30 de julho de 2015

Todos juntos é mais fácil

O espírito de entreajuda tem acompanhado os Açorianos desde sempre, digamos que faz parte de identidade destas gentes que da partilha fizeram um modo de vida.

Nas festas do Espírito Santo, no cumprimento de promessas, nas vindimas, nas tradicionais matanças do porco e em muitas outras situações da vida do povo Açoriano, é comum verem-se homens, mulheres e crianças entregues ao trabalho para que tudo corra bem aos seus familiares, aos seus amigos ou à sua comunidade.

O Município de Santa Cruz da Graciosa e as quatro Juntas de Freguesia, têm conjugado esforços com outras entidades públicas no sentido melhorar a vida dos residentes e visitantes, de embelezar a ilha e dotar as zonas balneares com mais qualidade e segurança.

Por vezes há a tentação de enveredar por outro caminho, um caminho mais fácil: nada fazer e passar a responsabilidade para outros. Felizmente os nossos autarcas não seguiram por aí. Optaram pela via da entreajuda, ignorando questões de cor partidária e a sede de protagonismos fúteis.

O benefício para todos é bem visível um pouco por toda a ilha. Mais flores, mais limpeza, zonas balneares mais apetecíveis e mais seguras e praças mais bonitas.

Não está tudo feito e nem tudo foi bem feito, decerto. Aliás, certamente que muito ainda há para fazer, mas o caminho realizado até aqui, com o empenho e dedicação de muitos, faz-nos pensar que é o caminho certo.

É conhecido que quando todos puxam para o mesmo lado, tudo se torna mais fácil e, no fim, lucram todos com isso.

24 de julho de 2015

Ainda o turismo

O arquipélago da Madeira, habitado por volta de 1425, explora as suas potencialidades turísticas há cerca de 150 anos. O Algarve, com uma tradição turística mais recente, a partir do início dos anos 60 inicia a sua expansão nesta área, potenciando o clima ameno e as melhores praias do sul da Europa.

Estas duas regiões têm como base da sua economia esta indústria, que, por ser exportadora por excelência, traz mais-valias importantes para a economia. Em 2013 o turismo em Portugal representava 11% das exportações de bens e serviços do país e no ranking mundial da competitividade do Turismo, elaborado pelo Fórum Económico Mundial, o país ocupava uma honrosa 20ª posição.

Aos Açores o turismo chegou bem mais tarde, chegou há muito pouco tempo. E foi como começar do zero. Faltavam hotéis, não existiam equipamentos de apoio, faltava formação, rareavam atividades complementares, enfim, nos Açores sofria-se de um atraso estrutural nesta importante área da economia a par da inexistência de preocupações com as questões ambientais, que, no fundo, são transversais a esta e a outras áreas de atividade.

Para se chegar até aqui foi feito um grande caminho nos Açores, já o havia dito. A Graciosa não foi exceção.

Foi preciso construir um hotel, apoiar a construção de espaços de turismo rural e a restauração. Foi imperioso remover o passivo ambiental com décadas. Foi necessário melhorar o Museu e mudar as Termas, construir um centro de apoio ao visitante no nosso principal monumento natural, a Caldeira. Foi necessário introduzir os voos aos sábados e domingos.

Penso que quase ninguém duvida que este caminho tinha de ser feito. Foi esta a estratégia: criar condições para sustentar o crescimento.

Não era possível crescer com unidades hoteleiras com 15 a 20 quartos, sem capacidade para receber grupos. Não era possível pensar em crescer turisticamente com duas lixeiras a céu aberto, uma na cabeceira do aeroporto e outra bem visível quando os barcos se preparam para atracar no porto comercial. As duas entradas na ilha estavam “minadas” com o que de pior podíamos mostrar.

Durante este percurso, mesmo assim, houve quem se preocupasse em arranjar dificuldades, ao invés de propor melhorias e soluções. E hoje em dia ainda há quem se entretenha a elaborar sofisticadas e emaranhadas teses disto e daquilo mesmo sabendo que não tem ponta de verdade.

Apetece-me partilhar o que o meu amigo João Aguiar escreveu recentemente na sua página do Facebook:

“Um desabafo!

Estou farto de pessoas que nasceram e vivem nos Acores e passam a vida a desvalorizar tudo o que é nosso!

