16 de outubro de 2015

Os dias depois

 A aliança Portugal à Frente festejou efusivamente a vitória na noite eleitoral do passado dia 4, com toda a legitimidade democrática, mas sem sequer se aperceber do que poderia vir a seguir, talvez embalada pelo pensamento de que estas eleições estavam para ser favas contadas.

Sem conseguir a ambicionada maioria absoluta para formar um governo estável, como pretende e exige o Presidente da República, a coligação não procurou, ou não quis procurar, qualquer solução no dia a seguir às eleições, pensando, talvez, que seria desnecessário.

Nessa fase não se viu qualquer esforço por parte da coligação, que assistiu paralisada e incrédula às movimentações de todos os partidos à sua esquerda que, numa primeira análise, defendiam um governo alternativo.

É evidente que o PSD, partido que, como se sabe, é o maioritário na coligação, lançou mão de tudo para desvalorizar aquelas movimentações, nomeadamente utilizando os “seus” comentadores políticos que pululam nas redações de televisões, rádios e jornais, aí sim, numa clara e inequívoca superioridade, apelando ao cumprimento dos preceitos da Constituição Portuguesa, esquecendo-se que foram estes dois partidos que, nestes últimos quatro anos, mais atropelos cometeram à lei fundamental do Estado desde a revolução de Abril.

No meu modesto entendimento, a aliança do PSD/CDS-PP, no caso de não haver outro tipo de solução, deve e vai ser chamada a formar governo e depois se verá o que vem a seguir, nomeadamente se haverá capacidade e habilidade para estabelecer pontes com os outros partidos para viabilizar a sua ação governativa.

Se não resultar sabe-se que pode haver um entendimento à esquerda e essa solução será, também ela, legítima, havendo, inclusivamente, casos idênticos em vários países da Europa.

Uma coisa podemos ter a certeza: a dupla Passos Coelho e Paulo Portas, durante os próximos tempos, não governará com a mesma arrogância com que o fez nos últimos quatro anos.

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