30 de junho de 2011

Medo do escrutínio

Reparei que, durante e já depois dos festejos das legislativas nacionais, o tema que o PSD – Açores elegeu para insistir até à exaustão foi e ainda continua a ser a sucessão no Partido Socialista – Açores. Assistimos a isso na entusiástica conferência de imprensa do dia 5 de Junho e no último plenário da Assembleia Legislativa.
Essa questão, a pôr-se, será sempre um assunto do foro interno do Partido Socialista.
Esta nova abordagem por parte do ainda maior partido da oposição nos Açores revela uma insegurança enorme, a roçar o pavor, ao imaginar que em 2012 terão o Presidente Carlos César a recandidatar-se a um novo mandato, tendo do outro lado a Dra. Berta Cabral. Esta é que é a verdade que preocupa muita gente.
E é por isso que se tem visto o PSD a cavalgar as últimas vitórias eleitorais, as presidenciais e as legislativas nacionais, numa rebuscada tentativa de capitalizar prestígio e, claro, votos. O problema, e como se tem visto nas opções que o povo faz em cada um dos actos eleitorais, é que isso já não resulta. Cada eleição é uma eleição e o povo quando se exprime através do voto, sabe ao que vai. Talvez no passado isso fosse assim, quando as pessoas eram ameaçadas ou amedrontadas, mas agora garanto que já não o é.
Lembro aos mais desatentos que nas eleições regionais de 2012 o que vai contar é o histórico do trabalho feito nesta região pelos partidos que concorrerão nessa disputa.
E é nessa premissa relevante que as coisas se complicam para o maior partido da oposição, porque os históricos de um e de outro partido são indubitavelmente diferentes. O Partido Socialista – Açores honra-se de ter um enorme património desde que assumiu o poder em 1996. Foi o Partido Socialista, liderado pelo Presidente Carlos César, que reergueu esta região das cinzas, ameaçada por uma falência anunciada. A região estava estatizada e com pouco espaço para a iniciativa privada, as empresas públicas davam prejuízos atrás de prejuízos, as dívidas a fornecedores punham em causa a sobrevivência de muitas empresa, o desemprego era elevado, a taxa de emprego feminino era diminuta, o número de trabalhadores activos era muito menor e com baixa qualificação, as empresas de lacticínios viviam em grande sufoco com mais de 12 meses de atraso nos pagamentos aos produtores, não existiam portos de pesca condignos, as embarcações eram obsoletas e a rede de frio era inexistente. O turismo pouco valia, os hotéis escasseavam e as acessibilidades eram más e caras e o transporte marítimo de passageiros tinha sido desmantelado.
Também é por demais evidente que em 2012 o prestígio dos candidatos terá um forte impacto nas opções dos eleitores e é por isso que a Dra. Berta Cabral não dorme bem enquanto não vir isso resolvido. Se Carlos César se recandidatar, como eu espero, a líder do PSD, além das insónias, terá ainda grandes pesadelos.

23 de junho de 2011

Graciosa cheia de graça

Visita Estatutária


Na passada semana o Governo Regional dos Açores efectuou a Visita Estatutária à Ilha Graciosa, nos moldes já tradicionais, onde são feitas inaugurações das obras concluídas, acompanhadas as que estão em curso e tomadas decisões para o futuro.

Assim foram inauguradas diversas obras e equipamentos, como a nova lota do porto de pescas, o pórtico de varagem, a estação de monitorização de ensaios nucleares, 4 moradias assistidas para idosos da Santa Casa da Misericórdia da Vila da Praia e 4 Moradias T3 para famílias carenciadas.

Foram também visitados empreendimentos em curso e que a breve trecho estarão em condições para serem, eles também, inaugurados, como o Centro de Saúde, o acesso à Furna do Enxofre, a requalificação da Santa Casa da Misericórdia de Santa Cruz, o Quartel dos Bombeiros do Aeroporto, a muralha da Praia e o troço de estrada das Pedras Brancas à Limeira.

O Governo Regional dos Açores tomou decisões importantes para esta ilha, nomeadamente a contratação de um piloto de barra para o Porto da Praia, abrir um concurso para a contratação de um médico para o Centro de Saúde, adquirir equipamento para um banco de sangue, o lançamento do concurso da rampa roll-on roll-off do porto comercial, mandar efectuar o programa funcional para a reabilitação da Escola da Praia, construir mais 2 habitações T3, lançar as empreitadas da canada Jorge Nunes e da ligação do furo das Fontes à rede de abastecimento de água da Câmara Municipal, definir o terreno e elaborar o projecto do novo Matadouro e apoiar a promoção turística.

O PSD, no rescaldo desta visita, afirmava que o PS governa para cumprir um calendário eleitoral e que o governo estava cansado e ao mesmo tempo apelava à mudança.

Ora bem, os ciclos eleitorais fizeram-se por um período de tempo de quatro anos, para permitir aos governantes planear, executar e inaugurar. É assim em qualquer democracia e é por isso que não entendo a indignação. O contrário é que é incompetência.

