30 de agosto de 2012

Tal como o tempo


Os Açorianos sempre estiveram atentos às questões ligadas à meteorologia. Podemos mesmo dizer que em cada Açoriano há também um meteorologista, tão habituados que estamos a acompanhar o tempo nas nossas ilhas. Dão-se palpites, indica-se quando roda o vento, conclui-se quando é que o tempo vira. Quem por cá por vive sabe muito bem que as alterações da natureza são rápidas e cíclicas.

É também conhecido que quando o tempo começa a piorar no Corvo ou nas Flores, mais dia, menos dia haveremos de levar com a nossa parte. É por isso que os Açorianos ficam colados ao televisor, à espera de “O tempo” na RTP-Açores e avaliam o que está a acontecer por lá para perspetivar o dia seguinte. É uma situação que acontece vezes sem conta.

Neste momento em que se aproxima o final do prazo para a entrega das listas de candidatos às próximas eleições regionais saem notícias, primeiro dos cabeças de lista e depois de toda a sua constituição.

Algumas vezes somos surpreendidos com os nomes de pessoas que nem vivem nos círculos eleitorais por onde concorrem, o que, quanto a mim, não contribui para a credibilização da política.

Mas a notícia mais inesperada foi a de que o PSD não consegue fazer uma lista que concorra pelo círculo eleitoral do Corvo.

É estranho um partido, que se constitui como alternativa de poder e se autointitula como um partido de implantação regional, não conseguir, junto do seu eleitorado daquela ilha, fazer uma lista para concorrer por aquele círculo eleitoral.

Mais estranho ainda é a solução que aquele partido arranjou: apoiar o líder do Partido Popular Monárquico, precisamente aquele que desalojou o PSD do panorama político daquela ilha, no que respeita às eleições regionais.

Tal como o mau tempo também a primeira derrota do PSD vem do ocidente.

23 de agosto de 2012

Sondagens e outras coisas mais


Chegados a este período de pré-campanha eleitoral é habitual os partidos encomendarem sondagens para, a partir das suas conclusões, poderem ajustar estratégias, escolher candidatos ou mesmo reverter o modo de atuação junto das populações que servem.

Como se percebe este tipo de estudo pode, efetivamente, ser importante para os partidos políticos e para o sucesso de uma campanha eleitoral que todos querem que resulte numa vitória. É um instrumento que pode apoiar as lideranças e ajudar no planeamento das campanhas eleitorais.

O que já não é muito correto é o aproveitamento distorcido e malicioso que é feito de sondagens, invertendo resultados para daí poderem tirar algum proveito político.

Já em 2004 o PSD exibia uns papeletes afirmando ser detentor de sondagens que lhe davam cerca de 60% das intenções dos votos dos Açorianos. Embora coligado com o PP, estas forças políticas ficaram-se apenas pelos 36,8%.

Em 2008 o PSD repetiu a proeza e optou por atirar cá para fora novas sondagens que lhe davam uma vitória inequívoca. Uma vez mais enganaram-se, porquanto não passaram dos 30,3%.

Agora em 2012 o PSD tenta, a todo o custo, fazer passar a mensagem da existência de sondagens favoráveis, mesmo tendo conhecimento de que todas as que existem, as deles e as das outras forças partidárias, atribuem-lhe, mais uma vez, uma derrota.

Por aqui se vê que o PSD não aprendeu com o passado, como seria bom-tom. Teima em utilizar este tipo de estratégia de uma maneira arrogante como forma de adquirir algum balanço.

É apenas uma ilusão que não leva a nada, porque as eleições ganham-se nas urnas. Aquela que será a verdadeira sondagem só sairá no dia 14 de outubro e essa, com toda a certeza, não falhará.

16 de agosto de 2012

Ilha de chegadas e de partidas


Sempre fomos habituados a este frenesim próprio de um lugar pequeno. Uns chegam, para cumprirem uma função ou uma missão, enquanto outros partem para outros destinos para aí realizarem outra função ou nova missão.

Sempre fomos habituados a este fado de ver partir os amigos cuja amizade foi feita com base neste forma simpática com que recebemos quem nos visita. Por aqui, quem acolhe tudo faz para receber bem e quem é acolhido entrega-se surpreendido pela simpatia desinteressada dos locais.

Ontem, dia 15 de agosto, pude assistir a mais uma festa de homenagem ao Padre Dinis Silveira, a escassos dez dias da sua partida, neste caso na paróquia de Nossa Senhora da Luz. A população, reconhecida pela entrega do seu pároco, compareceu em força e agradeceu, à sua maneira, o seu esforço e a sua dedicação. Já antes o povo da Ribeirinha e de Guadalupe tinham feito também a suas homenagens.

