiro de partida

O deputado Duarte Freitas já há muito que deu o tiro de partida na campanha eleitoral, salvo erro, lá pelo Natal. Aliás, desde que assumiu a liderança do seu partido parece que não tem feito outra coisa.

Nestas eleições, ao contrário das últimas em que foi candidato à Assembleia Legislativa pelo círculo eleitoral do Pico, perfilha-se para se candidatar pelo círculo eleitoral da ilha de S. Miguel. Esta sua estratégia é legítima e deve ser respeitada.

Neste seu percurso, o ainda deputado pela ilha do Pico, passou recentemente pela Graciosa e fez campanha, como era de esperar. Distribuiu um panfleto sobre o que pretende para os Açores e um outro onde elenca alguns compromissos não cumpridos pelo atual Governo.

No primeiro caso vimos descriminadas uma série de coisas que estão a ser feitas e por isso não são nada de novo. O atual deputado, na qualidade de candidato por S. Miguel, promete o que está a ser feito, de uma forma muito conveniente mas pouco séria.

Uma delas aponta também para a promoção do valor do pescado para exportação e defender a pesca local.

Como já é conhecido, o PSD-Açores, no seu documento base de apoio ao programa de governo, ignora por completo o sector das pescas ao não dedicar nem um capítulo, nem uma página, nem sequer uma linha, a um sector que é de importância vital para a economia dos Açores, em geral, e para a Graciosa, de uma forma particular.

Também não sei como poderá um partido político propor-se a defender a pesca local ao mesmo tempo que, perante a presença da Comissão de Pescas do Parlamento Europeu, gastou todo o seu tempo a condenar a política de pescas esquecendo por completo defender as ilhas, sobretudo as mais pequenas, perante o corte absurdo da quota do goraz que está a prejudicar algumas ilhas dos Açores. Esta foi uma oportunidade perdida para defender a pesca local.

Relativamente às promessas não cumpridas, o deputado Duarte Freitas se visse com mais atenção a execução dos programas do Partido Socialista iria certamente perceber que embora nem tudo esteja feito e bem feito, grande parte dos compromissos foram ou serão executados, com taxas de cumprimento muito mais elevadas que os seus autarcas tem conseguido, incluindo alguns que o rodeavam enquanto entregava os referidos panfletos. 

27 de maio de 2016

Um estudo

O Serviço Regional de Estatística dos Açores publicou um Índice Compósito de Desenvolvimento Intra Regional para os anos 1980, 1990, 2000 e 2010, cobrindo assim 30 anos.

Segundo aquele serviço, “o índice global é o resultado do desempenho conjunto das três componentes do desenvolvimento definidas inicialmente: 22 para a Competitividade Económica; 19 para a Coesão Social e 6 para a Sustentabilidade Ambiental”.

A leitura e a análise séria destes resultados indicam que nos últimos dez anos do estudo (2000-2010) a Região ficou mais coesa, muito embora sejam visíveis ritmos diferentes de desenvolvimento para algumas ilhas.

Houve quem tirasse conclusões precipitadas a partir dos resultados deste estudo. E quando assim é, alguma coisa está mal. Ou se utilizam parcialmente números com objetivos recônditos ou então não se sabe o que fazer com eles. Confesso que tenho muito mais receio dos primeiros, os que manipulam os números.

Sobre a Graciosa os números são claros e só não vê quem não quer. Houve um aumento de 4 pontos percentuais no Índice de Desenvolvimento nos 30 anos a que se refere o estudo, mas vendo mais em pormenor, esse aumento deve-se única e exclusivamente ao desempenho entre 2000 e 2010, já que de 1980 a 2000, período quase exclusivamente da responsabilidade governativa do PSD, não se registou qualquer evolução.

Na Competitividade Económica a Graciosa aumentou 8 pontos e na Coesão Social foi a segunda ilha, a seguir ao Corvo, que mais evoluiu, cerca de 5,1 pontos, entre 2000 e 2010.
Na Sustentabilidade Ambiental, a Ilha Graciosa atingiu um valor superior à média regional em 1990 e evoluiu mais de 8 pontos entre 2000 e 2010.

Acredito que se podia ter feito mais e se assim fosse poderíamos estar melhor situados neste estudo, mas infelizmente a governação até 1996 pouco fez a respeito da coesão e do desenvolvimento harmónico.

20 de maio de 2016

Deixem o povo escolher

É mesmo assim em todos os anos eleitorais. Cerca de um ano antes da data previsível das eleições que vão definir o próximo Governo, os partidos políticos esforçam-se por dar a conhecer as suas ideias para resolver os problemas dos Açorianos.

