25 de dezembro de 2005

Natal todos os dias

Hoje é Natal. Este dia tem um sentido especial para todos nós, até porque geralmente nos encontramos rodeados por aqueles de quem mais gostamos. A família e os amigos dão-nos o alento para a caminhada da vida. Mas confesso que, neste dia, também sinto alguma melancolia provocada pela consciência de que a humanidade enfrenta momentos de grande dificuldade, enredada na incapacidade de pôr fim a profundas diferenças económicas e sociais que retalham o nosso planeta. Nestes momentos propícios à reflexão muitas perguntas ficam sem respostas.

Este sentimento surge porque, neste período, os órgãos de comunicação social também dão um enfoque especial a estes problemas, sobretudo para abanar consciências. Por outro lado também fico animado com gestos altruístas de gente que deixa para trás o conforto do seu lar para ajudar aqueles que mais precisam. São esses voluntários que nos fazem pensar e ter a esperança de que o mundo algum dia seja melhor e mais justo.

Com os inúmeros problemas provocados pelas catástrofes, pelas guerras, pelas doenças, pela intolerância e pelas fracturas sociais, vai valendo a intervenção despretensiosa dos voluntários integrados em diversas organizações que, apesar dos parcos recursos, conseguem agregar vontades para, a seu modo, contribuir para um mundo melhor.

Nos Açores, e também na Graciosa, o voluntariado é uma realidade, mas é preciso continuar a fomentar uma cultura de solidariedade e, ao mesmo tempo, difundir melhor o voluntariado. Há gente que, em prejuízo das suas vidas familiares e sociais, dedica grande parte do seu tempo a desenvolver acções de interesse social e comunitário. Esta dedicação aos outros é a afirmação de que a construção de uma sociedade melhor é feita de pequenas contribuições. A todos eles desejo que o espírito Natalício os acompanhe todos os dias do ano.

19 de dezembro de 2005

São Gabriel



O navio São Gabriel da Boxline, empresa de transportes marítimos que serve a ilha Graciosa, depois de efectuar as manobras de saída do porto da Praia, ficou sem máquinas devido a uma avaria eléctrica. A força do mar e do vento, que vinham de leste, atiraram o navio para a costa e quando já se encontrava a cerca de 800 metros dos Fenais, lançou o ferro de estiborbo que acabou por prender no fundo e assim evitar um desastre. Curiosamente fazia no Domingo 5 anos que encalhou o navio Corvo no ilhéu da Praia, este da empresa Mutualista Açoriana. Depois de reparada a avaria o São Gabriel seguiu a sua viagem para Lisboa, como estava previsto.

Vida difícil

O Sport Clube Marítimo venceu ontem (domingo) o Lusitânia da vizinha ilha Terceira, conhecido candidato à subida. Quanto a mim não só ganhou, como ganhou muito bem e ao contrário do que aconteceu noutras situações, a equipa graciosense conseguiu defender o golo de vantagem, que alcançou bem cedo, sem abdicar do ataque. Apesar de grande parte do jogo se ter desenrolado no meio campo do Marítimo, o seu guarda-redes poucas vezes foi chamado ao trabalho. Isto diz quase tudo sobre este encontro.

No final do jogo foi visível o desalento por parte de jogadores e treinador forasteiros, o que é absolutamente normal, mas já o seu presidente que, com gestos que eram visíveis em toda a bancada, tentava arranjar uma desculpa para uma derrota que, segundo se poderia perceber pela exuberância gestual, seria forjada. Nada de mais errado. Aquele senhor apenas se pode queixar da sua equipa, pois foram os seus jogadores que optaram por um jogo mais duro, por vezes roçando a violência e mesmo a agressão e por isso foram castigados com duas expulsões, que até pecaram por escassas. A equipa de arbitragem com certeza terá errado aqui e ali, mas, quanto a mim, fez um trabalho positivo e não teve qualquer influência no resultado.