Estou farto daqueles que aqui nasceram, cresceram, foram livremente viver para fora e estão sempre a criticar os Açores e as suas instituições!

Estou farto dos que fizeram a sua vida lá fora e ao regressar não se cansam de fazer comparações desfavoráveis entre os países que os acolheram e os Açores!

Estou farto daqueles que foram por nós adotados, como se aqui tivessem nascido e passam a vida a desmerecer as decisões tomadas por quem por nós foi eleito!

Apesar de não ser separatista, apetece-me plagiar a frase: - Açores... ame-os ou deixe-os!”

17 de julho de 2015

A Graciosa e o turismo

Os números do turismo agora conhecidos revelam que os Açores cresceram 26,6% em dormidas relativamente ao mês de maio de 2014, um pouco menos (23,8%) se for considerado o período acumulado de janeiro a maio, muito embora a estada média tenha baixado.

Outro dado curioso prende-se com o facto de se ter registado a consolidação do mercado português, com um crescimento de 32,8% face ao mesmo período do ano anterior, enquanto o mercado estrangeiro revelou um crescimento de apenas 15,8%, fazendo com que neste momento, em termos de dormidas, o mercado nacional tenha uma ligeira vantagem relativamente ao estrangeiro, representando um peso de 50,5% e 49,5%, respetivamente.

Algarve, Lisboa e Madeira continuam a ser os locais mais procurados no nosso país, mas os Açores registaram, no mês de maio, o maior aumento da procura, fruto, segundo o Instituto Nacional de Estatística, da implementação do novo modelo de transporte aéreo.

É conhecido que esse crescimento não tem sido equilibrado. Notou-se uma variação homóloga acumulada expressiva no Pico, no Faial e em S. Miguel, por esta mesma ordem, enquanto variações negativas foram registadas na Graciosa e Flores, com -16,5% e -4,2%, respetivamente.

Não escamoteamos que estes números para a Graciosa são problemáticos e que há a necessidade de inverter esta tendência. O próprio Presidente do Governo, também preocupado, já afirmou que é importante olhar para este desequilíbrio com maior cuidado.

Curiosamente o número de passageiros aéreos desembarcados na Graciosa cresceu, nos primeiros cinco meses deste ano comparados com igual período de 2014, cerca de 6,3%.

É preciso ver que foi feito um longo caminho. Na Graciosa as dormidas cresceram, desde 1996, 81,4%, os hóspedes aumentaram mais de 50%, o número de camas subiu cerca de 40%, enquanto os proveitos totais triplicaram.

A Graciosa tem também o problema de ter crescido muito e depressa. Em 2010 as dormidas subiram 60,2% relativamente ao ano anterior, consolidando essa posição nos dois anos seguintes, representando um crescimento notável que quase ninguém comentou nessa altura.

Acredito que todas as pessoas que, nos últimos dias, se têm debruçado sobre estas matérias fazem-no pela preocupação que sentem ao ver esta tendência negativa que vem desde o mês de março.

Existem várias explicações para esta constatação, umas mais credíveis do que outras. Uns falam na quebra nos grupos do INATEL ou apontam os transportes como principais culpados. Outros, sempre os mesmos, não perdem tempo e culpam o Governo, porque é só isso que sabem fazer.

Nesta roda-viva de explicações nunca ouvi ninguém curioso em saber o que nós, Graciosenses, poderíamos fazer para melhorar estes dados estatísticos utilizando os apoios que existem à nossa disposição e que são aproveitados noutras comunidades precisamente para qualificar a oferta.

10 de julho de 2015

Coerência e bom senso

No período pré-eleitoral os partidos políticos desdobram-se em propostas que irão constituir as bases dos seus programas para o que entendem ser um contributo para uma boa governança. Esta postura é sempre saudável e, naturalmente, importante para a vida coletiva dos Açorianos.

Mas nestas coisas é preciso coerência e, sobretudo, bom senso. Faz alguma confusão a muitos Açorianos as propostas populistas e demagógicas que surgem apenas com o objetivo de conquistar alguns votos.

São vários os exemplos desta maneira de atuar. Alguns tem dificuldade em resistir à tentação de dizer o que as pessoas querem ouvir, relegando para segundo plano o sentido de estado que os responsáveis políticos devem assumir mesmo nestes momentos mais críticos em que o tom de voz fica mais acalorado.