A esta postura normal são, por vezes, acrescentadas outras menos ingénuas, como a necessidade de se dar a conhecer, por vezes de forma que, de tão notada, até parece ridícula. Mas nestas coisas cada um sabe de si…

E há partidos e políticos que conseguem ver defeitos em tudo menos neles próprios. O “bota abaixo” é também uma constante. O discurso de que está tudo mal também surge mais acutilante, contrariando as diversas agências internacionais que elegeram, várias vezes, estas ilhas como um dos melhores locais do mundo para se viver.

Neste processo há qualquer coisa que está mal ou pelo menos não soa bem. Existem políticos e comentadores que passam a vida a falar mal dos Açores mas em determinado momento das suas vidas escolheram estas ilhas para viver, constituir família e educar os seus filhos. Por que será? Existem outros que, mesmo sendo de cá, não foram capazes de apresentar propostas concretas para melhorar a vida dos Açorianos. É um contrassenso difícil de entender.

É verdade que o Partido Socialista está há 20 anos no poder nos Açores, uma das principais críticas do líder do maior partido da oposição, dita de um modo que até parece que não foi o povo que assim quis, quando em 2012 escolheu novamente este partido para governar os Açores, reforçando a maioria anterior.

E esse reforço não aconteceu por acaso. O Partido Socialista desde há muito que se abriu à sociedade e dela recebe contributos importantes para os seus programas de Governo. O Partido Socialista inclui nas suas listas pessoas independentes oriundas de várias áreas, garante a paridade e aposta nos jovens. É, por isso, um partido vivo e motivado para continuar a defender os Açores.

Foi assim que este partido granjeou credibilidade na sociedade Açoriana. Foi assim que, apesar de ter mudado de liderança, garantiu a estabilidade governativa.

Mais do que isso. O Partido Socialista estará cá sempre que o povo assim o entenda e governará sempre que a força do voto assim o determine.

6 de maio de 2016

Visita com resultados

Na passada semana o Primeiro-Ministro de Portugal visitou os Açores pela primeira vez nessa qualidade.

Estávamos mal habituados relativamente às visitas dos membros do Governo da República.

No passado veio até cá um Primeiro-Ministro apenas para assinar um tratado de guerra. Mais tarde outro Primeiro-Ministro, da mesma linha partidária, veio cá dizer que não contássemos com ele para coisa nenhuma, nem para se solidarizar com os Açorianos aquando das intempéries, ao contrário do que tinha feito, e muito bem, com o povo Madeirense.

Tivemos também por cá uma Secretária de Estado que, imbuída pelo espírito de campanha, foi capaz de desrespeitar o protocolo sem qualquer pudor.

Agora foi diferente. Recebemos o Primeiro-Ministro, acompanhado por diversos membros do seu Governo, que veio até aos Açores e reuniu com os seus legítimos representantes para resolver questões que há muito tempo esperavam por soluções.

Este governo tem ainda poucos meses, mas já fez mais pelos Açores do que Passos Coelho em quatro anos do seu mandato.

Facilidades na utilização civil da Base das Lajes, low-cost para a Terceira, gestão do mar, excluir a componente dos subsídios ao investimento dos agricultores do cálculo de rendimento para efeitos de contribuições à Segurança Social, o empenho em negociar um envelope financeiro adicional para ultrapassar este momento de dificuldade dos agricultores, entre outras, foram algumas das questões que o Governo da República resolveu em consonância com o Governo Regional.

Estes resultados surgem de um trabalho apurado feito longe dos holofotes e paragonas pelo Governo liderado por Vasco Cordeiro, que se preparou para negociar e chegar a bom porto com um conjunto de iniciativas que apenas esperavam encontrar do lado de lá intervenientes capazes de ouvir, compreender e com capacidade para decidir.

Esta autêntica parceria com benefícios para ambas as partes não agradou, pelos vistos, ao principal partido da oposição.

Reconheço a legitimidade para pensar assim, só não percebo porquê…

Bem sei que estamos cada vez mais perto das eleições, mas é chegada a hora do líder do maior partido da oposição pensar mais nos Açores e menos na sua sobrevivência política. 

29 de abril de 2016

Prestar contas

Na passada quarta-feira a Assembleia Municipal de Santa Cruz da Graciosa analisou e votou os documentos de prestação de contas da Câmara Municipal, referentes ao ano 2015.

Estes documentos, e cito o Revisor Oficial de Contas, “apresentam de forma verdadeira e apropriada a posição financeira do Município de Santa Cruz da Graciosa”.

