10 de julho de 2015

Coerência e bom senso

No período pré-eleitoral os partidos políticos desdobram-se em propostas que irão constituir as bases dos seus programas para o que entendem ser um contributo para uma boa governança. Esta postura é sempre saudável e, naturalmente, importante para a vida coletiva dos Açorianos.

Mas nestas coisas é preciso coerência e, sobretudo, bom senso. Faz alguma confusão a muitos Açorianos as propostas populistas e demagógicas que surgem apenas com o objetivo de conquistar alguns votos.

São vários os exemplos desta maneira de atuar. Alguns tem dificuldade em resistir à tentação de dizer o que as pessoas querem ouvir, relegando para segundo plano o sentido de estado que os responsáveis políticos devem assumir mesmo nestes momentos mais críticos em que o tom de voz fica mais acalorado.

Repare-se no caso das questões sociais. O PSD-Açores, no passado recente, votou a favor dos cortes lá fora, muito embora na Região continue a propor aumentos das prestações sociais por conta do orçamento regional quando essa responsabilidade é, de facto, do governo da República. Pouco depois o PSD-Açores lembrou-se que devia ser a economia a dar resposta aos problemas sociais. Ficam os Açorianos sem perceber.

Veja-se o caso da melhoria dos principais indicadores económicos, verificado nos últimos tempos. É conhecido que as estatísticas têm sido utilizadas como arma de arremesso político pela oposição, mas, infelizmente, condicionado pelo seu sentido: quando negativas são fervorosamente lembradas, quando positivas são maliciosamente ignoradas.

A certeza é que há uma franca recuperação da atividade económica, tal como reconheceram os parceiros sociais, numa recente avaliação feita no seio do Conselho Regional de Concertação Estratégica que, aliás, reuniu um amplo consenso nestas matérias.

O PSD-Açores, perante este cenário, apressou-se a referir que esta melhoria dos indicadores tinha a ver com a entrada em vigor do novo modelo de acessibilidades áreas e a redução de impostos, para atribuir ao Governo da República uma pontinha de responsabilidade, já que dava jeito, neste caso.

Isto podia ter ficado por aqui, não fora uma falha importante do PSD-Açores: os números que estiveram em discussão referiam-se ao primeiro trimestre de 2015 e nessa altura não estava ainda em vigor o novo modelo de transportes aéreos nem os impostos tinham sido reduzidos.

Enfim… Quando se dispara de qualquer maneira há sempre o risco de dar um tiro num pé.

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