1 de maio de 2006

Educação - aposta a ganhar

A educação tem merecido sempre uma atenção especial do poder político instituído após a conquista da liberdade em 1974. Até aí o acesso ao ensino estava reservado apenas a uns poucos, por isso também os espaços escolares eram escassos e sem qualidade.

Com a revolução de Abril assistiu-se à democratização do acesso ao ensino e, por conseguinte, à crescente necessidade de aumentar o parque escolar.

Nos Açores esse percurso também foi feito e neste momento a região tem, sem dúvida, um sistema educativo exemplar, considerado mesmo pioneiro a nível nacional.

Nos últimos anos foi feito um esforço sem precedentes nas infra-estruturas escolares e desportivas, na informatização, no acesso ao conhecimento e, sobretudo, na reforma profunda dos modelos de organização e de gestão das nossas escolas, responsabilizando cada vez mais todos os intervenientes, incluído os pais que, apesar das recentes alterações legislativas lhes dar poder, ainda participam muito pouco no processo educativo dos filhos.

Neste momento está em curso a discussão de uma proposta de decreto legislativo que irá substituir vinte e um diplomas dispersos. É um passo importante de encontro à clarificação e simplificação.

Recentemente foram instalados mil computadores nas escolas e até ao fim do ano serão instalados mais mil e quinhentos. O objectivo é ter instalado um computador por cada dez alunos, que representa um rácio superior à média europeia.

Os resultados destas apostas não são imediatos, terão antes impacto nas gerações seguintes, daí o cuidado que deverá ter-se nas suas interpretações.

No entanto são já visíveis melhorias significativas nos indicadores. Neste momento a taxa de abandono escolar na nossa região é de 1,7 %, enquanto em 1996 era de cerca de 10 %.

Um exemplo que demonstra bem da importância que a educação tem na vida prática dos cidadãos é o da situação dos presos da cadeia de Angra do Heroísmo. Vinte e seis do total de oitenta presos estão detidos por não terem a escolaridade obrigatória. Foram reincidentes no crime de condução sem carta, precisamente por não terem a escolaridade mínima obrigatória para poderem habilitar-se à obtenção desse documento, que não seria mais do que um instrumento de trabalho que tanto necessitam.

É fácil também verificar-se que grandes somas tem sido investidas nesta área, não só pelas importantes obras em escolas degradadas, como é o caso da nossa, e na construção de novas instalações, mas também em recursos humanos. Na região temos um professor para cada sete alunos, enquanto o custo de uma hora / professor situa-se entre os 53,5 euros e os 187,92 euros.

Estando assim criadas todas as condições, porque será que todos os anos ficam cerca de 30 % de aulas por dar?

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