O total da Despesa foi de cerca de 4 milhões de euros, com uma taxa de execução na ordem dos 85%, a melhor dos últimos 14 anos.

Na execução anual das Grandes Opções do Plano constata-se que, em 2015, foi atingido a taxa de 79%.

No período de 1 de janeiro a 31 de dezembro do ano em análise foi ainda possível amortizar 12,3% do valor da dívida bancária, que no final do ano se situava em apenas 1,7 milhões de euros, muito abaixo da capacidade de endividamento que é de 2,8 milhões de euros.

Os compromissos futuros não condicionam, quer económica, quer financeiramente esta edilidade.
Apesar destes números refletirem a boa gestão do município, era possível fazer-se mais se os fundos comunitários estivessem disponíveis.

O atraso inacreditável na regulamentação dos fundos comunitários, da responsabilidade do Governo da República, obrigaram esta Câmara Municipal a adiar alguns investimentos importantes, como o Parque Industrial, os Pauis, o projeto Grotas II, cuja comparticipação é imprescindível para os executar.

Mesmo assim, a Câmara fez um esforço para requalificar o parque escolar, reabilitar os bairros sociais, apoiar a habitação degradada, reequipar o Centro Cultural, adquirir mais terrenos para o Parque Industrial, atribuir bolsas de estudo, incentivar a natalidade, apoiar as instituições desportivas e culturais e transferir competências para as Juntas de Freguesia.

Ainda mais importante: a Câmara Municipal alocou verbas importantes para os programas de emprego, que deu dignidade e rendimento a muitas famílias Graciosenses que se viram privados de emprego devido à crise que assolou o país.

A Conta de 2015 do Município de Santa Cruz da Graciosa foi aprovada por maioria e o seu Executivo e os seus colaboradores viram, deste modo, renovada a confiança no trabalho desenvolvido em proveito do concelho.

15 de abril de 2016

Transporte de mercadorias

O transporte marítimo de mercadorias é de crucial importância para o desenvolvimento de qualquer país.

Uma região dispersa como a nossa, composta por nove ilhas e outros tantos portos comerciais, o abastecimento das populações e a exportação dos seus produtos, dependem quase exclusivamente deste tipo de transporte.

Nos continentes existe a possibilidade da combinação do transporte marítimo com o ferroviário e o rodoviário.

Este sistema intermodal, eficiente pela sua complementaridade, não está acessível numa região arquipelágica como a nossa, daí a aposta no transporte marítimo ser uma prioridade e até uma inevitabilidade.

O modelo atual em vigor nos Açores, embora assente em Obrigações de Serviço Público, está inserido num mercado liberalizado, sem financiamento por parte do orçamento regional, possibilita o abastecimento de todas as ilhas de forma articulada entre as três empresas que prestam esse serviço, com regularidade, continuidade, frequência e capacidade.

Este modelo obriga a ligações semanais entre portos do Continente e da Região Autónoma dos Açores, obriga a cumprir horários pré-estabelecidos, a efetuar, no mínimo, uma escala quinzenal em todas as ilhas e a garantir tempos de expedição da carga, entre a origem e o destino, não superiores a sete dias úteis.

E mais. Este modelo assegura a continuidade do serviço pelo período mínimo de dois anos.

E por fim, uma questão que é muito importante: os preços a praticar são iguais para a mesma mercadoria, independentemente do porto ou ilha de destino. Um contentor de Lisboa para S. Miguel ou para a Graciosa tem o mesmo custo.

A coesão económica passa também por aí, pela igualdade de oportunidades de todas as ilhas e para isso é preciso garantir os toques regulares nas ilhas, quer para garantir o abastecimento, quer para a exportar os produtos e é preciso garantir o mesmo preço para todas as ilhas, quer sejam grandes ou pequenas.

Os detratores deste modelo falam muito na economia, mas não há economia sem pessoas.

11 de abril de 2016

Esta semana

Decorreu nos últimos dias a visita do Governo dos Açores às duas ilhas mais a ocidente do arquipélago.

Há, por vezes, a tendência de menorizar estas visitas que constam no Estatuto Político-Administrativo da Região Autónoma dos Açores, nomeadamente no seu Artigo 87.

Este momento é importante para os cidadãos contatarem os governantes e procurarem soluções para os problemas que os afligem. Por isso vale a pena.

Entretanto, continuamos a ouvir as explicações sobre o BANIF na Comissão de Inquérito, constituída para apurar responsabilidades políticas em todo o processo. Vão desfilando as pessoas envolvidas, falam em milhões, relembram datas e atiram responsabilidades.

