9 de junho de 2011

Mudança

A 5 de Junho os portugueses optaram por uma mudança na condução dos destinos do país. Este resultado estava mesmo espelhado nas últimas sondagens e, como tal, era esperado. Aliás, foi um modo que o eleitor encontrou para demonstrar o seu descontentamento pelo facto do governo do Partido Socialista estar associado a esta crise que tem obrigado a impor ao país medidas impopulares, como a redução de salários e aumento dos impostos, que, como se sabe, ninguém no seu perfeito juízo gosta.

Nunca na história recente um político terá sido tão atacado como foi o Eng. José Sócrates. A campanha contra o PS e o seu líder não é recente. Tem pelo menos 6 anos e foi dura, com ataques contra a sua honorabilidade, vindo dos partidos políticos e de movimentos corporativos que nunca aceitam que se mexa nos seus interesses.

Não vale a pena falar mais nisso, até porque para a frente é que há caminho.

Ao líder PSD, Dr. Passos Coelho, exige-se agora que governe, e que governe bem, e espera-se, sinceramente, que o faça sem os sistemáticos ataques pessoais e sem a permanente guerrilha a que o anterior primeiro-ministro esteve sujeito desde a sua indigitação em 2005.   

O Presidente do PS Açores, Carlos César, na pronta assunção da derrota, foi muito claro: quando o PS ganha ele também ganha, mas quando perde, também lhe acontece o mesmo.

Percebo que nestas coisas, por vezes, há gente que precisa cavalgar vitórias de outros ou méritos alheios e, ao mesmo tempo, há quem tente, a todo o custo, evitar colagens nos momentos de desaire.

No rescaldo do acto eleitoral vi a líder do PSD, mais ou menos eufórica, apelar à mudança e tentar, a todo o custo, extrapolar os resultados desta eleição para os combates que se avizinham, o que, em bom rigor, não me parece um procedimento que lhe traga mais-valias políticas.

Esta postura fez-me recuar à surreal conferência de imprensa nas autárquicas de 2009, onde a líder do PSD só falava na sua vitória em Ponta Delgada e, teimosamente, tentava dissimular a estrondosa derrota a nível da região, como se ela nada tivesse a ver com isso, mesmo sendo a líder do partido perdedor. Os seus autarcas devem ter ficado de boca aberta, literalmente.

São duas maneiras opostas de estar na política. Duas formas de responsabilização diferentes, ou, aliás, a primeira é uma forma realista de aceitar a decisão do povo com a assunção das consequências sem subterfúgios e, a outra, é um sacudir água do capote impróprio para quem tem ambições políticas.

Tenho a convicção que é muito importante saber ganhar, mas também não terá menos importância saber perder.

Sempre ouvi dizer que é nos momentos de vitória e também nas derrotas que se vê o carácter dos políticos. Eu acredito nisso e sei que o povo tirará as suas ilações destas atitudes.

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