28 de julho de 2011

Grande capitão

No desporto o capitão de equipa assume um papel fundamental. É ele que transmite a toda a equipa a serenidade e a confiança que ajuda o grupo de trabalho a atingir os objectivos a que se propôs. É ele que em campo dá alento aos companheiros nas horas mais difíceis e ajuda a dirimir desaguisados próprios de grupos de jovens com sangue na guelra. 

No tempo em que pratiquei futebol federado tive a felicidade de conviver com aquele que se revelaria um grande capitão: o Gasparinho. Era um grande amigo dos colegas, ajudava aqueles que dele precisavam, transmitia calma e geria muito bem os conflitos. Além disso era um defesa central exímio, com uma maneira muita fina de jogar e de interpretar o jogo, razão pela qual era tão respeitado pelos companheiros como pelos adversários.

Na hora de se afastar dos campos de futebol recebi dele a braçadeira e os ensinamentos de um verdadeiro capitão de equipa. Tentei seguir o seu exemplo, mas, por incapacidade minha, não lhe terei chegado aos calcanhares.

Amava o seu clube, o Graciosa Futebol Clube, e com ele rejubilava nas horas boas e entristecia nas desventuras.

Serviu empenhadamente este que foi o seu clube de sempre, como atleta ou na qualidade de dirigente, tendo sido Presidente da Direcção até há bem pouco tempo e onde se mostrou intransigente na defesa dos escalões de formação.

Durante anos e anos emprestou a sua magnífica voz, a arte de dedilhar a guitarra e os sons do seu trompete ao conjunto Ritmo 2000, grupo musical daquela casa que animava as noites de festa.

Na passada segunda-feira o Gasparinho partiu inesperadamente do nosso convívio, mas permanecerá eternamente nos nossos corações. Fica-nos a saudade e o seu exemplo. Até sempre!

21 de julho de 2011

Os números que não enganam


Muita gente fala na desertificação humana que se verifica nas ilhas mais pequenas, nomeadamente na Graciosa, sobretudo quando quer atacar o actual Governo. São os fazedores de opinião (?) que atiram chavões maldizentes para os pasquins que os suportam, sem nunca se preocuparem com verdade. São vários os exemplos dos que espraiam olhares a coberto de redacções que se dizem plurais, que, impedindo o contraditório, deixam passar inverdades e imprecisões de vária ordem. 

Apesar de também qualificarmos este como um dos maiores desafios que teremos pela frente nos próximos tempos, é preciso ver os números com a seriedade que o assunto nos merece.

É claro que não estamos satisfeitos com os números preliminares dos censos 2011, pois atestam que perdemos 387 habitantes, o que corresponde a uma redução de 8,1 %. Mas vendo estes números de uma maneira mais pormenorizada verifica-se que, nos últimos 10 anos registamos 357 nascimentos e 655 óbitos, o que se traduz num saldo natural negativo de 298 indivíduos. Ora retirando dos 387 habitantes que perdemos na última década os 298 de saldo negativo, verifica-se que, em grosso modo, apenas terão saído desta ilha 89 pessoas.

O que terá acontecido em 1981, e é preciso relembrar os mais incautos e aqueles que imprudentemente não querem saber da verdade, foi bem diferente. Perdemos 1.803 habitantes, que representavam nem mais nem menos do que 25,1 % da população. Foi a maior quebra de população desde 1900. Seguindo a mesma lógica, registaram-se, nesses 10 anos, a que se referem estes censos, 850 nascimentos e 851 óbitos, o que quer dizer que da Graciosa partiram, nessa década, 1.802 graciosenses à procura de um melhor futuro noutras paragens.

Bem diferentes, estas leituras.

Assim, cai por terra a teoria dos que tentam, a todo o custo, transmitir a ideia de uma triste sina sem volta a dar ou associar este problema ao actual Governo.

Fica também demonstrado que os números indicam a existência de um problema essencialmente ligado à baixa da natalidade, comum a muitas outras ilhas, ao país e à Europa, e que certamente terá repercussões negativas futuras, mas muito diferente da situação que existia nos anos 80, quando a questão económica e a falta de oportunidades terão ditado uma sangria da população.

Afinal a desertificação não é um problema novo, como alguns tentam fazer passar.

14 de julho de 2011

Quando falta a razão


No plenário de Julho da Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores discutiu-se a visita estatutária do Governo Regional à Ilha Graciosa.

Nesta ocasião, que é sempre muito especial para as ilhas mais pequenas, é normal os partidos participantes na discussão divergirem sobre as decisões, ou a falta delas, e a oportunidade de cada uma das deliberações que são assumidas no Conselho do Governo realizado na ilha visitada.

O que já não é muito normal é o “bota abaixo” inusitado, destilando sarcasmo, misturado com inverdades que só servem para confundir, perpetrado pelo PSD.

O PSD afirmou que a desertificação humana é um grave problema, mas quando foi instigado, por várias vezes, a apresentar soluções, nunca foi capaz de o fazer.

Nós concordamos, definitivamente, que este é um dos principais problemas que teremos de enfrentar nos próximos tempos. É por essa razão que o Governo encomendou o Plano Estratégico para a Coesão dos Açores, que, inclusivamente, já foi formalmente aprovado em Conselho de Governo e que será colocado à discussão pública dentro de pouco tempo.

Mas quem transmite a ideia de que nada se faz para inverter esta tendência, não está a ser justo nem coerente.

O PSD afirmou que as políticas aplicadas na Graciosa foram erradas e não resultaram. Esta crítica apanha por tabela – involuntariamente, com toda a certeza - os 30 anos de governação autárquica da responsabilidade daquele partido.

Como podemos combater este flagelo que atinge várias ilhas? Com investimento reprodutivo e estruturante.