Percebe-se que houve quem quisesse esconder as dificuldades e não atuasse apenas por motivos eleitorais, o que é grave. Também se percebe que as instituições constituídas para supervisionar ou não o fizeram ou não têm qualquer poder para o fazer.

Também se ficou a saber que os Presidentes dos Governos Regionais tiveram uma participação ativa na busca de solução para o problema devido à grande exposição dos residentes e das instituições Açorianas e Madeirenses a este banco. 

Do Panamá surgiram informações que demonstram que a ganância anda por aí. Fica também bem claro que ninguém consegue parar os poderosos.

Esta embrulhada já chamuscou muita gente e muitos mais virão, por esse mundo fora, enquanto assistimos, incrédulos, à divulgação, aos poucos, de nomes de pessoas e de empresas que aproveitaram aqueles paraísos fiscais para dissimular fortunas ou fugir aos impostos.

Até quando?

31 de março de 2016

Repor a verdade

Na semana que agora termina vi e ouvi o líder do maior partido da oposição enaltecer os benefícios que resultaram da liberalização do espaço aéreo e, em simultâneo, menorizar o papel do Governo dos Açores, insinuando que este processo tinha avançado sem merecer a sua concordância.

Esta conversa não veio à baila por acaso. Surge no primeiro aniversário do novo modelo de acessibilidade aérea, momento aproveitado para se fazer um balanço, muito positivo, como é por todos aceite, e se prevê, sem as desaconselhadas euforias, um futuro risonho na atividade turística nos Açores.

São conhecidas diversas declarações de membros do Governo de Passos Coelho que desmentem por completo estas insinuações. Também sabemos que se o PSD Açores estivesse interessado em resolver esta situação, como lhe competia, poderia ter-se empenhado em pressionar os seus comparsas de Lisboa para retirar da gaveta a proposta que esteve longe da vista cerca de dois anos, quase esquecida.

Mas, claro que para aquele líder era bom não lembrar estas coisas e, muito sinceramente e na minha modesta opinião, não devemos ocupar muito do nosso tempo com estes remoques.

Uma coisa é certa. O Governo dos Açores conseguiu um modelo de transporte aéreo de e para o Continente e Madeira diferente, com dois aeroportos liberalizados que ficam sujeitos à concorrência entre empresas e outros três cobertos pelas Obrigações de Serviço Público, conseguindo, em todo este processo, garantir, por um lado, melhores condições tarifárias para os que nos visitam, estimulando o turismo e, por outro lado, estabelecer uma tarifa máxima para os residentes e estudantes.

Pode não ser o melhor dos dois mundos, mas certamente que os Açorianos ficaram muito melhor servidos com este sistema misto que estimula a economia e os protege.

Este desiderato só foi conseguido com o empenho e o esforço do Governo dos Açores. O resto é conversa…

PARLAMENTO (AÇORES)

PARLAMENTO (AÇORES)

11 de março de 2016

Está aí o Orçamento de Estado

O Orçamento de Estado para o corrente ano está em discussão na especialidade depois de ter sido aprovado na generalidade na Assembleia da República.

Dentro de poucos dias será a vez deste documento voltar ao Plenário para, desta feita, ser sujeito à votação final global, último passo neste processo legislativo antes da sua publicação.

Este documento marca o início de um novo ciclo na vida dos Portugueses, com a saída da austeridade extrema imposta por quem, muito orgulhosamente, achava que só se resolviam os problemas de Portugal através do empobrecimento e da retirada de direitos e benefícios.

O entendimento entre as várias forças políticas foi fundamental para criar uma nova maioria na Assembleia da República e, agora, essa concertação voltou a ser importante para construir o Orçamento que irá devolver aos Portugueses o que lhes foi sonegado, incluído a esperança num futuro melhor.

Para os Açores este Orçamento marca um novo tempo na cooperação entre a Região e a República, com um melhor entendimento das nossas especificidades e também resolve a reciprocidade entre o Serviço Regional de Saúde e o Serviço Nacional de Saúde, o Plano de Revitalização Económica da Ilha Terceira e as isenções da Segurança Social para os agricultores.

Estamos neste momento a atravessar um momento de viragem no relacionamento entre a Região Autónoma dos Açores e a República, havendo, por um lado, o reconhecimento do valor dos Açores na projeção de Portugal e o cumprimento da Lei de Finanças Regionais, ao contrário do que acontecia com o anterior Governo.

Os que esperavam que nada disto resultasse, os que esperavam ver o executivo de cócoras perante a Unidade Europeia, os que esperavam o fracasso no processo de consensualização, primeiro na aprovação do programa de Governo e depois no primeiro Orçamento, podem esperar sentados e pensar noutra artimanha para tentar destabilizar a ação governativa.