Repare-se no caso das questões sociais. O PSD-Açores, no passado recente, votou a favor dos cortes lá fora, muito embora na Região continue a propor aumentos das prestações sociais por conta do orçamento regional quando essa responsabilidade é, de facto, do governo da República. Pouco depois o PSD-Açores lembrou-se que devia ser a economia a dar resposta aos problemas sociais. Ficam os Açorianos sem perceber.

Veja-se o caso da melhoria dos principais indicadores económicos, verificado nos últimos tempos. É conhecido que as estatísticas têm sido utilizadas como arma de arremesso político pela oposição, mas, infelizmente, condicionado pelo seu sentido: quando negativas são fervorosamente lembradas, quando positivas são maliciosamente ignoradas.

A certeza é que há uma franca recuperação da atividade económica, tal como reconheceram os parceiros sociais, numa recente avaliação feita no seio do Conselho Regional de Concertação Estratégica que, aliás, reuniu um amplo consenso nestas matérias.

O PSD-Açores, perante este cenário, apressou-se a referir que esta melhoria dos indicadores tinha a ver com a entrada em vigor do novo modelo de acessibilidades áreas e a redução de impostos, para atribuir ao Governo da República uma pontinha de responsabilidade, já que dava jeito, neste caso.

Isto podia ter ficado por aqui, não fora uma falha importante do PSD-Açores: os números que estiveram em discussão referiam-se ao primeiro trimestre de 2015 e nessa altura não estava ainda em vigor o novo modelo de transportes aéreos nem os impostos tinham sido reduzidos.

Enfim… Quando se dispara de qualquer maneira há sempre o risco de dar um tiro num pé.

2 de julho de 2015

A pressa a fazer das suas

Ao longo da vida todos nós já encontramos pessoas que pensam ser o centro do mundo, pensam que tudo gira à sua volta e são incapazes de discernir a realidade.

Na política essa visão também é percetível e, infelizmente, tem sido mais notória nos últimos tempos e tende a agravar-se com o aproximar das eleições regionais.

A liderança do PSD, aconselhada pelos “sábios” de serviço, tem feito um grande esforço para se colar às coisas que vão acontecendo no arquipélago, as boas, porque das outras nem querem saber.

Vimos isso na negociação das novas acessibilidades aéreas, vemos isso na redução de impostos e em tudo o mais que tem corrido bem.

O líder do PSD nas últimas jornadas do seu grupo parlamentar, voltou à carga e chamou a si algumas vitórias recentes, como a redução do preço das acessibilidades aéreas e o alívio da carga fiscal.
Esta obsessão tem-lhe saído cara, porque as pessoas realmente esclarecidas e que acompanham estes processos sabem que estas coisas são tratadas a nível institucional e que este aproveitamento é indecoroso e desnecessário, além de ser ridículo.

Se de facto o líder do PSD-Açores tivesse esse poder de influenciar o governo de Pedro Passos Coelho porque não o fez quando fecharam tribunais nos Açores ou as repartições de Finanças? Porque não pressionou o governo central para não encerrar o posto policial de Rabo de Peixe? Porque não conseguiu convencer Passos Coelho que devia colaborar nas intempéries que assolaram a Terceira e S. Miguel, na mesma proporção que fez para a Madeira? Porque não influenciou o governo a pagar o serviço público de transporte aéreo entre as ilhas dos Açores, tal como o faz para as ligações entre a Madeira e Porto de Santo? Porque não consegue pilotos para as aeronaves da Força Aérea que fazem evacuações nos Açores? Porque não arranja solução para a RTP-Açores ou para a Universidade dos Açores?

Esta sede de se colar aos sucessos do Governo dos Açores, que afinal são vitórias de todos nós, tem muito que se lhe diga, sobretudo quando as coisas dão para o torto.

Veja-se o processo da Base das Lajes. O líder do PSD, apesar de ser informado regularmente pelo Governo dos Açores dos seus desenvolvimentos, tenta sempre fazer uma espécie diplomacia paralela e pôr-se em bicos dos pés para aparecer na fotografia ao ponto de ter anunciado um encontro com um congressista dos Estados Unidos da América que, afinal, já tinha morrido uma semana antes.

A necessidade de aparecer tem destas coisas…