Relativamente ao cansaço do governo acho que aqui existe um erro na avaliação desta questão, até porque, no acompanhamento que fiz da visita, vi um governo com muita pedalada e empenhado em resolver os nossos problemas. Cansado e desmotivado anda a maior partido da oposição, que se arrasta por esta e por outras ilhas num chorrilho de lamentações, animando-se de quando em vez com as vitórias eleitorais de outros. Aqui talvez se justifique uma mudança, para uma melhor leitura da realidade evitando assim perder a razão junto de quem vê para além do seu umbigo.

16 de junho de 2011

O Marítimo outra vez

O Sport Clube Marítimo conta já com um vasto palmarés nos seus 54 anos de existência.

Depois de se filiar na Associação de Futebol de Angra do Heroísmo em 1978 este clube venceu diversas provas locais, mas é no dia 1 de Maio de 2005 que alcança o auge ao sagrar-se campeão da Associação de Futebol de Angra do Heroísmo, feito nunca antes atingido por um clube local e que lhe conferiu o direito de participar na Série Açores da III Divisão Nacional de Futebol, onde permaneceu durante 3 épocas desportivas (2005/2006, 2006/2007 e 2007/2008).

Depois de passar por momentos menos bons e pelas tradicionais crises directivas, que, inclusivamente, o levaram a encerrar as portas ao desporto, o clube reinicia a sua actividade desportiva e acaba por ganhar a prova que dá acesso à Taça Região Autónoma dos Açores.

No passado dia 11 de Junho, e depois de eliminar os representantes da Ilha Terceira (Lajense) e da Ilha de S. Miguel (Desportivo de S. Roque), o Sport Clube Marítimo venceu a Taça Região Autónoma dos Açores, perante o Marítimo Velense de S. Jorge.

Este feito desportivo é relevante, especialmente para uma ilha pequena como a nossa. Na Graciosa o campo de recrutamento de atletas para a prática desportiva é muito menor, agravado pelo visível envelhecimento da população e pela saída da maior parte dos jovens quando completam o 12º ano.

Incrivelmente a comunicação social nada fez e nada divulgou sobre esta conquista, pelo menos em tempo útil. Grande parte da comunicação social ainda não sabe lidar com a insularidade. Não sabe nem quer saber.

É certo que os órgãos de comunicação social privados fazem como e quando querem. Aí, como resposta, o que teríamos a fazer era não os ler, não os ouvir e nem os comprar, embora reconheça que tal desiderato é difícil de por em prática.

Agora quando se trata da comunicação social pública, aí já não há qualquer desculpa. Como se sabe estas empresas recebem financiamento do estado, e não é pouco, precisamente para fornecerem serviços muito mais abrangentes e equidistantes.

A RTP-Açores, que agora incluí a RDP-Açores, não está a prestar um bom serviço aos Açores quando esbarra em confrangedoras omissões de feitos perpetrados por Açorianos que, por acaso, vivem em ilhas mais pequenas.  

9 de junho de 2011

Mudança

A 5 de Junho os portugueses optaram por uma mudança na condução dos destinos do país. Este resultado estava mesmo espelhado nas últimas sondagens e, como tal, era esperado. Aliás, foi um modo que o eleitor encontrou para demonstrar o seu descontentamento pelo facto do governo do Partido Socialista estar associado a esta crise que tem obrigado a impor ao país medidas impopulares, como a redução de salários e aumento dos impostos, que, como se sabe, ninguém no seu perfeito juízo gosta.

Nunca na história recente um político terá sido tão atacado como foi o Eng. José Sócrates. A campanha contra o PS e o seu líder não é recente. Tem pelo menos 6 anos e foi dura, com ataques contra a sua honorabilidade, vindo dos partidos políticos e de movimentos corporativos que nunca aceitam que se mexa nos seus interesses.

Não vale a pena falar mais nisso, até porque para a frente é que há caminho.

Ao líder PSD, Dr. Passos Coelho, exige-se agora que governe, e que governe bem, e espera-se, sinceramente, que o faça sem os sistemáticos ataques pessoais e sem a permanente guerrilha a que o anterior primeiro-ministro esteve sujeito desde a sua indigitação em 2005.   

O Presidente do PS Açores, Carlos César, na pronta assunção da derrota, foi muito claro: quando o PS ganha ele também ganha, mas quando perde, também lhe acontece o mesmo.

Percebo que nestas coisas, por vezes, há gente que precisa cavalgar vitórias de outros ou méritos alheios e, ao mesmo tempo, há quem tente, a todo o custo, evitar colagens nos momentos de desaire.

No rescaldo do acto eleitoral vi a líder do PSD, mais ou menos eufórica, apelar à mudança e tentar, a todo o custo, extrapolar os resultados desta eleição para os combates que se avizinham, o que, em bom rigor, não me parece um procedimento que lhe traga mais-valias políticas.