7 de março de 2016

Pescar o mesmo e ganhar mais

Por ser uma área de importância fundamental para a economia dos Açores, o Grupo Parlamentar do Partido Socialista dedicou uma parte das suas jornadas, realizadas esta semana, às pescas e aos desafios que esta atividade essencialmente exportadora tem de enfrentar nos próximos tempos.

Neste momento de reflexão, o Grupo Parlamentar partilhou com os parceiros do sector, Federação de Pescas, Cooperativa Porto de Abrigo, Universidade dos Açores e o Governo Regional, que são, afinal, quem mais sabe desta área, as suas preocupações e tomou boa nota dos contributos aí emitidos.

No decorrer das duas últimas décadas registou-se um forte investimento em todas as ilhas, sobretudo com o intuito de criar condições de trabalho e de segurança aos profissionais, no mar em terra, e também destinado a melhorar a qualidade do pescado para, por esta via, possibilitar o aumento do rendimento dos pescadores Açorianos.

O resultado está bem à vista de todos e pode-se dizer que esses objetivos foram totalmente conseguidos e é por isso que temos por essas ilhas fora diversos portos com excelentes condições de trabalho e segurança, com barcos modernos e com capacidade de manter o pescado em boas condições até à sua entrega em primeira venda.

Os recursos marinhos que vivem nos fundos ao redor das ilhas (demersais) e os que circulam no imenso Atlântico (pelágicos) são finitos e sujeitos a variações cíclicas de abundância.

Os números dos últimos dois anos tem merecido alguma preocupação pelas descidas nas capturas e, consequentemente, no rendimento dos pescadores, ao mesmo tempo que se registam indícios da existência de alguns problemas em determinadas espécies.

O Governo dos Açores, que tem acompanhado esta problemática com especial atenção, anunciou, no início da semana, a criação de um grupo de trabalho, com os parceiros, para definir critérios com vista à reestruturação de todo o sector.

Esta não é uma medida avulsa, antes uma medida estrutural que, conjuntamente com outras já implementadas ou a implementar, poderá marcar o futuro da Fileira da Pesca.

Hoje, mais do que nunca, importa direcionar o esforço para a valorização do pescado em detrimento do aumento do esforço de pesca, em nome da sustentabilidade.

19 de fevereiro de 2016

Não vale tudo

Terminaram os trabalhos da Comissão de Inquérito aos Transportes Marítimos de Passageiros e Infraestruturas Portuárias com a apresentação e discussão do respetivo relatório na Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores, que aconteceu na última terça-feira.

Foram dez meses de trabalho, onde se incluiu a audição de vinte e uma personalidades e análise de cerca de sessenta mil páginas de documentação de vária ordem, onde se incluía os relatórios de especialistas na matéria.

Esse trabalho culminou com a elaboração daquele relatório aprovado com os votos a favor do PS, as abstenções do CDS-PP e do PCP e ainda com os votos contra do PSD, apesar de 80% das suas conclusões terem sido aprovadas por unanimidade.

A criação de uma comissão deste tipo é perfeitamente legitima e prevista na legislação em vigor e até desejável quando se sabia que havia também a necessidade de procurar respostas para o acidente mortal que aconteceu em S. Roque do Pico a 14 de novembro de 2014.

O Partido Socialista esteve nesta comissão de uma forma empenhada e responsável mas sempre demonstrou a sua indisponibilidade para fazer política à custa de uma tragédia.

Infelizmente em todo o processo houve diversas tentativas de aproveitamento e de condicionar os seus resultados, nomeadamente fazendo uma escolha cirúrgica e parcelar de audições e da documentação com uma clara intenção de branquear o que realmente se passou em comissão, com o objetivo de condicionar a opinião pública.

Houve quem se apressasse a criar, em primeiro lugar, um alvo a abater e depois tentar construir uma série de argumentos para atingir esse fim.

No seguimento deste comportamento, tivemos a infelicidade de assistir ainda a um momento que em nada dignifica quem o perpetrou. O relatório ainda nem tinha sido lido pelos membros da Comissão já o projeto de conclusões andava na comunicação social de forma ilegal e ilegítima, revelando uma intenção clara de confundir as pessoas.

Na política não vale tudo, mas infelizmente há quem atue sem escrúpulos para atingir os fins a que se propõe utilizando este métodos lastimáveis.

12 de fevereiro de 2016

Afinal havia outro caminho

O Orçamento de Estado de 2016 recebeu luz verde por parte das instâncias europeias pese embora toda a pressão exercida, dias antes, por Bruxelas e pelos partidos da direita em Portugal que tudo fizeram ou disseram para descredibilizar interna e externamente aquele documento.

