26 de maio de 2011

Quando os outros interessam

No passado Domingo o Centro de Saúde de Santa Cruz da Graciosa fechou o ciclo de 50 anos de existência.
A construção daquele equipamento revestiu-se de grande importância para a população e isso mesmo foi referido no Relatório de 1960 da Santa Casa da Misericórdia da Vila de Santa Cruz da Graciosa, quando se afirmava “Os graciosenses, que até então estavam praticamente privados de hospital, e, desde tempos remotos, ambicionavam, aliás com toda a justiça, tão importante melhoramento, puderam, assim, ver essa legítima aspiração transformar-se em doce realidade”.
Foi a 22 de Maio de 1960 que entrou em funcionamento o então denominado Hospital Sub-Regional da Ilha Graciosa, construção que terá sido impulsionada pelo Ministro das Obras Públicas de então, Engenheiro José Frederico Ulrich.
Esse dia foi comemorado com a I Feira da Saúde da Graciosa, uma acção inédita a nível da região, que eu saiba. Foi uma jornada de promoção da saúde, organizada e coordenada pelos profissionais daquela instituição e em que a população aderiu de forma inusitada. Viu-se, assim, um Centro de Saúde abrir-se à comunidade que serve, num gesto altruísta.
Foi num ambiente de festa que vimos o centro da vila repleto de gente que procurava as bancas onde os técnicos de saúde os atendiam e os aconselhavam nas diversas vertentes. E foram muitas as áreas abordadas: fisioterapia, aconselhamento nutricional, psicologia, planeamento familiar, saúde oral, rastreios diversos, etc..  Para além disso ouve dança hip hop, animação para crianças e música ao vivo.
Hoje, quando se reclama mais tempo para dar aos outros, quando se afirma que o voluntariado está em crise, assiste-se, nesta graciosa ilha, a uma conjugação de esforços e de saberes, para construir um verdadeiro momento de entrega aos outros.

19 de maio de 2011

Quando vencem os melhores

É sempre com grande satisfação que os Graciosenses assistem a momentos como este. Diria mesmo que é com orgulho que os Graciosenses vêem qualquer clube desta ilha ter bons resultados a nível associativo ou a nível regional.

É verdade que esses momentos não têm tido a frequência desejada, mas é preciso ressalvar que quando acontecem, e tem sido vários ao longo dos anos, têm um significado muito especial, porquanto a relação da Graciosa com as outras ilhas, com quem competimos, é desequilibrada. É a desigualdade no campo de recrutamento, é a diferença do poder económico, é a facilidade de acesso à formação, entre outras.

No passado dia 15 de Maio de 2011 o Sporting Clube de Guadalupe sagrou-se campeão da Associação de Futebol de Angra do Heroísmo, perante o seu público, num jogo de tudo ou nada.

Este feito, inédito neste clube, confere-lhe o direito de participar na próxima época na Série Açores da III Divisão Nacional de Futebol. Foi em ambiente de grande euforia que assistimos ao regresso de uma equipa representativa do futebol Graciosense a uma prova de cariz nacional.

O Guadalupe, como é mais conhecido, é o clube que mais provas locais tem arrecadado e o que terá ido mais longe em provas em que representava a Associação de Futebol de Angra do Heroísmo. Esteve presente em três finais da Taça Açores e representou aquela associação na Taça de Portugal por duas vezes, tendo sido afastado já na 2ª eliminatória em ambas. Os juniores B também foram campeões da Associação de Futebol de Angra do Heroísmo. 

Se até aqui o percurso para este clube de maneira nenhuma terá sido fácil, ninguém dúvida que a partir de agora tudo será necessariamente mais complicado. A prova é mais complexa do que as competições a que estão habituados, não só pela regularidade, mas também pelo nível de empenhamento que exigirá aos seus atletas, técnicos e dirigentes.

Agora há que planear muito bem a época, constituir o grupo de trabalho, formar um núcleo de apoio e procurar financiamento. E treinar. Treinar muito.

Tenho a certeza, e tendo em conta o que conheço dos clubes locais, esses factores não assustarão aqueles que estão ou que estarão envolvidos neste projecto.