Esta postura fez-me recuar à surreal conferência de imprensa nas autárquicas de 2009, onde a líder do PSD só falava na sua vitória em Ponta Delgada e, teimosamente, tentava dissimular a estrondosa derrota a nível da região, como se ela nada tivesse a ver com isso, mesmo sendo a líder do partido perdedor. Os seus autarcas devem ter ficado de boca aberta, literalmente.

São duas maneiras opostas de estar na política. Duas formas de responsabilização diferentes, ou, aliás, a primeira é uma forma realista de aceitar a decisão do povo com a assunção das consequências sem subterfúgios e, a outra, é um sacudir água do capote impróprio para quem tem ambições políticas.

Tenho a convicção que é muito importante saber ganhar, mas também não terá menos importância saber perder.

Sempre ouvi dizer que é nos momentos de vitória e também nas derrotas que se vê o carácter dos políticos. Eu acredito nisso e sei que o povo tirará as suas ilações destas atitudes.

2 de junho de 2011

A verdade dos factos

No próximo Domingo teremos as eleições para a Assembleia da Republica. Todos sabemos o que está em jogo nesta votação, que só foi antecipada devido à sede de poder. Não houve qualquer tipo de pudor em derrubar um governo legitimamente eleito, apenas por uma questão de ambição pessoal.

Aqui na região a opção nestas eleições tem de passar pelo partido que melhor soube defender os Açores e o que mais investiu nestas ilhas. Não tenho dúvidas que esse é um património do Partido Socialista.

Vemos agora alguns partidos da oposição com declarações eleitorais, ou eleitoralistas, propondo e defendendo aquilo que, enquanto estiveram no poder, poderiam ter executado, mas não o fizeram, vai-se lá saber porquê.

Foi o Partido Socialista que, junto da troika, defendeu a manutenção da diferenciação dos impostos. Foi nos governos do Partido Socialista que se transferiram para a região 113 mil toneladas de quota leiteira. Só com um governo do PS teremos como garantidas questões importantes para os portugueses, como a educação para todos e a saúde tendencialmente gratuita.

O maior partido da oposição quer privatizar a ANA sem acautelar os interesses dos Açores, quer desmantelar o Serviço Nacional de Saúde, quer vender a RTP e a Caixa Geral de Depósitos, entregar a educação a privados e rever a Constituição para facilitar os despedimentos. Este PSD quer dispensar funcionários públicos e impor contratos de trabalho verbais. Estas premissas terão graves consequências para os Açores e para os Açorianos.

Num débito errático de propostas, divulgadas de manhã, rectificadas depois do almoço e propagandeadas à noite pelos sábios do partido, o PSD tem-se revelado o executor liquidatário do Estado Social.  

No âmbito desta campanha eleitoral, o Dr. Mota Amaral veio na passada semana à Ilha Graciosa, na qualidade de candidato do PSD à Assembleia da Republica.

Estas visitas repetem-se nestes momentos pré-eleitorais e são sempre utilizadas para fazer passar mensagens para a comunicação social, para que cheguem a todo o eleitorado na forma de linhas mestras programáticas.

Desta vez o Dr. Mota Amaral optou por tecer grandes elogios às Termas do Carapacho. Disse nessa altura “passos positivos, que estão a ser dados para transformar uma especialidade das nossas ilhas numa fonte de bem-estar para as suas populações, mas também aproveitando a variedade de ofertas que são um atractivo para quem nos visita”. Mais à frente o candidato do PSD disse que viu, “com satisfação, que a forma de aproveitamento destes recursos naturais está, de facto, a ser bem integrada na nossa oferta turística, uma realidade que se tem verificado”.

Vindo de quem vem estas ideias revelam um forte elogio ao actual Governo dos Açores. E mais, revela que de facto parece que a Dra. Berta Cabral e o responsável do PSD desta ilha não vivem no mesmo mundo do Dr. Mota Amaral, pois ainda recentemente ambos teceram fortes críticas às Termas do Carapacho, chegando a primeira a afirmar que era de estranhar que investimentos destes não fossem planeados.

O Dr. Mota Amaral não está sozinho. Ainda recentemente a eurodeputada do PSD, Maria do Céu Patrão Neves, elogiou a agricultura graciosense, num gesto pouco comum no maior partido da oposição.

Ambos pareceram surpreendidos com o avanço da Graciosa nos últimos tempos. Ambos reagiram como se alguém lhes andasse a esconder ou a desvalorizar, durante estes anos, os progressos de uma pequena ilha que esteve, durante o consulado social-democrata, votada ao abandono. 

Estas constatações foram admiráveis, pois todos nós sabemos que para o PSD a vida nestas ilhas é a uma só cor: cinzenta. E aqui, na Graciosa, para o maior partido da oposição, quanto pior, melhor.

Continuo a considerar estas visitas muito importantes porque, quando houver uma leitura correcta e sem ressentimentos, desmontam, de uma só panada, a propaganda pessimista e sem nexo emitida por responsáveis políticos com o propósito único de desvalorizar o trabalho do Governo Regional dos Açores e do Partido Socialista.

Os desmoralizados nunca serão capazes. Os pessimistas constituirão sempre um empecilho. Que Deus nos livre deles.