Todo o processo foi inquinado com informações e contra informações transmitidas por alguns arautos da desgraça e por comentadores políticos alinhados que desconhecem o que significa negociar e compromisso.

O Orçamento para o corrente ano é diferente dos anteriores, responsável quanto baste, resulta do diálogo com outras forças políticas e vira a página da austeridade. Afinal havia mesmo outro caminho.

É verdade que numa negociação não há vencedores nem vencidos, mas António Costa fez com que Portugal deixasse de ser um país subserviente tal como o foi nestes últimos quatro anos. Enquanto o Orçamento de Estado era analisado em Bruxelas, António Costa, na Alemanha, dizia que não falou nesse assunto com a senhora Merkel porque, segundo ele, não a ia incomodar com o Orçamento Português dado ela própria ter de se preocupar com o seu. Quem esperava ver o primeiro-ministro de cócoras perante a poderosa Alemanha desenganou-se e no lugar de servilismo viu determinação.

Relativamente aos Açores este Orçamento de Estado também é diferente e representa uma viragem no relacionamento com os seus órgãos próprios, ao serem eliminadas normas que interferiam com as competências das Regiões Autónomas.

Além disso, e ao contrário do que aconteceu durante o mandato do anterior Governo, este Orçamento de Estado cumpre a Lei de Finanças Regionais e altera o critério de acesso ao financiamento para investimentos comparticipados por fundos comunitários.

Mas não é só. Também foi revogada a norma que impunha o pagamento pela Região dos tratamentos dos doentes Açorianos nos hospitais do continente, eliminadas as normas que controlavam o recrutamento de trabalhadores pela administração pública regional e assegurada a possibilidade dos municípios Açorianos terem acesso ao financiamento bancário como receita da parte não comparticipada dos investimentos a concretizar com fundos comunitários.

Nos Açores o aumento do rendimento das famílias será uma realidade, devido à eliminação progressiva da sobretaxa do IRS, da reposição dos vencimentos dos funcionários públicos e do aumento do salário mínimo.

Este novo caminho repõe rendimento e justiça fiscal, mas, sobretudo dá ao país uma nova esperança.

9 de fevereiro de 2016

Passageiros desembarcados na Graciosa


Os passageiros por via aérea desembarcados na Ilha Graciosa ultrapassaram novamente os 20.000 passageiros, 20.383 mais precisamente. Em 2011 essa barreira também tinha sido ultrapassada com 20.425 passageiros desembarcados.

5 de fevereiro de 2016

Conhecer para avaliar

Os Açores têm sido, ultimamente, distinguidos a nível internacional como destino turístico. Ainda agora está nomeado pela European Consumer’s Choice para Melhor Destino Europeu 2016.

O Observatório do Turismo dos Açores efetuou no passado verão um inquérito à satisfação do turista que visita os Açores. Este documento é importante para os operadores desta área poderem tirar conclusões para irem ao encontro dos vontades e necessidades dos turistas que nos visitam.

Cerca de 61% dos inquiridos responderam que fizeram as suas reservas de viagem através de canais online, tal como está já acontecer com outros destinos.

Mais de metade (55,8%) dos inquiridos vieram do estrangeiro, sobretudo da Alemanha (destacada com mais de 20%), dos Países Baixos, Espanha e Estados Unidos da América e considera que o preço é justo pela qualidade oferecida. É também curioso verificar que a faixa etária com mais turistas se situa entre os 45 e os 55 anos (com 27,1%) e que os profissionais liberais e quadros superiores representam mais de metade dos inquiridos.

A maior parte escolheu os Açores (37,7%) por recomendação de familiares e amigos, seguindo-se a internet. As agências de viagens surgem em terceiro lugar na influência que tiveram na escolha do destino Açores. A grande maioria escolheu o voo tradicional para chegar e sair da Região. 
Por fim verifica-se que 96,6% dos inquiridos serão capazes de recomendar uma visita aos Açores e 71,3% pensa em voltar à Região.

Promover a qualificação dos profissionais turísticos, melhorar a comunicação sobre os eventos que decorrem nas diversas ilhas, disponibilizar mais opções tarifárias no transporte aéreo, melhorar a mobilidade inter-ilhas e a informação sobre transportes públicos, são algumas sugestões apresentadas pelos inquiridos que podem dar pistas para melhorar o sector.