E não é isso que o Governo está a fazer? Com certeza que sim. Quem afirma o contrário está a faltar à verdade ou é maldoso.

O investimento verificado, nos últimos 15 anos, nas pescas, na agricultura, na saúde, no ambiente, na cultura e no turismo, com a construção de novas infra-estruturas e requalificação de outras, na construção de unidades de produção, dotação de quadros técnicos, aposta na qualificação dos produtores, apoios à modernização, apoios à exportação dos produtos locais e a remoção do passivo ambiental com décadas, constitui uma das vertentes mais importantes no combate à desertificação humana.

É devido a este compromisso que o Partido Socialista tem para com as ilhas mais frágeis, que conseguimos ser uma das melhores na agricultura e na produção de pescado. É devido a esta visão de coesão que saímos do marasmo e somos uma das ilhas que mais cresce no turismo. Foi esta estratégia que nos levou a sermos reconhecidos pela Unesco como uma das Reservas da Biosfera. É por isso que vamos ser uma das ilhas com produção de energia 100% limpa dentro dos próximos tempos. Essa é talvez a razão pela qual, na última década, se tenha fixado nesta ilha muito mais gente nova e qualificada, como nunca tinha acontecido desde 1974.

Esta política que aposta nas potencialidades endógenas e na criação de valor acrescentado para alavancar a economia, que, como se sabe, é muito frágil devido à dimensão desta ilha, tem dado os frutos e estão à vista de todos.

É por isso que abomino quando se enche constantemente a boca com apreciações negativas, sem se atender ao muito que já está feito em favor das populações.

Estas visões pintalgadas de pessimismo e de desânimo, valem o que valem e só acredita nelas quem quer. Eu não vou nisso.  

7 de julho de 2011

A marcha com exemplo

É do conhecimento geral que criar ou construir algo de útil dá muito trabalho e exige por parte dos promotores alguns sacrifícios pessoais, isto para além de ficarem mais expostos a invejas incompreensíveis por parte, a maioria das vezes, dos que nunca conseguiram dar nada à sociedade onde se inserem.

É frequente ver-se sonhadores que, incapacitados perante os “fantasmas” das dificuldades, não conseguem por em prática os seus sonhos. Vemos também nas nossas sociedades aqueles que, acomodados que estão, nem ousam sonhar. Por último há os que sonham e põem em marcha os seus sonhos, executando os projectos, lutando por eles, enfrentando as adversidades sem medo do fracasso.

Na nossa ilha vários são os exemplos da obra criada por voluntários que, sacrificando os seus tempos livres, executam os seus sonhos e conseguem criar dinâmicas interessantes. Os exemplos são variadíssimos, desde a música, passando pelo desporto e a promoção turística, até aos movimentos corporativos.

A marcha “Graciosa cheia de graça” é um exemplo disso. Um punhado de gente teve a ideia e pôs mãos à obra, enfrentando os problemas que iam surgindo e conseguiu apresentar uma marcha nas Sanjoaninas, de tal modo que encheu de orgulho todos os Graciosenses, os que assistiram ao vivo e os outros, como eu, que visionaram através dos meios audiovisuais.

Não se pense que tenha sido fácil. Aliás, hoje em dia não há sucesso sem grande empenho e dedicação.

Fica aqui a prova que podemos estar entre os melhores. Podemos ser dos melhores na agricultura, nas pescas, no desporto, na música, nas marchas, etc.. Basta querer, acreditar e trabalhar. 

5 de julho de 2011

Voto de Congratulação apresentado hoje na ALRAA

Fundado em 24 de Fevereiro de 1957 por gente ligada ao mar, o Sport Clube Marítimo desde cedo desenvolveu actividades desportivas, numa ilha em que embora faltasse quase tudo, restava tempo, daí a importância que se revestiam as instituições desportivas, recreativas e culturais que, nessa altura, proliferavam um pouco por todas as freguesias. 
A 26 de Abril de 1978 filiou-se na Associação de Futebol de Angra do Heroísmo e a partir daí participou nas provas locais tendo vencido a Taça Ilha Graciosa em 1986/1987, o Torneio de Preparação na época 1987/1988 a Taça de Honra em 1999/2000 e os Campeonatos da Ilha Graciosa nas épocas desportivas 1987/1988, 1990/1991, 1998/1999 e 2004/2005. Nesta última época alcança também o título de campeão da Associação de Futebol de Angra do Heroísmo, feito inédito nesta ilha e que lhe conferiu o direito de participar na III Divisão Nacional – Série Açores, onde se manteve ao longo de três épocas: 2005/2006, 2006/2007 e 2007/2008.
Depois de passar por uma crise que obrigou ao encerramento da secção de futebol por duas épocas, o clube reiniciou a sua actividade desportiva nesta época e logo da melhor maneira. Depois de vencer a Taça da ilha, apurou-se para a Taça Região Autónoma dos Açores, prova que acabou por vencer, ao eliminar os representantes da Terceira e de S. Miguel. Esta também foi a primeira vez que uma equipa Graciosense venceu este título. 
Assim, nos termos regimentais aplicáveis, o Grupo Parlamentar do Partido Socialista propõe que a Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores, reunida em Plenário no dia 5 de Julho de 2011, emita o seguinte Voto de Congratulação:
“A Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores congratula-se pelo facto da equipa de futebol sénior do Sport Clube Marítimo ter conquistado a Taça Região Autónoma dos Açores na época 2010/2011.
Esta congratulação é extensiva a todos os atletas, técnicos, dirigentes, sócios e simpatizantes, que, apesar das adversidades, sempre acreditaram no seu real valor.”
Do presente voto será dado conhecimento, além do referido clube, à Associação de Futebol de Angra do Heroísmo e à Federação Portuguesa de Futebol.

Horta, 5 de Julho de 2011.