11 de dezembro de 2015

O voo SP530

Faz hoje 16 anos que o voo da SP 530 saiu de Ponta Delgada com destino às Flores e uma primeira escala prevista na Horta, onde nunca haveria de chegar. A viagem do ATP “Graciosa” ocorreu numa manhã com condições meteorológicas adversas. O céu estava muito nublado. O vento era de moderado a forte que causava muita turbulência, nada que os pilotos não estivessem habituados.

Ao viajar por essas ilhas dos Açores todos nós aprendemos a admirar e a respeitar os pilotos da Sata. A Associação Portuguesa de Pilotos de Linha Aérea também os reconhece como profissionais “de primeira linha, já que trabalham em condições adversas”. 

Independentemente das causas que a investigação apurou, o que se sabe é que esta viagem, que devia ter sido como muitas outras, foi interrompida de forma abrupta na ilha de S. Jorge, quando eram 10 horas e 18 minutos do dia 11 de dezembro de 1999, vitimando todos os passageiros e tripulantes, num total de 35 pessoas. 

Naquele dia recebi a notícia através da televisão e, tal como muitos Açorianos, fiquei estupefacto perante a possibilidade, nessa altura era só isso, de ter havido um desastre. Depois veio a confirmação. O voo SP 530 tinha colidido com o Pico da Esperança e não havia sobreviventes. 

Depois do choque inicial, vieram-me à cabeça, como deve ter acontecido com muitas pessoas, imensas dúvidas. Se tinha familiares, amigos ou conhecidos no fatídico voo, era a incerteza que mais me atormentava no momento. 

A seguir veio a confirmação. O Mário estava a bordo naquele dia. O Mário era um Graciosense que escolheu o Faial para viver e constituir família. E era também meu primo. Um bom primo e um grande amigo que partiu prematuramente, por estar à hora errada no local errado. 

Nos terramotos, nos temporais, nos desastres, quando ocorrem perdas de vidas humanas, parece que perdemos uma parte de nós, mas os Açorianos, moldados pela vida incerta nestes torrões espalhados pelo mar, sempre souberam dividir a alegria e partilhar a felicidade nos momentos em que a vida lhes sorri, mas quando acontece uma desgraça comungam também o sofrimento, como se fosse um contributo para remover a dor aos mais afetados. 

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