Sobre a obra deste operário de Deus deixada nesta ilha já muito se disse. Sem dúvida que este homem deixa-nos, nesta sua passagem pela ilha Graciosa, uma marca que perpetuará por muitas gerações. Foram várias as suas intervenções, desde a requalificação de igrejas, capelas e altares, até à recuperação de imagens divinas, construção de salas de velórios e centros paroquias. Ele de facto esteve em todas as frentes.

Apesar deste seu interesse pelo lado mais material das suas paróquias, o Padre Dinis nunca descurou o lado espiritual do seu rebanho. Antes pelo contrário. Recuperou tradições religiosas, empenhou-se em catequizar os mais jovens, animou os mais idosos, confortou os doentes e apoiou os mais frágeis da nossa sociedade.

Porventura esta sua conduta não terá agradado a todos e até poderá ter causado alguma ciumeira nos meios locais. Mas foi uma obra notável, só possível porque o Padre Dinis Silveira se entregou de corpo e alma à sua missão, não se desviando um milímetro do essencial.

No dia 25 de agosto partirá um amigo, mas a amizade ficará para sempre no coração dos Graciosenses.

9 de agosto de 2012

Graciosa mais verde


Hoje, pelas 11 horas, irá proceder-se à assinatura do “Master Agreement” entre a EDA e a empresa Younicos.

Como é conhecido, a Younicos já trabalha no projeto de produção de energia limpa para a Graciosa desde há algum tempo. Na cidade de Berlim, onde a empresa tem a sua sede, foi realizada uma experiência em grande escala, onde foram feitos testes exaustivos e que provaram ser possível desenvolver a ideia de produzir e armazenar energia a partir de fontes alternativas.

 Representará um investimento total de 25 milhões de euros e pretende substituir o consumo de combustíveis fósseis para produção de energia por fontes amigas do ambiente, neste caso a eólica e a solar que, combinadas, serão suficientes para produzir 100% das nossas necessidades energéticas.

Sem dúvida nenhuma que a partir de agora nada será como antes. A aposta que o Governo dos Açores tem feito no ambiente tem dado resultados e este projeto, que foi distinguido com o Prémio Solar Europeu, irá permitir a esta ilha tornar-se numa ilha verde a muito curto prazo.

Este importante passo é, decididamente, o culminar de um processo inovador, que exigiu muita investigação e que, por isso, trará à Graciosa alguma notoriedade. Por outro lado permitirá, também, deixar um legado importante para o futuro.

Seguramente que este projeto será alargado a outras ilhas, tornando os Açores, cada vez mais, como um dos melhores locais do mundo para se viver.

2 de agosto de 2012

Turismo sustentado


O equilíbrio que se pretende manter nos Açores entre a natureza e o desenvolvimento do turismo tem vários caminhos, especialmente nas ilhas de menor dimensão.

O Turismo em Espaço Rural pode ser um contributo importante para diminuir a sazonalidade. É uma experiência que permite conhecer o dia-a-dia da vida no meio rural e ir ao encontro das origens culturais destas ilhas.

O Mergulho é, também, uma oferta que está a crescer em todas as ilhas. Segundo a obra “Debaixo de Água: 24 lugares de mergulho que todos os mergulhadores devem conhecer”, publicado na Alemanha, curiosamente o maior mercado mundial, os Açores estão entre os 24 melhores destinos de mergulho do mundo. Várias revistas da especialidade relevam as potencialidades das paisagens submarinas do nosso mar, onde se incluem baixas, cavernas, arcadas, ilhéus e naufrágios, que albergam uma variedade enorme de peixes, algas e corais, difíceis de ver noutros locais.

A Observação de Aves, embora de uma forma subtil, está também em franco crescimento nos Açores, nomeadamente no Corvo e na Graciosa. São procuradas aves migratórias dos continentes Americano e Euroasiático e outras espécies raras, como é o caso do Painho de Monteiro, tão bem retratado no recém-lançado documentário de Pedro Carvalho “Em busca do Painho de Monteiro”, que será transmitido em televisões nacionais e estrangeiras. Neste momento estão identificadas cerca de 400 espécies observadas na região.

A Observação de Cetáceos tem vindo a evoluir de forma sustentada e ainda tem espaço para crescer mais no futuro.

Os trilhos pedestres disseminados por todas as ilhas, alguns deles sendo reaproveitamentos de antigos caminhos para pessoas e animais, complementam a oferta turística e aproximam o turista da natureza deslumbrante dos recantos das ilhas, abrangidos por esta rede.

Aproveitar as potencialidades destas formas de turismo no futuro próximo é o repto que as ilhas da coesão têm pela frente. A conquista de nichos de mercado com práticas amigas do ambiente é a melhor forma para crescer de forma sustentada, provocando um impacte reduzido na natureza. E é esse o caminho que devemos seguir.