A consolidação de um destino turístico demora muito tempo e consome muitos recursos financeiros. É um processo que deve ser avaliado permanentemente para corrigir o que tiver de ser corrigido e alterar o que tiver de ser alterado.

Esta atividade, que vale milhões, está sujeita a uma enorme concorrência e em constante mudança, razão pela qual há que estar atento às preferências dos turistas e às tendências do mercado. 

29 de janeiro de 2016

Pelo mar

Numa região geograficamente dispersa por nove ilhas e com condicionalismos próprios que tornam as operações complexas, o sistema de transportes assume uma importância crucial para o abastecimento das populações e para a economia.

A Região é servida por três empresas de transporte marítimo que garantem a ligação dos portos do Continente aos portos dos Açores.

Neste momento, existe um modelo de transporte inserido num mercado livre, capaz de abastecer todas as ilhas e promover as exportações de uma forma articulada entre os operadores, enquadrado por um regime legal que impõe algumas obrigações que protegem os Açorianos, nomeadamente garantindo a frequência e um igual preço para todas as ilhas, fatores determinantes para economias sem escala, e sem quaisquer encargos para a Região.

Os operadores, habituados a procurar alternativas para melhorar os seus serviços, classificam este modelo como bom e com flexibilidade suficiente para introduzir alterações que possam produzir ganhos de eficiência.

Sabe-se que nesta atividade, como em muitas outras, não existem modelos perfeitos, capazes de agradar a todos. É também verdade que os operadores tentam equilibrar as suas explorações com as obrigações a que estão sujeitos por força da lei em vigor. É conhecido também o esforço que estes operadores e os governantes fazem para, em casos de mau tempo ou avarias, reformular escalas para minimizar os impactos negativos para as populações.

Para o consumidor final o que importa é saber que o custo de um contentor para ´qualquer ilha dos Açores tem o mesmo preço e que pode contar com a regularidade para o seu abastecimento ou para exportação dos produtos locais.

O mundo está em constante mudança. E não podemos fixar-nos apenas no presente ou no passado, mas o bom senso aconselha, também, que promover repentinamente a mudança do que funciona bem, pode não ser uma grande ideia, sem prejuízo de, nesta área específica, ainda haver muito espaço para introduzir alterações que possam beneficiar os Açorianos sem alienar os princípios que pressupõe o atual sistema, nomeadamente o da igualdade. 

22 de janeiro de 2016

Política de pescas

Quando se fala no sector das pescas nos Açores normalmente são feitas uma série de considerações relativamente à perda de rendimento pelos pescadores.

Esse é um facto confirmado pelas estatísticas e passa-se sobretudo nos últimos dois anos, muito devido ao menor volume de capturas de atum.

As pescas, como qualquer outra atividade económica, tem os seus problemas específicos, alguns de caráter social e é nesse âmbito que devem ser tratados e resolvidos.

Para se perceber onde estamos nesta importante área económica é preciso analisar mais ao pormenor o que foi feito até aqui.

A política de pescas tem permitido criar medidas destinadas as proteger os recursos, ao contrário do que existia no passado. Temos a proteção das três milhas, as reservas, o regime de quotas para espécies mais sensíveis, os tamanhos mínimos e a prática de pesca artesanal com artes de linha de mão e anzóis, pesca mais compatível com a preservação do meio marinho. Existem protocolos com a Universidade dos Açores com o intuito de conhecer melhor os recursos existentes para apoio à decisão.

Esta política de pescas permitiu reduzir a frota em 65%, sobretudo barcos sem condições de segurança e habitabilidade, e o número de pescadores matriculados em 36%. O preço médio sofreu, por sua vez, um incremento de cerca de 90% nos últimos 20 anos e o rendimento por pescador quase que duplicou.

Foram melhoradas as condições de trabalho, quer em terra quer no mar, as condições de segurança nos portos de abrigo e nas embarcações, foram criadas condições para a manter a qualidade do pescado a um nível elevado e aperfeiçoados os canais para a exportação em fresco, onde se inclui um apoio ao transporte.

Hoje o grande desafio não passa pelo aumento do esforço de pesca, mas antes pela valorização do produto da pesca e é por isso que foi feito um enorme esforço para criar condições para que seja possível ir por esse caminho.

15 de janeiro de 2016

O novo Fundopesca

No âmbito da Comissão Permanente de Economia foi constituído um grupo de trabalho para criar um novo mecanismo de compensação salarial aos pescadores em casos de impedimento do exercício sua atividade e quebra de rendimento.

Esse grupo de trabalho, constituído por seis elementos, um de cada partido e do qual tive um especial gosto em fazer parte, tinha como principais propósitos transformar este regime mais transparente, mais célere e mais justo, tendo como base uma proposta que nos chegou da Federação das Pescas dos Açores.