Serve esta introdução para levantar algumas questões ao que se tem passado na arbitragem nesta competitiva série Açores. Tenho ouvido sistematicamente queixas de arbitragens em determinados campos e, normalmente, recheadas de histórias que envolvem jantares com dirigentes, automóveis alugados, recepções nos aeroportos, enfim, toda uma panóplia de esquemas que dão muito que pensar. É capaz de haver, por vezes, algum exagero motivado pela febre clubista, mas lá que os problemas existem é verdade, segundo muitas das vozes que tenho escutado ultimamente.

Acredito que a maior parte dos árbitros são pessoas sérias, uns mais competentes que outros, e por isso é muito mau julgarmos o todo pelas partes, mas também sei que num meio destes, como em muitos outros meios, existem pessoas sem escrúpulos. Acho que é eticamente incorrecto e reprovável um árbitro aceitar qualquer tipo de benesse de um clube. Esses casos deveriam ser denunciados, para continuarmos a acreditar na verdade desportiva.

Ouviu-se falar muito no apito dourado das ligas profissionais, mas parece-me que por cá é preciso dar alguma atenção a este fenómeno que, de tão repetitivo, já parece normal e quando assim é, é porque já estamos a bater no fundo.

O Sport Clube Marítimo é uma equipa pequena, de uma ilha pequena e isso incomoda muita gente. Não devia, dizem muitos, mas incomoda, dizemos nós. Já dizia Indira Gandhi, “é um grande privilégio ter vivido uma vida difícil”. Força, porque para a frente é que há caminho…

13 de dezembro de 2005

Barco encalhado na Ilha do Faial


Foto gentilmente cedida por Carlos Rosa.

O navio porta-contentores "CP Valour" encalhou na tarde de sexta-feira (9 de Dezembro) a norte da ilha do Faial. Este barco tem cerca de 180 metros de comprimento e 27 de largura. Os 21 tripulantes ainda se encontram a bordo e não correm perigo de vida. Já foram efectuadas várias tentativas para rebocar o navio daquela posição, mas até agora sem sucesso.

12 de dezembro de 2005

O valor da pedra


Desde sempre a pedra, por ser muito abundante na nossa Ilha, foi aproveitada para delimitar terrenos, fazer abrigos para pessoas e culturas e na construção de edifícios públicos e particulares, de espaços de lazer e monumentos.

Rapidamente a técnica de trabalhar a pedra, de a moldar ás exigências estéticas de cada época, se tornou numa arte espelhada um pouco por toda a ilha e que, infelizmente, está com tendência a acabar, conforme se foram e se vão retirando da vida activa os artífices que construíram verdadeiras belezas. Neste momento já restam muito poucos e o futuro não augura nada de bom nesta área.

Dar um passeio pela ilha, sobretudo pelas zonas urbanas, é um exercício para os sentidos. As cantarias das moradias, os passeios, os muros, os bebedouros, os bancos, as fontes e a calçada portuguesa, constituem um rico património que, apesar de tudo, tem sido preservado minimamente, devido a campanhas de sensibilização iniciadas no período pós sismo de 1980. Creio que cada vez mais se está a dar importância à preservação do nosso património construído, porque também há a consciência que esta riqueza deixada pelos nossos antepassados, junto com o património natural, constituem dois pilares fundamentais e de inegável valor para a projecção da Ilha Graciosa no mercado do turismo, tanto o interno como o externo.

O aumento dos níveis de conforto verificado nos últimos anos tem, no entanto, obrigado a demolições de casas antigas e as ricas pedras trabalhadas que as compunham tem sido, muitas vezes, enterradas e até mesmo enviadas para o mar. Por outro lado também se tem assistido a autênticas aberrações, como sejam a destruição de passeios em nome de maior eficácia e a sistemática substituição sem critérios de harmonia de pedra pelo cimento.

Acho que o respeito que os nossos antepassados nos merecem, obriga a manter uma vigilância activa para evitar a delapidação do património que herdamos.

