20 de junho de 2013

Frei Tomás não faria melhor


Nos últimos tempos, o Presidente da República no âmbito dos périplos que realiza pelo país, declarou que os portugueses deveriam voltar-se para a agricultura. A bondade deste conselho é evidente e merece a melhor atenção de todos nós pela importância que esta pretensão encerra, mas em nome da coerência é preciso ver esta questão com outros olhos, porque o tempo não apaga tudo, mesmo que isso desse imenso jeito.  

As reações às palavras do Presidente da República não se fizeram esperar e logo vieram a público sinais de estupefação dos produtores agrícolas deste país pela ligeireza que demonstrou em abordar a agricultura, precisamente o setor que quase sucumbiu quando o atual mais alto dignatário deste país era primeiro-ministro. Se falasse em pescas o seu problema seria muito semelhante pois foi nos dez anos que esteve no poder que a nossa frota foi praticamente desfeita.

Entre 1986 e 1995, altura em que o primeiro-ministro era o atual Presidente da República (1985-1995), o peso no PIB da agricultura e das pescas baixou de 9,9% para 6,5%, enquanto o peso no PIB da indústria, eletricidade e águas baixou, no mesmo período, de 32,2% para 26,4%.

Com o evidente declínio destas atividades, cresceu a dependência do exterior, com os malefícios que lhe estão inerentes.

Já se sabe que o povo, ao vislumbrar estas diferenças entre a teoria e a prática, tem por hábito citar um ditado bem a propósito: “Que bem prega Frei Tomás, façam o que ele diz e não olhem ao que ele faz”.

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