18 de maio de 2011

Voto de Congratulação apresentado hoje na ALRAA

O Clube Central Recreativo e Desportivo Sporting Clube de Guadalupe foi fundado a 7 de Abril de 1955, sendo sócios fundadores os senhores Gabriel Melo, Elisiário Silva, Reginaldo Silva, Albino Picanço e António das Flores. Esta entidade, no entanto, só iniciou a prática desportiva em 1962, movida por habitantes locais que praticavam futebol na freguesia vizinha e pela vontade dos senhores Gabriel Melo, Luís Oliveira, João Silva (Berto) e Manuel Ramos. O primeiro treinador foi o senhor Vasco Weber Vasconcelos, conhecido entusiasta do futebol, entretanto já falecido.
Localizado na zona central da Ilha Graciosa, este clube sempre rivalizou com os outros congéneres, chegando ao ponto, e já depois de se ter filiado na Associação de Futebol de Angra do Heroísmo, a meados dos anos 70, de ser o que detém mais provas ganhas naquela ilha.
Este clube de freguesia, tem sido o que tem representado mais vezes o futebol Graciosense em provas de âmbito associativo. Como marcos mais relevantes da sua história tem a presença em três finais da Taça Açores, vencedor da Taça Associação de Futebol de Angra do Heroísmo por duas vezes, duas participações na Taça de Portugal, até à 2ª eliminatória, e Campeão da Associação de Futebol de Angra do Heroísmo em juniores B.
No passado Domingo, dia 15 de Maio de 2011, a sua equipa sénior, presidida por José Rodrigo da Silva Espínola e treinada pelo técnico Graciosense João Manuel Ávila Picanço, consagrou-se campeã da Associação de Futebol de Angra do Heroísmo, ao levar de vencida as equipas representantes de S. Jorge e da Terceira, numa prova que dá acesso à Série Açores da 3ª Divisão Nacional.
Este resultado representa, para os Graciosenses, uma grande vitória perante duas ilhas, Terceira e S. Jorge, com uma actividade económica mais capacitada para patrocinar participações em provas desportivas, para além de ambas terem muito mais população e, por conseguinte, um maior campo de recrutamento de jovens para a prática desportiva.
Assim, nos termos regimentais aplicáveis, o Grupo Parlamentar do Partido Socialista propõe que a Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores, reunida em Plenário no dia 18 de Maio de 2011, emita o seguinte Voto de Congratulação:
“A Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores congratula-se pelo facto do Sporting Clube de Guadalupe, em seniores masculinos, ter conquistado o título de Campeão da Associação de Futebol de Angra do Heroísmo na época desportiva de 2010/2011, conferindo-lhe o direito de participar, pela primeira vez na sua história, na Série Açores da III Divisão Nacional de Futebol.
Esta congratulação é extensiva a todos os atletas, equipa técnica, dirigentes, sócios e simpatizantes”.
Do presente voto deverá ser dado conhecimento, além do referido Clube, à Junta de Freguesia de Guadalupe, à Associação de Futebol de Angra do Heroísmo e à Federação Portuguesa de Futebol.


16 de maio de 2011

Sporting Clube de Guadalupe

O Sporting Clube de Guadalupe sagrou-se, ontem, Campeão da Associação de Futebol de Angra do Heroísmo e, por isso, estará na próxima época da Série Açores da 3ª Divisão Nacional.
Aos atletas, técnicos, dirigentes e sócios dou-lhes os meus parabéns por este feito e desejo-lhes as maiores felicidades para a época desportiva 2011-2012.

Pescas


Hoje visitei o Departamento de Oceanografia e Pescas da Universidade dos Açores para ouvir os cientistas daquela instituição sobre a problemática das pescas, nomeadamente sobre gestão dos recursos.

12 de maio de 2011

A Graciosa e a União Europeia

Na passada segunda-feira, dia 9 de Maio, comemorou-se na Ilha Graciosa o 25º aniversário da integração do nosso país na União Europeia. Foi mais uma iniciativa do Governo dos Açores e que contou com o apoio da Câmara Municipal e da Escola Básica e Secundária da Graciosa. É bom continuar a ver esta ilha como palco de acontecimentos importantes a nível regional. É bom ver que existem muitas pessoas que não ficam à espera que as coisas aconteçam, mas antes fazem as coisas acontecerem.

