14 de maio de 2015

Uma questão ideológica

Com o aproximar das eleições legislativas nacionais, que acontecerão lá para final do verão, era expetável que os partidos que sustentam o governo tentassem inverter a sua imagem que, no fundo, não lhes é favorável.

Um alto dirigente do PSD dizia, num dos diversos programas televisivos dedicados à política, que a austeridade que quase soçobrou Portugal não era uma questão ideológica inerente àquele partido, mas outra coisa qualquer que teve origem no Governo que o antecedeu no poder.

Dito assim, o atual governo de Passos Coelho pretende, como facilmente se percebe, passar a responsabilidade para outros do que se passou nestes últimos quatros anos em Portugal. Assim mesmo, como quem não quer a coisa. Em 2011 o Governo da responsabilidade do Partido Socialista foi julgado nas urnas. Em 2015 é a vez do Governo do PSD ser responsabilizado pelo que fez no seu mandato. As coisas são mesmo assim e o Primeiro-Ministro tem de ter a coragem de o assumir.

Os Portugueses sabem claramente o que aconteceu em 2008 e nos anos que se seguiram. Instalou-se por todo o lado uma crise financeira sem precedentes que custou muitos recursos para retardar os seus efeitos. Não foi só em Portugal, foi por toda a Europa. Esse combate implicou o aumento da dívida e do défice das contas públicas.

Quando o Governo da República apresentou o PEC 4 logo surgiu um PSD, ávido de poder, a rejeitar as medidas que nele constavam por serem gravosas para os Portugueses, segundo a sua visão. Essa rejeição implicou uma enorme crise no financiamento do país que levou à intervenção externa e a eleições antecipadas.

Ganhas as eleições, Passos Coelho tratou de pôr em marcha o seu plano para o país. Primeiro achou que o seu programa era o programa da troika. Mais tarde, não satisfeito, assume que é sua intenção ir ainda mais além do exigido pela troika. E foi mesmo… O Governo do PSD (e do CDS-PP) vangloriou-se, em vários momentos, de que o caminho indicado pela troika (e pela Alemanha), além de ser o único possível, levava-nos diretamente ao paraíso.

Se isto não é uma questão ideológica, não sei o que será…

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