Nas diversas reuniões mantidas, o grupo discutiu o assunto sem pressas, reuniu consensos e construiu um documento.

Neste processo negocial teve de haver cedências, como é absolutamente normal, mas o resultado final, aprovado esta semana na Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores, com apenas duas abstenções, resultou numa proposta consensualizada capaz de atingir aqueles objetivos.

Sabe-se que este novo regime não agradará a todos, missão quase impossível, como se sabe, mas trará uma melhor proteção e maior rapidez na atribuição da compensação quando estes profissionais estiverem impedidos de desempenhar a sua atividade.

Como é sabido, nos últimos anos tem-se registado uma redução nas capturas de pescado, sobretudo devido às más safras de tunídeos. A redução da quota do goraz, imposta pela Comissão Europeia, é também um fator que vai afetar o rendimento dos pescadores nos próximos tempos.

O atraso na aprovação do Programa Operacional do Fundo Europeu para os Assuntos Marítimos e Pescas também tem criado inúmeros problemas aos pescadores pelo atraso no pagamento do Posei-Pescas.

É sabido e reconhecido que o caminho não passa por aumentar o esforço de pesca, mas sim pela valorização do pescado.

Foi nesse sentido que o Governo dos Açores apresentou, em abril passado, um documento intitulado “Melhor Pesca, Mais Rendimento”, elaborado em articulação com os parceiros do sector, que prevê várias medidas inseridas em cinco eixos destinadas a aumentar os recursos marinhos, a aumentar o preço da primeira venda em lota, a evitar o excesso de pescadores por embarcação, a combater a vulnerabilidade social e a compensar a quebra de rendimentos devido ao estado do mar.

É neste último eixo que se enquadra a medida destinada a adequar a regulamentação do Fundopesca e uma outra, não menos importante, destinada ao apoio à diversificação de atividades, melhorando as ligações entre a pesca e outros sectores da economia Açoriana.

O sector das pescas é um dos mais importantes da região. Tem problemas, tal como as outras áreas, mas o mais importante é seguir em frente, fazer o que tem de ser feito, corrigir o que está mal, melhorar o que deve ser melhorado, sempre com determinação e ambição.

8 de janeiro de 2016

A recandidatura

Vasco Cordeiro apresentou a recandidatura a Presidente do Partido Socialista – Açores, numa eleição direta que ocorrerá a 15 e 16 do corrente mês. Este será o primeiro passo para se candidatar novamente, lá para o final do ano, a Presidente do Governo Regional, muito embora essa figura não exista no enquadramento político. Não só era uma recandidatura esperada como é desejada pelos militantes e simpatizantes do Partido Socialista nos Açores.

Naquela apresentação, Vasco Cordeiro teve o ensejo de recordar o que foi feito neste período em que esteve á frente do Governo dos Açores mas também lembrou que nem tudo estava feito e nem tudo estava bem feito, num gesto demonstrativo da humildade e seriedade que o acompanham no seu percurso político.

Uma das justificações que apresentou, quiçá a mais importante, centrou-se no facto de ambicionar fazer ainda mais pela região, nomeadamente na criação de emprego, na educação e na saúde, lembrando o dever que voltará a assumir de lutar pelo povo destas nove ilhas, em qualquer circunstância.

Nos últimos três anos o Governo dos Açores, liderado por Vasco Cordeiro, não teve uma tarefa fácil, como é sabido. A crise económica e financeira, o brutal ajustamento orçamental imposto pelo anterior Governo da República e a tentativa, mais uma, de atropelar direitos consagrados no Estatuto Político-Administrativo da Região Autónoma dos Açores, foram pedras encontradas no caminho que criaram dificuldades, sim, mas que não amedrontaram quem tinha e tem a determinação de ambicionar mais.

Foram os cortes nas transferências para os Açores, os cortes nos salários, a quebra no investimento privado, a austeridade que recaiu sobre as famílias e as empresas, a falta de solidariedade no caso das intempéries, a usurpação dos direitos sobre o mar dos Açores, o atraso na atribuição dos fundos comunitários, a dívida ao Serviço Nacional de Saúde (questão entretanto já resolvida com o atual Governo da República), a tentativa de impedir as medidas de apoio social desenhadas na Região, a questão da Base das Lajes, a agitação na fileira do leite e, mais recentemente, o caso BANIF, enfim, uma panóplia de problemas e atropelos que Vasco Cordeiro soube resistir com sabedoria e determinação e por isso os Açorianos podem contar com ele nos próximos tempos.