Apesar de vivermos tempos muito conturbados no seio da Europa, temos de reconhecer que a adesão à então denominada Comunidade Económica Europeia trouxe enormes vantagens para os Açores, fruto do investimento feito ao longo destes últimos 25 anos, notando-se um maior incremento a partir do primeiro governo do Partido Socialista, saído das eleições de 1996.
A região, devido à sua forma arquipelágica e ao centralismo do estado exercido de forma exacerbada, não tinha qualquer perspectiva de futuro. Escasseavam as infra-estruturas básicas, desde a saúde aos transportes, passando pela habitação.
Os fundos comunitários permitiram aos sucessivos governos, às autarquias e aos agentes económicos, construir uma série de estruturas fundamentais, como sejam, aeroportos, portos, estradas e unidades de saúde. Foi com programas específicos que se modernizou a agricultura apostando no melhoramento animal e na construção de novas unidades de transformação. Nas pescas assistiu-se à modernização da frota e à construção de uma rede de novas lotas. Foi também com apoios comunitários que se modernizou o comércio e a indústria. Foram esses fundos que permitiram modernizar a rede eléctrica e apostar, de uma forma exemplar, na produção de energia amiga do ambiente.
Dentro do arquipélago existiam grandes diferenças, ou dupla insularidade, como agora se chama e, quanto a isso, a Graciosa era classificada como uma das ilhas mais isoladas e tida como votada ao abandono.
A nossa economia assentava em dois vectores: agricultura incipiente e pesca de subsistência. O resto era paisagem, literalmente.
Hoje a nossa realidade é diferente, e para melhor. Fruto dos apoios comunitários e tal como aconteceu nas restantes ilhas dos Açores, a Graciosa foi-se transformando numa ilha com estruturas capazes de suportar o desenvolvimento que temos sentido nos últimos anos.
Demos um grande salto em frente.
Passamos a ter um sector agrícola mais forte e capaz de ombrear com as outras ilhas. A classe foi rejuvenescida e aproveitou os fundos colocados à sua disposição para melhorar as explorações e o governo fez o que lhe competia: criou condições para a construção de uma nova fábrica de lacticínios, melhorou as acessibilidades, apostou na formação profissional e no melhoramento animal.
A pesca também sofreu transformações importantes. Passamos a ter uma frota moderna e com boas condições de trabalho para os seus profissionais. Foi construído um novo porto com casas de aprestos e uma nova lota, que será inaugurada em breve.
Mais recentemente o Governo dos Açores apostou no sector do turismo, com a construção de um hotel de quatro estrelas e apoiou a instalação de unidades de turismo rural. A recuperação das termas do Carapacho veio criar mais uma oferta de qualidade para os locais e para quem nos visita. O centro de apoio ao visitante da Caldeira veio também trazer mais segurança e condições condignas a quem quer visitar aquele monumento natural.
Na educação, com a requalificação da escola, no apoio social, com a construção de um novo lar de idosos e a requalificação de um outro, nos transportes marítimos, com a requalificação e reorientação do porto comercial, nos transportes aéreos, com a requalificação da aerogare e melhoria das condições de operacionalidade também foram áreas de intervenção importantes.
Ao nível da saúde, da energia e dos resíduos, estamos também a aproximar-nos de uma grande revolução, impensável há alguns anos atrás. Está a construir-se uma moderna unidade de saúde, capaz de responder de forma mais eficaz aos anseios da população. Está também a ser ultimado o projecto de instalação nesta ilha de capacidade para fornecimento de energia provinda apenas de fontes ambientalmente limpas. Em fase de conclusão está também o centro de processamento de resíduos que irá terminar com este que é um problema para uma ilha da nossa dimensão, porquanto cerca de 75% do lixo processado será exportado.
Por aqui se vê que, por iniciativa e empenhamento do Governo dos Açores e com os apoios comunitários postos à disposição, foi possível mudar a face desta ilha e melhorar a nossa qualidade de vida. Só não vê quem não quer…

5 de maio de 2011

Figuras II

No passado mês de Abril escrevi um artigo denominado Figuras, onde apresentava uma manifesta discordância sobre a maneira como o PSD tinha apresentado um tema na Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores, numa forma regimental inapropriada, por impedir a discussão do assunto em questão.

Mal sabia eu que passado apenas um mês, estaria aqui de novo com o mesmo argumento para discordar, mais uma vez, da forma como o PSD se manifesta sobre assuntos sérios, só que, desta vez, na Assembleia Municipal de Santa Cruz da Graciosa.

Na passada semana as contas do Município foram levadas à Assembleia para serem apresentadas, discutidas e eventualmente aprovadas por aquele órgão.

Infelizmente e em rigor, não foi isso que aconteceu, por muito que me custe aceitar. O PSD, paladino da democracia, furtou-se à sua obrigação e preferiu fazer daquele órgão um local de pura mediatização.

Surpreendentemente, ou talvez não, aquele partido político, ou, se calhar, alguns políticos daquele partido, depois de apresentadas as contas, nada disseram e nada perguntaram. Em democracia são nobres os períodos dedicados à discussão e esclarecimento, mas estes foram simplesmente banidos de uma das sessões ordinárias mais importantes de qualquer Assembleia Municipal, por um partido que se diz campeão da democracia.

Mesmo assim as contas foram aprovadas, por maioria, com a abstenção do PSD. De seguida veio ao de cima aquele ressentimento de mau perder: uma declaração de voto ressabiada, repleta de imprecisões e que confirma que ainda há quem não tenha digerido bem a derrota de 2009.

Esta declaração de voto, apesar de ser uma figura regimental, não permitiu qualquer tipo de discussão, como se sabe e, o que é mais grave, impediu o Presidente da Câmara de se defender das acusações maliciosas que, numa forma mais ou menos subtil, estavam implícitas nos seus considerandos.

Acho sinceramente que muitos dos deputados municipais do PSD não concordarão com este tipo de actuação, até porque desempenham outros cargos autárquicos e não gostariam, certamente, de ver tal desiderato acontecer nas suas Assembleias de Freguesia.