4 de dezembro de 2005

Açores (mais) activos



Fazendo uma pesquisa no site http://www.cdc.gov, que aproveito para recomendar, conclui-se que as crianças e os jovens devem fazer exercício físico durante pelo menos 60 minutos diários, enquanto os adultos devem fazê-lo durante 30 minutos diários. O exercício, como também é conhecido, ajuda a controlar o peso e a pressão arterial, reduz o risco da diabetes tipo 2, de ataques cardíacos, de cancro do cólon, de sintomas de depressão e ansiedade, reduz também as dores provocadas pela artrite e previne a osteoporose.

Em 2003, uma equipa de investigadores japoneses concluiu que um cidadão daquele país que pratique até 30 minutos de actividade física custa ao sistema de saúde 161 euros, se a prática aumentar para valores entre os 30 e os 60 minutos custa 156 euros, mas se praticar mais de 60 minutos o valor decresce para 140 euros. Nos Estados Unidos há uma estimativa que revela que em 2000 as despesas de saúde devidas à inactividade física representaram entre 2 e 6 % do orçamento (76 biliões de dólares). Por aqui se vê a importância que está a ser dada a esta questão um pouco por todo o lado.

Assim é pacífica a ideia de que o exercício físico melhora a qualidade de vida e contribui para o decréscimo dos custos económicos e sociais. Aliás este tema tem sido tratado de uma forma apelante nos últimos tempos, até porque têm sido revelados números preocupantes em Portugal, como são os casos de só 10 % da população fazer exercício físico activo, da incidência do sedentarismo na população na ordem dos 70 %, do excesso de peso em cerca de metade da população e o aumento do tabagismo e do consumo de álcool. Nos Açores 44,2 % dos homens e 32,6 % das mulheres tem excesso de peso e 16,4 % dos homens e 18,8 % das mulheres são obesos. Dá que pensar…

Apesar da “concorrência” das novas tecnologias e do grande aumento do conforto verificado nos últimos anos, os jovens tem ao seu dispor uma série de opções para a prática desportiva e isso tem-se visto reflectido nos dados estatísticos, onde é visível um aumento do número de praticantes.

Para aqueles jovens adultos, adultos e idosos, afastados dos hábitos de prática desportiva e da actividade física, que se sentem pouco motivados para iniciar uma prática, com pequenas alterações no seu quotidiano podem encontrar forma de fazer um pouco de exercício. Por exemplo, podem ir para o emprego a pé ou de bicicleta, podem estacionar a viatura afastada do emprego ou de casa, para fazer uma pequena caminhada, no intervalo laboral, que é de cerca de 10 minutos em cada período, podem dar uma volta a pé pelo quarteirão, podem fazer exercício enquanto vêem o telejornal ou a novela preferida (uma bicicleta estática é uma boa solução), dançar enquanto ouvem as suas músicas preferidas e podem criar rotinas com amigos para passeios a pé ou de bicicleta ou então para uma simples corrida. Esta última tem sido a minha opção e os amigos lembram-me constantemente que ultimamente tenho falhado muito… e esta crítica ajuda a motivar.

A Direcção Regional de Educação Física e Desporto está a lançar o projecto “Açores Activos” que pretende ir de encontro não só àqueles que se revêem na prática desportiva colectiva estruturada, mas também aos que pretendem apenas fazer exercício físico nas suas formas mais simplificadas.

Este projecto tem três grandes objectivos: promover a prática regular de actividade física e desporto, contribuir para a promoção de estilos de vida activa e promover a saúde e a qualidade de vida. Os destinatários são os jovens adultos (dos 18 aos 35 anos), os adultos (dos 35 aos 65 anos) e os idosos (mais de 65 anos). “Mexe-te… pela tua saúde” é o lema escolhido e parece-me que encerra todo o significado e importância do projecto.

A contribuição do poder local neste trabalho é considerada muito importante, não só na sua divulgação, mas sobretudo na sua implementação e desenvolvimento, com a organização de eventos, tais como passeios pedestres e caminhadas, animação desportiva das zonas balneares, etc..

Ficam assim criadas as condições para que o desporto chegue mesmo a todos.

Nota: foram retirados dados de documentos da DREFD.